Como funciona um Medidor de Alinhamento Mental

“Ele lê e interpreta os desejos do subconsciente da mente humana” e “mede as afinidades das pessoas: o que atrai, o que repulsa, esse tipo de coisa”. O que parece a descrição de um sistema de inteligência artificial, digno de individualizar ofertas em um site, direcionar material político ou detectar possíveis inimigos do estado, na verdade é um aparelho desenvolvido na franquia “De Volta Para o Futuro“, no caso, “O Jogo“.

Medidor de alinhamento mental
Medidor de alinhamento mental

Seu princípio básico de funcionamento para obtenção de dados remete ao eletroencefalograma: exame de monitoramento não-invasivo que registra a atividade elétrica do cérebro. É realizado com eletrodos fixados no couro cabeludo por meio de uma pasta condutora de eletricidade.

Os eletrodos estão conectados a um computador que traduz essas atividades cerebrais em forma de ondulações que podem ser registradas em gráficos digitais ou em folhas de papel. Através dos padrões registrados, é possível detectar possíveis anormalidades neurológicas.

Histórico

Um algoritmo de inteligência artificial tem como objetivo identificar padrões e aprender de acordo com um histórico de dados, promovendo a segmentação de acordo com perfis e preferências. O Medidor de alinhamento mental (“mental alignment meter“) foi um dispositivo inventado por Emmett Brown em 1931, a pedido de sua namorada Edna Strickland.

Na linha tempo original, Edna era colunista de etiqueta do Hill Valley Herald nos anos 1930 e depois a solitária irmã do diretor da Hill Valley High School, Gerald Strickland. No entanto, devido a intervenções de Marty e Doc na linha do tempo, Edna se envolveu romanticamente com o jovem Emmett Brown e incentivou sua carreira na ciência, embora uma que acabaria por servir a seus fins.

Emmett submeteu essa invenção na Exposição de Ciências de Hill Valley e venceu, iniciando-o no caminho que faria com que ele transformasse Hill Valley em um estado policial, sob a orientação da disciplina rígida e intransigente de Edna. Em 1986 alternativo, Emmett era o Cidadão Brown – para mais detalhes de toda essa história, veja no post De Volta Para o Futuro: jogos eletrônicos.

Como funciona?

O medidor de alinhamento mental possui um Capacete de Mapeamento Mental. O voluntário deve colocá-lo para que o capacete examine o cérebro mensurando flutuações da condutância cutânea e resistência elétrica na superfície do lobo parietal. Quando o capacete é ligado com um interruptor via rádio, a pessoa é exposta a uma série de estímulos visuais no intuito de provocar uma série de respostas positivas, indiferentes ou negativas, como indicado por luzes no capacete (verde, amarela ou vermelha, respectivamente).

Capacete de mapeamento mental
Capacete de mapeamento mental

Quando as respostas são gravadas, elas são realocadas em uma máquina de escrever especial, que imprime um cartão que representa o “mapa mental” da pessoa. Esse cartão é inserido no leitor, o Medidor de Alinhamento Mental propriamente dito, que interpreta os sinais da resposta fisiológica em um dos rótulos apresentados pela máquina (na ordem):

  • Cidadão modelo (Citzen Model)
  • Honesto (Honest Joe)
  • Camarada decente (Decent Chap)
  • Preguiçoso (Layabout)
  • Mentiroso inveterado (Inveterate liar)
  • Vândalo (Hooligan)
  • Criminoso degenerado (Degenerate Criminal)

Para gravar o cartão do jeito que o jogo precisa para avançar, deve ser executada uma sequência de passos entre uma série de estímulos sensoriais, descrita nesse fórum.

Algoritmo

As seguintes imagens usadas para o teste do mapa mental foram fotos de: Edna Strickland, John Wilkes Booth, Danny Parker, Beauregard Tannen, Gerald Strickland (quando criança) e Trixie Trotter. Ou seja, qualquer pessoa da comunidade de Hill Valley deveria, subconscientemente, emitir uma opinião sobre cada uma dessas pessoas. Caso fosse uma opinião que concordasse com a opinião de Edna, ela seria considerada “certa”; caso contrário, estaria um passo mais perto de ser um “criminoso degenerado”.

