Ronda é uma cidade localizada na província de Málaga, na comunidade autônoma da Andaluzia, Espanha. A sua história remonta ao período neolítico, com vestígios arqueológicos que evidenciam a presença humana na região. Durante a Antiguidade, foi ocupada por celtas, fenícios e romanos. Os romanos fundaram a cidade de Acinipo, próxima à atual Ronda, por volta do século I a.C.

Com a queda do Império Romano, Ronda passou a ser dominada pelos visigodos até a chegada dos muçulmanos no século VIII. Em 713, Ronda foi conquistada pelos árabes, que a chamaram de Izna-Rand Onda e transformaram a cidade em um importante centro cultural e comercial. Durante o domínio muçulmano, foram construídos muitos dos marcos históricos ainda visíveis hoje, como as muralhas da cidade, a Puerta de Almocábar (porta de pedra em arco do século XIII) e os banhos árabes.
Ronda foi reconquistada pelos cristãos em 1485, durante a Reconquista. A partir desse momento, a cidade passou a integrar o Reino de Castela. Nos séculos seguintes, Ronda se desenvolveu economicamente, principalmente graças à sua localização estratégica e à produção agrícola. Uma ponte pedonal (hoje conhecida como Puente Viejo) foi erguida no século XVI, junto ao Arco de Felipe V, apresentando vista panorâmica para a cidade e a paisagem circundante.

O século XVIII foi marcado pela construção da Puente Nuevo, entre 1759 e 1793, uma ponte que atravessa o desfiladeiro El Tajo e conecta as partes antigas e modernas da cidade. Este é um dos marcos mais emblemáticos de Ronda. No século XIX, a cidade se tornou um ponto de interesse para escritores e poetas, incluindo Washington Irving e Rainer Maria Rilke, que ajudaram a popularizar Ronda como um destino romântico.

Além disso, Ronda é conhecida pela Plaza de Toros, uma das arenas de touradas mais antigas e importantes do país, inaugurada em 1785. O patrimônio histórico, que inclui ruínas romanas, construções árabes e arquitetura cristã, torna Ronda um local de grande interesse cultural e histórico. Sua paisagem natural, situada em um planalto cercado por montanhas, é um destino popular para atividades ao ar livre como caminhadas e escaladas.
Como muitas das cidades históricas, o centro antigo possui ruas estreitas e poucas opções de estacionamento – com vagas também estreitas. Uma dica é parar o carro no Camino los Tejares (junto a ele, o Camino Ancho parece ser exclusivo para moradores da região) e seguir para a Puente Viejo. Depois, caminhe até a Puente Nuevo e aproveite os mirantes no caminho até o Centro de Interpretación del Puente Nuevo, de onde é possível entrar na parte de baixo da ponte (pago).
Com relação aos mirantes, a maioria está próximo das pontes. Existe uma descida pavimentada a partir do Mirante Maria Auxiliadora até o Arco Árabe, estando de terra até o ponto mais baixo (Mirador La Hoya Del Tajo). Uma dica é passar de carro em frente à Puerta de Almocábar e pegar o Camino de los Molinos até esse mirante mais baixo, onde existe um lugar que se pode parar o carro e subir um pequeno trecho de terra até o Arco Árabe. Caso opte de cehgar nesse ponto por cima, o trajeto e maior e o primeiro mirante no caminho (Puente Nuevo Viewpoint) é pago – mas também dá direito a seguir por um caminho de 250 metros, a ser percorrido com capacete, para mais perto da ponte por baixo e acessar as ruínas do vale.
Acinipo (Ronda la Vieja)
Acinipo, também conhecida como Acinippo, foi uma cidade romana localizada no município de Ronda, na província de Málaga, Espanha. Situada a 999 metros acima do nível do mar e a 20 km do centro de Ronda, sua posição estratégica em uma elevação calcária de origem terciária proporcionava grande fertilidade agrícola. O nome Acinippo deriva da combinação de “Acini” e “ippo”, onde “ippo” significa “cidade” em tartésio. A presença de um cacho de uvas em suas moedas sugere que os romanos associaram “Acini” a “grãos de uva” em latim.
Acinipo foi habitada desde o Neolítico, com evidências da Idade do Cobre e do Bronze encontradas em escavações recentes, como cabanas circulares proto-históricas. A cidade alcançou seu auge durante o período romano, especialmente no final do século I, como demonstrado por suas grandes construções. Seu nome aparece em textos de Ptolomeu e Plínio, o Velho, além de moedas e inscrições. Estudiosos dos séculos XVI e XVII, como Lorenzo de Padilla e Fariña del Corral, identificaram importantes estruturas romanas, incluindo o teatro. Acinipo e a cidade vizinha Arunda (atual Ronda) coexistiram, mas Acinipo começou a declinar no século III e foi abandonada por volta do século VII. Durante a idade média, a área do teatro foi usada como torre de vigia.

Iniciando o caminho morro acima da entrada em direção ao teatro, a primeira coisa que chama a atenção do visitante são os grandes montes de pedra (“majanos”). A sua origem reside no trabalho de limpeza do terreno para poder cultivá-lo, que se realizou em Acinipo até 1970. Estas “pilhas” são constituídas por material de construção proveniente de edifícios romanos demolidos.

Os restos arqueológicos de Acinipo incluem um teatro bem preservado, construído em uma encosta com o graderio escavado na rocha. As termas, datadas do século I a.C., estão localizadas na parte baixa da cidade e foram parcialmente escavadas, revelando várias salas e conduções de água. A cidade também possuía uma muralha com torres circulares, cuja altura original é desconhecida, mas alguns trechos ainda são visíveis. Acinipo tinha o privilégio de cunhar moedas, como evidenciado pelos numerosos achados numismáticos no local.