Zumbis: realidade e ficção

Durante quase 20 anos, no início do século XX, os EUA ocuparam o Haiti, gerando um contato direto dos norte-americanos com as crenças da população afro-caribenha. Dentre essas crenças, espalharam ao muno a de que os mortos podiam voltar à vida (e de um jeito nada agradável): como um morto-vivo (ou também conhecido como zumbi).

Cena do Filme "A noite dos Mortos Vivos"
Cena do Filme “A noite dos Mortos-Vivos”

Na ficção, inicialmente a causa dos males era mais mística e religiosa. O romance Eu sou a lenda (1954), de Richard Matheson (escritor de vários episódios para a série Além da Imaginação), descreve pessoas e cães infectados por um vírus que os torna muito ferozes. Após os anos 1960, o diretor George Romero realizou filmes clássicos e de baixo orçamento sobre zumbis: A noite dos mortos-vivos (1968), Despertar dos mortos-vivos (1978) e O dia dos morto (1985). Depois veio a série de filmes sobre o game Resident Evil (com o vírus modificado geneticamente pela empresa Umbrela) e a série de TV Walking Dead (cujo foco é a sobrevivência dos seres humanos em um novo mundo dominado por zumbis).

Além das poções feitas pelos feiticeiros haitianos, outro fato que remete às origens do mito zumbi é a doença raiva, que atualmente mata mais de 25 mil pessoas por ano. A raiva é causada por um vírus que afeta o sistema nervoso de certos animais (inclusive nós), gerando inflamação no cérebro e os afetados ficam excitados, agressivos e com dificuldade de controlar os próprios movimentos. Podem inclusive morder, que é o principal meio de transmissão do vírus. Quando não se conheciam as causas da raiva, acreditava-se que as pessoas que contraíam a doença estavam possuídas por demônios.

Existem outras doenças que podem atingir certos animais e fazê-los comportarem-se como zumbis. O parasita causador da toxoplasmose faz os ratos perderem o medo dos gatos. O parasita só se reproduz de forma sexuada no intestino dos gatos. Assim, o protozoário age no sistema nervoso do rato de modo a deixar o roedor exposto ao gato. Em seres humanos, a infecção por esse parasita pode afetar o coração, rins e sistema nervoso.

Vespa joia levando barata-zumbi
Vespa-joia levando barata-zumbi (foto: ViniRoger)

A vespa-joia é ainda mais impressionante. Ao aproximar-se de uma barata, a vespa dá uma ferroada em um feixe de nervos para fazer com que as patas da frente dela fiquem paralisadas. Então dá outra ferroada em uma região do sistema nervoso de modo a anular o reflexo de fuga da vítima. A vespa segura a barata pelas antenas e a conduz, como um zumbi, em direção ao seu ninho. A vespa deposita seus ovos no corpo da barata, e quando a larva sai do ovo, ela come a barata por dentro de modo a mantê-la viva e com a carne sempre fresca. Isso tudo dura pouco mais de duas semanas (depois só sobra a casca da barata, ou exoesqueleto).

Ainda existem casos de bactérias e fungos que alteram o comportamento de insetos e até plantas (transformando partes da planta em outras, como flores virando folhas) – veja mais na matéria Os zumbis da natureza que superam as histórias de ficção científica.

Fonte: Revista Superinteressante especial sobre Zumbis (Agosto/2013)

Atualização: em 2019, foi anunciada a confirmada de uma nova espécie de mosca na Austrália, a paramonovius nightking, que transforma outros insetos em “zumbis”. As fêmeas colocam seus ovos em outros insetos, que, quando eclodem, comem o hospedeiro de dentro para fora, os transformando em zumbis ambulantes.

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