Croissant e media luna

Depois da receita do legítimo doce de leite argentino, agora mais uma iguaria típica da Argentina: a media luna. Muito comum no café da manhã, ele é basicamente um croissant: um pão de massa folhada em formato de meia-lua, feito de farinha, açúcar, sal, leite, fermento, manteiga e ovo. Além de ter menos manteiga e mais açúcar, outra diferença está em uma pincelada de calda doce em cima do pão durante seu preparo, fazendo a diferença na “crocância” e no sabor – principalmente com recheio salgado.

O “pai” do croissant é o “kipfel“: um pão assado em forma de forma lua crescente com uma generosa quantidade de manteiga ou banha e às vezes açúcar e amêndoa. Como não leva fermento, mais parece um biscoito. De acordo com a tradição popular, o kipfel se originou em 1683 como uma comestível celebração da vitória austríaca sobre os otomanos no cerco de Viena. No entanto, outras um poema menciona-o como um dos presentes de Natal que os padeiros vieneses apresentaram a Duke Leopold em 1227.

Um pouco mais de uma receita de medialunas (duas com “jamón y queso”). Foto: ViniRoger

O empresário austríaco August Zang abriu a primeira padaria vienense em Paris em 1838, localizada no número 92 da “Rue Richelieu”. Após o ano de 1850, aparecem referências da adição de fermento à receita original, tornando-o mais macio e folhado. Ele então foi rebatizado de “croissant” (pronunciado cruassã).

Croassã é o aportuguesamento de croissant, que em francês significa “crescente” – forma abreviada pela qual é chamada uma “lua crescente”. Isso porque, para os franceses, o formato dos croassãs lembra o de uma lua crescente. Aliás, não só para eles: os argentinos, por exemplo, o chamam de media luna (ou medialuna), que significa “meia-lua”.

A Argentina é famosa pela alta qualidade dos produtos derivados do leite e trigo, de onde são exportadas ao mundo todo. Além da media luna, uma receita típica argentina é o alfajor: doce composto de duas camadas de massa crocante e macia com um recheio de doce de leite e cobeto de chocolate (ou polvilhado com açúcar de confeiteiro). Costumam ser saboreados no “desayuno” (café da manhã) ou na “merienda” (lanche entre o café da manhã e o almoço ou entre o almoço e a janta) – “un café con leche y dos medias lunas”.

Para a receita, nada melhor do que consultar um canal do YouTube de uma argentina ensinando a fazer a media luna:

Receita de media luna

Ingredientes

  • 500g de farinha + 25g para o “empaste”
  • 225 ml de leite
  • 25g de fermento biológico
  • 1 ovo para massa e 1 ovo para pincelar
  • 100g de açúcar + 1 colher de sopa de água (para a calda)
  • 15g de mel (1 colher de sopa)
  • 15g de sal (1 colher de sopa)
  • 200g de manteiga (da mais gordurosa que tiver; há quem faça com banha)

Preparo

  1. Coloque o leite morno em uma tigela e dissolva o fermento com uma colher – a temperatura ajuda para que o fermento dissolva facilmente.
  2. Derrame meio quilo de farinha em uma tigela e forme uma coroa (ou seja, com um pequeno buraco no meio). Adicione o sal em torno da coroa e fora do buraco. Isso é feito porque o sal neutraliza o efeito do fermento.
  3. Adicione o açúcar, ovo e leite com fermento dissolvido na cavidade; acrescente uma colher de mel e bata com um garfo, pouco a pouco, do centro para as bordas.
  4. Termine de amassar com as mãos em uma mesa durante cerca de 5-10 minutos até a massa estar pronta, cobrindo-a com um pano, e deixe descansar por uns 20-30 min.
  5. Coloque a manteiga em uma tigela e adicione 25 gramas de farinha. Você deve misturar até ser totalmente integrado para formar o que é chamado de “empaste”.
  6. Com um rolo de massa, estique a massa até ficar fina, como se fosse uma pizza fina mas no formato retangular.
  7. Coloque a massa no balcão, polvilhe com farinha e coloque no meio da massa o enchimento (manteiga) dobrando a massa para envolvê-la completamente. Coloque esse pequeno pacote na geladeira coberto com papel filme (sem apertar) e deixe-o descansar por pelo menos 40 minutos.
  8. Traga-o novamente para o balcão e evite ao máximo polvilhar novamente, pois a massa é meio pegajosa mesmo. Dobre-o novamente e leve-o de volta para a geladeira. Aqui está o truque: você deve repetir este processo 4 vezes, então levará pelo menos umas duas horas para preparar a massa.
  9. Com a massa folhada pronta, amasse-o até ter uma espessura de aproximadamente 4-5 mm e corte em triângulos.
  10. Enrole os triângulos da massa e dobrando as extremidades para dentro. Coloque em uma assadeira previamente untada e pressione as pontas contra a assadeira ao depositá-los.
  11. Deixe-os descansar por uns 30 minutos para crescerem um poucos mais. e pinte-os com ovo (só a gema).
  12. Pré-aqueça o forno a 200º e deixe-os assando por uns 30 minutos (ou até ficarem bem dourados).
  13. Coloque duas medidas iguais de açúcar e água no fogo até que o açúcar se dissolva e deixe no fogo 3-4 minutos para formar um xarope com o qual você deve pintá-los quando estiverem prontos.

Mais informações no site Paulina Cocina (em espanhol também). Na Argentina, a farinha é classificada de 0 (com mais casca) até 0000 (mais pura), enquanto que no Brasil tem a tipo I (mais pura, usar essa), tipo II e integral. Uma discussão sobre os tipos de farinha está no fórum de pizzas.

Fontes

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