Dia da mãe é todo dia

Maria Auxiliadora Roggério

Comemora-se no segundo domingo do mês de maio, mas, todo dia é dia das mães.

A ideia da instituição de um dia para homenagear as mães surgiu nos Estados Unidos da América, em consequência da determinação de Anna Jarvis, para homenagear a vida de sua mãe Ann Reeves Jarvis, falecida em 09 de maio de 1905, criando um memorial em maio de 1908, sendo este o primeiro Dia das Mães.

Ann Reeves Jarvis foi uma ativista social que desenvolveu ações as quais permitiram melhores condições sanitárias em sua comunidade e em algumas cidades da Virgínia Ocidental, prestando assistência e orientação às famílias mais necessitadas, de forma a possibilitar a prevenção de doenças. Desejava o reconhecimento pelo trabalho das mães, por toda dedicação e benefício que trazem às vidas de todos.

O Dia das Mães tornou-se oficial em 1910, em Virgínia Ocidental. Em 1914, o Congresso norte-americano determinou que as homenagens deveriam contemplar a todas as mães e instituiu o segundo domingo do mês de maio para a celebração.

No Brasil, o Dia das Mães foi oficializado em 05 de maio de 1932, através do Decreto nº 21.366, como uma data para celebração do amor materno. Embora na esteira dos acontecimentos nos Estados Unidos, a conquista por aqui ocorreu por influência do movimento feminista brasileiro, que se encontrava em ascensão.

Em outros países, as comemorações são realizadas em datas mais adequadas aos costumes locais, como, por exemplo, nossos hermanos argentinos que comemoram no terceiro domingo do mês de outubro.

O que surgiu como espaço para um momento comemorativo aos sentimentos e virtudes, rapidamente transformou-se em exploração comercial para obtenção de lucros. Após sua criação, a prática em presentear às mães como demonstração de carinho e reconhecimento por sua abnegação, tornou o Dia das Mães um filão de mercado. No Brasil, é a segunda data comemorativa mais rentável para o comércio, perdendo apenas para o Natal.

Uma data originalmente pensada para homenagear àquela que se dedica ao bem-estar dos filhos perdeu-se em meio ao apelo comercial, o que levou Anna Jarvis ao arrependimento por ter estimulado esse dia a ser criado e a passar o restante de sua vida a contestá-lo pelo que se tornou. De acordo com o obituário do jornal The New York Times (apud Wikipedia, 2022), Anna dizia:

“Um cartão impresso não significa nada mais que você é muito preguiçoso para escrever para a mulher que fez mais por você que qualquer outra pessoa no mundo. E tortas! Você leva uma caixa para a Mãe – e então come tudo você mesmo. Um belo sentimento.”

Quem, dentre nós, já pediu à esposa ou à secretária que providenciasse algo para presentear a mãe nessa ocasião? Quem, dentre nós, mulheres – feministas ou antifeministas –, já não se renderam ao consumismo nessa data e presentearam suas mães ou agradeceram aos filhos pelos presentes que receberam? Afinal, quando presenteamos ou somos presenteados, é a intencionalidade que conta?

O que nos leva a comprar algum produto está além da satisfação de necessidades materiais, porque o produto ofertado – em especial em datas comemorativas como o Dia das Mães, do Pais, Natal, etc. – não é simplesmente um produto, mas algo que se anuncia atrelado a sentimentos, emoções e valores, os quais não podem ser vendidos ou comprados, apesar do que as propagandas querem nos fazer acreditar. Ao apelo comercial junta-se o apelo emocional.

Contudo, há muitas maneiras de um filho demonstrar amor, carinho por sua mãe e reconhecer todo cuidado, proteção e aprendizado que uma mulher pôde lhe dar, renunciando de si própria em alguns aspectos para poder ajudá-lo em seu desenvolvimento. Cada qual à sua maneira. Precisar de um dia específico para isso, é para pensar.

Fontes

VENEMA, Vibeke (2020). “Anna Jarvis, a mulher que se arrependeu de ter criado o Dia das Mães”. Disponível em: bbc.com/portuguese/geral, acessado em 29 abr 2024.

WIKIPEDIA (2022). “Anna Jarvis”.Disp. em: pt.wikipedia.org/wiki/Anna-Jarvis, acessado em 29 abr 2024.

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One comment

  1. Além de um dia comercial, tornou-se um dia instagramável. Nesse caso, o post parece ser mais importante que o tempo oferecido à mãe. Mãe que muitas vezes não possui Instagram e nem terá conhecimento do post.
    Muito boa reflexão.

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