Turbulência

A turbulência é definida como um movimento ou distúrbio atmosférico que se caracteriza pela mudança da direção e da velocidade do vento, resultante das variações de pressão, temperatura ou deslocamentos que ocorrem em uma massa de ar. O vídeo da NASA a seguir mostra a esteira de turbulência formada no ar ao passar uma aeronave:

A parte do avião que mais se move durante a turbulência é a retaguarda. Além dos movimentos causados pelo ar turbulento, a cauda do avião é movida para cima e para baixo para ajustar a altitude do avião. Pensando o avião como uma alavanca, a asa é o ponto de apoio para os ajustes feitos pela cauda. Em teoria, a asa deve ser o lugar mais suave para voar, mas um pouco mais para a frente da asa é tão suave quanto – aí está uma razão primeira classe está na frente.

As estimativas numéricas de turbulência são medidas em:

  • flutuações de velocidade – máxima variação de velocidade a partir da velocidade indicada de voo em condições de turbulência
  • aceleração vertical – pico de desvio da aceleração normal da gravidade de 1.0g medida no centro de gravidade da aeronave
  • rajadas derivadas – estimativa da velocidade de determinada rajada vertical de vento que impacta determinada aeronave, ou seja, a variação de altitude a partir da altitude padrão de voo decorrente do impacto de determinada rajada de vento vertical na aeronave

Fonte: ANAC – Guia para Pilotos: Turbulência

IntensidadeFlutuações de velocidade (kt)Aceleração vertical (g)Rajadas derivadas (fpm)
Leve5-14,90,20-0,49300-1199
Moderada15-24,90,50-0,991200-2099
Severa≥251,0-1,992100-2999
Extrema—-≥2.00≥3000

O chacoalhar de um avião durante a turbulência é uma das maiores causas de medo de voar. Veja aqui um texto da psicóloga Maria Auxiliadora Roggério sobre o medo de viajar de avião.

Turbulência: Área de instabilidade não derruba aeronaves e pode ser evitada

Suzamara Bastos

Revista Avião Revue, n° 159 | Dez 2012, p. 80

Quando um avião entra numa área de turbulência, a viagem fica menos confortável. Os passageiros sentem um desconforto, uma sensação desagradável e, às vezes, até mesmo enjoo. Tudo isso porque o avião balança para cima e para baixo, a mesma situação quando estamos numa estrada cheia de buracos. Turbulência é o nome dado à movimentação do ar em grandes altitudes e que faz com que o avião balance. “A turbulência é causada por movimentações aleatórias no fluxo de ventos, de maneira caótica e com formação de redemoinhos. A sustentação da aeronave em voo ocorre devido à passagem do ar pela asa, de modo que, quando acontece uma mudança na velocidade do vento, a sustentação também varia, o que pode fazer o avião balançar”, explica Vinicius Roggério da Rocha, professor de Meteorologia do CEAB Brasil e pesquisador no IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo) na área de descargas atmosféricas.

Ou seja: acontece quando existe uma mudança brusca na temperatura, na velocidade ou na pressão do ar. Além disso, por diferenças no relevo e obstáculos ao fluxo de vento em superfície em torres e prédios. Também ocorre após a passagem de grandes aviões, formando atrás de si a esteira de turbulência, que afeta aeronaves que passem nesse espaço. No entanto, também podem acontecer em áreas de céu limpo, quando acontecem as chamadas tesouras de ventos. “Nesse caso, pode ter massas de ar que sobem por conta de mudanças de temperatura ou pressão. Essas massas podem atingir o avião, mudando sua sustentação”, diz Felipe do Souto de Sá Gille, diretor da Escola Internacional de Aviação Civil e instrutor do Instituto de Controle do Espaço Aéreo e do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica.

Influência

Atualmente, o aquecimento global está modificando também a temperatura. Muito tem se falado sobre o aumento de turbulências, mas não existem estatísticas que comprovem essa afirmação. Houve um incremento no número de voos (de 16 para 22,2 milhões de pousos e decolagens entre 1996 e 2005), o que deve ser considerado ao analisar um possível crescimento no número de turbulências. Um trabalho publicado sobre a climatologia com quase 12 anos de dados de turbulência em altos níveis nos Estados Unidos, não mostra uma tendência de crescimento ao longo do período estudado. Outro trabalho utilizou uma série de seis anos de dados sobre o leste asiático e também não foi possível observar nenhuma tendência.

Em geral, as turbulências são previstas pelos radares meteorológicos, que ficam a bordo dos aviões. Geralmente, aquela que ocorre durante os voos varia de intensidade leve a moderada, o que pode causar algum incômodo, mas não traz perigo. “Os pilotos podem desviar de áreas onde é provável ocorrer turbulência como, por exemplo, mudar o nível de voo ou revisar a rota. Quando a turbulência ocorre de maneira abrupta, não dá tempo da aeronave se adaptar e pode balançar um pouco”, alerta Vinícius Roggério.

Para Gille, o piloto deve estar preparado para atuar em condições de tempo adversas e, além disso, conhecer o equipamento operado. De qualquer forma, uma turbulência não derruba avião; além de ela precisar ser extremamente forte para que o acidente aconteça, é preciso ter outros fatores envolvidos. “Os aviões são planejados e fabricados para resistirem a um número maior de intempéries do que estatisticamente ocorrem, com estruturas flexíveis o suficiente para absorverem o impacto gerado pelas mudanças repentinas na sustentação da aeronave. Caso a turbulência seja muito forte, a aeronave pode perder altitude muito rápido, assim como sofrer danos estruturais, o que levaria à queda do avião”, explica o pesquisador da USP. De acordo com os especialistas, o local mais suave para voar é normalmente perto ou sobre a asa. Já o mais turbulento é a cauda. “Um avião é como uma balança: se estiver no meio, mexe-se menos”, finaliza.

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