A crescente imprevisibilidade do clima, agravada pelas mudanças climáticas, tem levado companhias aéreas brasileiras a adotarem medidas inéditas para garantir a segurança e a eficiência de suas operações. Conforme noticiado pela Folha de S. Paulo em 3 de junho de 2025, empresas do setor vêm investindo em estruturas próprias de meteorologia, contratando profissionais especializados para refinar as previsões fornecidas por órgãos oficiais.

O movimento ganhou força após episódios em que tempestades chegaram mais cedo do que o previsto, como ocorreu neste verão na região metropolitana de São Paulo. Na ocasião, a antecipação da chuva forçou a mudança de rota de diversos voos, gerando atrasos e impactos operacionais em cadeia. Apenas uma companhia teve 16 voos desviados, sem poder pousar em Congonhas ou Guarulhos.
Atualmente, a previsão do tempo usada pela aviação civil no Brasil é fornecida pelo Cimaer (Centro Integrado de Meteorologia Aeronáutica), ligado ao Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), da Força Aérea Brasileira. A base dessas informações é a Redemet, que integra dados de instituições como o Inpe e o Cemaden. No entanto, as companhias consideram esse suporte insuficiente frente à nova realidade climática.
Para reduzir riscos, empresas como Azul, Latam e Gol têm criado equipes internas de meteorologia:
- Azul mantém uma equipe 24 horas desde 2020 em seu centro de operações em Barueri (SP).
- Latam possui um meteorologista em Santiago (Chile) desde 2021.
- Gol contratou uma especialista em fevereiro de 2025, após mudar seu centro de controle para a Granja Julieta (SP).
A atuação desses profissionais vai além de prever se vai chover ou não. Eles auxiliam, por exemplo, na decisão de abastecer aeronaves com combustível extra para aguardar no ar em caso de tempestade, evitando desvios e os transtornos que esses ajustes causam em toda a malha aérea.
Segundo a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), os efeitos das mudanças climáticas vão além de atrasos:
- Temperaturas extremas danificam pistas e aumentam turbulências.
- Tempestades intensas elevam custos com combustível e logística.
- Eventos climáticos em cascata podem paralisar aeroportos e frota.
Outras Influências da Meteorologia na Aviação podem ser vistas no post do link.
Além do reforço interno, as companhias defendem investimentos contínuos em monitoramento meteorológico, softwares de previsão e capacitação das equipes. Do lado governamental, a Aeronáutica afirma estar expandindo a rede de sensores e adaptando práticas internacionais à realidade brasileira, inclusive com foco em sustentabilidade: otimização de rotas, redução de tempo de voo e economia de combustível. Com isso, a previsão do tempo deixa de ser apenas um suporte externo e passa a integrar a inteligência operacional estratégica das companhias, transformando-se em peça-chave para enfrentar os desafios de um clima cada vez mais instável.