Esse algoritmo é bem simples, dando pontos caso uma informação esteja de acordo com uma tabela pré-fixada. Em um algoritmo mais complexo de aprendizado de máquina, de modo bem geral, é calculado o erro entre o valor obtido pela função calculada e os dados observados: se o erro estiver maior que um limite pré-estabelecido, a função deve ser refeita e o valor recalculado; caso contrário, o procedimento é finalizado. Esses passos são realizados várias vezes (o que é chamado de iteração), de modo a refinar o resultado para que ele seja cada vez melhor. Em cada passo, é atualiza a tabela de pesos, relacionados a cada etapa.

Máquina de escrever o cartão perfurado
Máquina de escrever o cartão perfurado

No jogo, uma série de outros estímulos sensoriais acabam influenciando mais do que a reação frente às imagens dos slides. Assim, isso influencia diretamente na modelagem e, consequentemente, na classificação final. Por exemplo: um estímulo negativo devido a um cheiro ruim bem na hora de coleta do sinal durante a visualização da foto de Edna com certeza será uma pontuação no sentido das piores classificações finais, mesmo não tendo relação direta ao estímulo proposto.

Esse tipo de ruído deve ser retirado dos dados utilizados na modelagem através de uma “limpeza” inicial. Para isso, o cientista dos dados deve conhecer os procedimentos de coleta, realizar análises estatísticas e eliminar pontos da amostra utilizada, de modo a evitar análises inconclusivas, erradas ou enviesadas.

Quanto à finalidade, o algoritmo pretende classificar o comportamento médio das pessoas analisadas com base na resposta de estímulos. Com essa invenção ocorrendo em 1931, ela seria visionária nos trabalhos na área de ciência de dados. Apesar de não ter um grande volume de dados e variáveis analisadas, seu algoritmo permite classificar pessoas por suas preferências, obtendo resultados por respostas vindas do inconsciente do indivíduo, e assim direcionar propagandas, prever comportamentos frente a ações políticas, entre outras ações com base nos resultados.

Cartão perfurado

O papel em que são gravadas as respostas é um cartão perfurado: contém informação digital representada pela presença ou falta de furos em posições predefinidas. Essa invenção foi aproveitada inicialmente por Herman Hollerith (fundador da Tabulating Machine Company, precursora da IBM), porém foi inventado por Joseph-Marie Jacquard em 1801, com projeto inicial de um “tear” automatizado.

Cartão perfurado
Cartão perfurado

O cartão, quando é processado, passa por um bloco de cabeças de leitura, que nada mais são do que pinos. Quando a cabeça do pino de leitura pass sobre o cartão sem encontrar nenhuma interferência (uma perfuração), ele mantém uma corrente elétrica contante, que é interpretada como 1 (ou ligado). Quando o pino se “aloja” na perfuração do cartão, essa corrente é interrompida e interpretada como 0 (ou desligado). Até hoje os computadores trabalham com esse sistema binário.

Como acabou a história?

Quando Marty McFly estava em 1931 tentando separar Edna e Emmett para preservar o futuro, ele criou um novo mapa mental para Brown, manipulando as respostas que o distraído Emmett (ainda usando o capacete de mapeamento mental) estava fornecendo para as imagens atribuídas, acionando positivos para imagens negativas e vice-versa. Isso produziu uma versão ‘Degenerate Criminal’ mais alinhada com o líder de gangue Kid Tannen , que Marty trocou pelo mapa mental original de Brown ‘Model Citizen’.

Depois que Emmett foi acusado de trair Edna, uma situação orquestrada por Marty, Brown, confuso, tentou provar sua inocência exibindo sua leitura mental para Edna. No entanto, quando ele colocou o mapa mental que acreditava ser dele no medidor de alinhamento mental, a máquina mostrou um criminoso degenerado. Enojada, Edna imediatamente deu um fora em Emmett e saiu para pensar na vida.

Fontes

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