E se a porta de emergência emperrar?

De modo geral, uma saída de emergência de uma aeronave é a abertura por onde possam passar, com relativa facilidade, uma ou mais pessoas que se encontrem bloqueadas em determinado espaço fechado numa situação de acidente. Nas aeronaves, elas servem para evacuar os passageiros com o máximo de segurança e rapidez possível – geralmente o tempo máximo é de 90 segundos. Devem permanecer sempre desobstruídas, o que gera mais espaço para os passageiros que optarem por poltronas junto a elas.

Saída de emergência de um Boeing 737 vista de fora. Fonte: Wikipedia

Em um pouso de emergência em terra, caso o comissário verifique que a saída de emergência sob sua responsabilidade está inoperante, o que deve ser feito?

Conforme as notas informativas de operação de voo (na parte de evacuação em terra não planejada, slide 8) do material da Airbus (disponível no link):

“o tripulante de cabina na saída inutilizável deve executar as seguintes ações:

  • Parar a evacuação
  • Bloquear a saída e redirecionar os passageiros para a saída mais próxima utilizável
  • Guardar a saída”

Para redirecionar, deve-se usar gestos e gritar algo como “USE AQUELA SAÍDA!”, “USE THAT WAY!” e “PARA TRÁS -POR AQUELA PORTA!”. O posicionamento de um comissário em cada saída de emergência permite distribuir os tripulantes de modo a orientar o fluxo dos passageiros de maneira mais bem distribuída e sem ter o risco de deixar algum passageiro pelo caminho. Abandonar a saída possibilita que ocorra para lá o fluxo de passageiros que não saibam do bloqueio da porta, que podem permanecer no local tentando inutilmente abrir a porta e desperdiçando segundos preciosos para o salvamento.

Nas palavras de um comissário da Qatar, “cada CMS tem uma posição de porta e tem a responsabilidade de zelar essa porta como se fosse seu filhote”. E cada um é treinado para cuidar de todas as tarefas dessa saída. Como o espaço é muito reduzido em cada saída, dois comissários em uma saída poderiam reduzir ainda mais o espaço para evacuação. Além disso, não existe um protocolo a seguir no caso de um segundo comissário na porta ou mesmo no meio do caminho.

Se um passageiro ficar tentando abrir uma porta que um profissional treinado não conseguiu, a probabilidade dele não conseguir é grande. Pode acontecer dele ficar para trás tentando, já que não vai ter nenhum comissário cuidando dessa porta, e ainda por cima seguirem mais pessoas para essa porta. Mesmo que a saída fosse aberta, não teria nenhum comissário para ajudar na evacuação por essa saída, considerando que o comissário já teria abandonado.

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2 comments

  1. Eu fiquei com dúvida quanto ao assunto deste tópico. Na apostila utilizada em meu curso de comissário de voo está ensinando da seguinte maneira: caso o comissário verificar que há fogo do lado de fora desta porta (que está em perfeito funcionamento), o procedimento é PERMANECER junto à porta para direcionar os passageiros para outra saída (entende-se aqui que evitaria que um passageiro desesperado abriria a porta ocasionando mais problemas, já que a porta funciona). Já no caso de uma porta emperrada a literatura da apostila explica que o comissário deve ABANDONAR a saída e ajudar reorientando os pax para outras saídas operativas.

    1. Oi Wallace, pelo que vi na Qatar e recomendações da Airbus, a recomendação é que o comissário sempre fique junto a sua porta designada. Vejo que, caso ela emperre, ele deve ficar por lá para indicar o caminho certo para outros passageiros em direção a uma porta que esteja atuante – assim como você falou, “ajudar reorientando os pax para outras saídas operativas”. Se um grupo de passageiros encontrar a porta e ficar tentando abrir, eles atrasariam a evacuação com o risco de ficarem para trás. Além disso, o treinamento prevê um comissário por porta trabalhando na evacuação, então não existe uma função já definida para um eventual segundo tripulante.

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