Chemtrails e contrails

Quando o ar está saturado com vapor d’água e temperatura abaixo de -45°C, o que geralmente acontece é a formação de cristais de gelo. Uma coleção grande deles fica visível e é conhecida como trilha de condensação (ou contrail) ao se formar no rastro de um avião em voo. No entanto, há quem diga que estão pulverizando veneno sobre nós, criando os chamados “chemtrails”. Só que essas pessoas desconhecem o real problema dos contrails: impacto no aquecimento global e mudanças climáticas.

Avião e contrail. Foto: revedavion.com
Avião e contrail. Foto: revedavion.com

Uma teoria da conspiração é uma hipótese especulativa que sugere que há um grupo de pessoas organizados que usa de planejamento secreto e de ação deliberada com o objetivo de causar ou acobertar uma situação tipicamente considerada ilegal ou prejudicial. Dentre algumas das mais conhecidas, estão a de que o homem nunca foi para a Lua de verdade ou que Elvis não morreu.

Algumas pessoas preferem explicações sócio-políticas desse tipo para não se sentirem inseguras ao se depararem com situações aleatórias, imprevisíveis ou, de outra forma, inexplicáveis. A psicologia ainda inclui projeção, a necessidade pessoal de tentar explicar “um evento significante com uma causa significante”, transtornos de pensamento (como disposição paranoica) e até doenças mentais graves.

Os textos publicados falando sobre chemtrail afirmam que um produto químico é despejado no ar, mas os propósitos variam entre cada caso. Alguns dizem que é para exterminar parte da população ou controlar a mente das pessoas. Outros falam que é para desmatar a Amazônia (referente à 1ª foto da galeria a seguir). Veja algumas fotos que seriam “provas” só que a explicação é completamente diferente, o que inclui técnica de semeadura de nuvens:

Em outro texto, o objetivo seria de mudar o clima. A seca em São Paulo, inclusive, teria sido causada por Chemtrails – sendo que nessa latitude só se vê rastros no meio do inverno, devido ao resfriamento mais intenso da atmosfera mesmo em níveis mais baixos. A seca seria causada para vender a solução para o Governo: um tipo de antídoto para fazer chover.

Explicação

Conforme dito no post Como os aviões escrevem no céu: gases quentes que saem das turbinas encontram ar mais frio ao redor e o vapor d’água, resultado da queima do combustível, condensa ou sublima (forma partículas de gelo). É como a fumacinha que sai da boca em dias muito frios, só que no nosso caso a fumacinha evapora logo devido ao ar seco, enquanto que os contrails são formados de cristais de gelo e duram mais tempo.

Também pode se formar devido à queda de pressão e temperatura nos centros de vórtices que partem das pontas das asas. Esse efeito é conhecido como trilha de condensação ou contrail, podendo durar várias horas ou serem dissipadas rapidamente, conforme a situação dos ventos em altitude.

O real perigo dos contrails

Os boatos começaram a aparecer na metade da década de 90, quando a Força Aérea dos Estados Unidos publicou uma matéria especulando sobre como, no futuro, a manipulação do clima poderia ser utilizada como uma nova arma em combates militares. Curioso é que depois descobriu-se que os contrails também estão atuando no aquecimento global.

Atualmente, sabe-se que essas nuvens formadas pela passagem de aviões geram uma forçante radiativa sobre o balanço de energia do planeta. Radiativo aqui diz respeito à energia que vem do Sol e da que é gerada pela Terra, também conhecidas como radiação de onda curta e de onda longa, respectivamente – não tem nada a ver com radiação!

Esse impacto não tem efeito no tempo do lugar, como para promover ou evitar a formação de chuva no momento. Elas podem parecer finas no céu, mas se estendem por dezenas de quilômetros e o vento pode espalhá-las, durando horas. O efeito acumulado de décadas de formação dessas nuvens acaba contribuindo na retenção de calor emitido pela Terra e que deveria ir para o espaço, mas fica aqui aquecendo o planeta.

Estima-se que esse efeito em 2050 pode ser três vezes maior do que era em 2006, devido ao aumento do tráfego aéreo. Apenas 2,2% dos voos geram 80% do aquecimento relacionado a rastros. São principalmente voos que decolam no final da tarde e no início da noite, cujos rastros permanecem principalmente durante a noite – quando ainda retêm algum calor, mas não podem desviar a luz do sol (o que poderia equilibrar seu impacto).

Esses aviões podem evitar fazer a maioria dos rastros com pequenas mudanças de altitude. Os rastros se formam apenas quando o ar está fortemente saturado com moléculas de água que podem se ligar às partículas de fuligem do escapamento do motor e condensar, crescer em cristais de gelo e se juntar às nuvens. Frequentemente, porém, essa saturação está confinada a uma estreita faixa de altitude, e os aviões podem encontrar áreas mais secas movendo-se para cima ou para baixo.

Fontes

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