Nuvens

Sabia que as nuvens podem ser classificadas conforme seu formato? Já andou em uma nuvem? Veja mais sobre a formação de nuvens, seus tipos e formatos curiosos, assim como algumas expressões artísticas envolvendo as nuvens.

Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo, na Bolívia, a 3 mil metros de altitude. Quando chove, acumula-se uma camada de água sobre o sal que relfete o céu. Fonte: WDI (curiosidade: tem um hotel todo feito de sal, veja o site)
Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo, na Bolívia, a 3 mil metros de altitude. Quando chove, acumula-se uma camada de água sobre o sal que reflete o céu. Fonte: WDI (curiosidade: tem um hotel todo feito de sal, veja o site)

Formação

Segundo a definição oficial, é um conjunto visível de gotículas de água, ou gelo, em suspensão na atmosfera. Assim, e também conforme comentado no artigo sobre água na atmosfera, a nuvem não está no estado gasoso ou de vapor. Essas gotículas são formadas pelo acúmulo de água ao redor de partículas sólidas suspensas na atmosfera, conhecidas como núcleos de condensação. Sabe quando varre a casa e ficam umas “poeirinhas” flutuando no raio de luz que entra pela janela, mas fora dele você não enxerga? São partículas menores ainda. Para saturar (ou seja, encher), o ar com vapor d’água em sua máxima capacidade e formar essas gotículas, o ar deve receber mais vapor d’água e/ou esfriar. Veja esse vídeo de como fazer uma nuvem na garrafa:

Assim, como as nuvens são formadas de gotículas, não é possível andar sobre elas ou construir casas como os ursinhos carinhosos, assim como o trovão não é o resultado da colisão de nuvens (veja mais sobre trovão na matéria sobre raios). Pelo vídeo acima, quem achou que ia sair uma “fumaceira enorme estilo ‘Jeannie é um Gênio'” talvez tenha se decepcionado. Ela não fica com essa densidade tão grande justamente porque é vista de perto. Porém, é muito provável que você já tenha entrado em uma nuvem, e não apenas por estar voando em um avião. A neblina (ou nevoeiro) é uma nuvem, só que formada junto da superfície. Conforme a densidade de gotículas, tamanho e altura, a visibilidade horizontal poderá ficar extremamente restrita e nunca passará de 1 km. Caso a visibilidade ainda esteja restrita, mas for maior do que 1 km, o fenômeno será uma névoa úmida (umidade maior que 80%) ou névoa seca (umidade menor que 80%).

Em condições de restrição à visibilidade, existe um procedimento de pouso chamado Instrument Landing System (ILS). Conforme as instalações em terra, equipamento a bordo da aeronave e treinamento dos pilotos, o ILS pode ser enquadrado em três categorias conforme a distância da base do nevoeiro com relação ao solo (teto) e visibilidade horizontal). Veja mais sobre visibilidade horizontal em aviação clicando no link.

Existem maneiras que a natureza encontra de formar uma nuvem (veja mais a partir do slide 32 da aula de Meteorologia para comissários), porém o ser humano pode fabricar suas próprias nuvens de várias maneiras. Um exemplo clássico é aquela “fumacinha” que sai da boca quando soltamos ar úmido ao respirar em um dia frio. Outro exemplo é a trilha de condensação (ou contrail). Gases quentes que saem das turbinas encontram ar mais frio ao redor e o vapor d’água, resultado da queima do combustível, condensa ou sublima. Também pode se formar devido à queda de pressão e temperatura nos centros de vórtices que partem das pontas das asas, ou condensação por pressão do arrasto, mais comum em velocidades supersônicas (quando forma o Cone de Mach). Isso é bem diferente do que a Esquadrilha da Fumaça faz, cuja fumaça nada mais é do que óleo queimado.

Uma tentativa de alterar a quantidade ou tipo de precipitação de uma nuvem é através da semeadura de nuvens (geralmente suprimir a formação de granizo ou favorecer a chuva). Esse processo se dá pela dispersão de substâncias que servem como núcleo de condensação ou de gelo, como o iodeto de prata e o gelo seco.

Tipos

Muitas vezes as pessoas tendem a encontrar padrões nas coisas, inclusive vendo formas de objeto e seres já conhecidos em nuvens, fato esse conhecido como pareidolia. Porém esse não é o critério utilizado, nem mesmo a cor, que depende da iluminação: muitas vezes uma mesma nuvem vista de diferentes pontos pode parecer preta ou branca, então não é um critério completamente confiável para indicar a possibilidade de chuva ou não.

Nefoscópio: equipamento para acompanhar visualmente uma nuvem a fim de fazer medidas de direção e velocidade de propagação dela (acervo do Museu de Meteorologia – USP). Foto: ViniRoger

Em 1803, o inglês Luke Howard apresentou um novo sistema de classificação de nuvens à comunidade científica. Assim como as espécies biológicas, as nuvens receberam nomes em latim para identificar os gêneros e suas espécies, variedades e particularidades.

Esse sistema foi recebendo atualizações da comunidade científica ao longo dos anos e foi sistematizado através do Atlas Internacional de Nuvens. Ele é uma publicação da Organização Meteorológica Mundial (OMM ou WMO, em inglês) e possui centenas de imagens de nuvens, além de outros fenômenos meteorológicos (como arco-íris, halos, redemoinhos e granizo).

Veja mais sobre os tipos de nuvens e como identificá-las na página Atlas de Nuvens.

História da nuvem em quadrinhos: surge como Cumulus humilis, cresce virando uma Cumulus mediocris e ganha uma companheira; em seguida, vira uma Cumulus congestus e finalmente uma Cumulonimbus. Ilustração: ViniRoger

Conforme certos tipos de nuvem agregam mais água, as gotículas ficam pesadas e podem precipitar na forma de chuva, neve ou granizo. Veja mais sobre Chuva no post Chuva e petricor.

Arte

Encontrei algumas construções artísticas envolvendo nuvens e achei bem interessantes (algumas delas fiquei sabendo pelo site Meteorópole):

Alguns curtas de animação com Meteorologia podem ser vistos clicando no link.

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14 comments

  1. Muito bom! A construção do conhecimento é desafiador, contudo, a desconstrução de conceitos criados pelo senso comum, como o caso dos trovões, é mais desafiador ainda! Gostei muito do artigo. Obrigada.

  2. Muito bom! A construção do conhecimento é algo desafiador, contudo, a desconstrução de conceitos criados pelo senso comum, como o caso dos trovões, é algo mais desafiador ainda! Gostei muito das dicas. Valeu =D

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