Capítulo 2 – Ataque em busca do conhecimento

Skorlun tem estatura mediana para um gnomo, com pouco mais de 1 metro de altura e peso de 20 kg. Aos seus 100 anos de idade, mesmo tendo vivido apenas um quarto da expectativa de vida da sua raça, já possui cabelos brancos e desgranhados até a altura dos ombros, cobrindo um pouco usas orelhas levemente pontudas. A pupila de seus olhos pode se abrir a ponto de deixar praticamente o olho todo negro – herança de seus ancestrais, que vivam somente debaixo da terra. Por isso mesmo, sua pele é branca e já conta com rugas de expressão, depois de muitos anos de fartos sorrisos.

Os gnomos são conhecidos por viverem intensamente suas vidas, que podem passar dos 400 anos. São altamente amigáveis e estão sempre de bom humor. Alguns são adeptos de travessuras, mas não é o caso da comunidade à qual Skorlun pertence, onde são muito dedicados às tarefas que lhes competem. Muitos deles são amantes das artes, engenheiros, alquimistas, engenhoqueiros e inventores habilidosos.

Com todas essas características, essas comunidades gnomônicas evoluíram bastante em tecnologia com o passar do tempo. Nesse caso, o governo é formado por um comitê bem tecnocrata mas com bastante rotatividade. A educação e a pesquisa sempre foram atividades fortes entre os gnomos, e nesse filão que Skorlun começou a ganhar a vida. Já aos 100 anos de idade, os cabelos brancos, o conhecimento e a experiência fazem sua fama na região. Moradores da comunidade e até viajantes o procuram para consertar carroças, ferramentas e outras coisas, o que lhe rende um dinheiro muito bem vindo.

Casa com roda d'água. Foto: Richard Elzey (Georgia)
Casa com roda d’água. Foto: Richard Elzey (Georgia)

O terreno em que mora é um local mais alto com relação ao entorno. Assim, o riacho que passa na propriedade está próximo de sua nascente. Usando de sua inteligência e habilidade, seguia construindo engenhocas cada vez mais elaboradas. Montou uma roda d’água com moinho e engrenagens ligadas à ela. Também criou mecanismos para automatizar tarefas e gerar mais força física para realizar ações que demandem grande esforço. Ganhando tempo na produção de alimento e nas tarefas domésticas, conseguia ter mais tempo livre para os estudos.

Skorlun também era requisitado na comunidade por suas habilidades em curar ferimentos, detectar venenos, purificar alimentos e até no trato com animais. Tudo usando magia druida. Realmente, o caminho para o poder e o auto aperfeiçoamento é através do conhecimento.

O ataque

Durante um belo pôr do sol, Skorlun observava mais um final de dia tranquilo em sua casa. Um gnomo enxerga na penumbra a até dezoito metros como se fosse luz plena – apesar de não distinguir bem as cores – e quando está escuro, o faz como se fosse penumbra. Essa característica foi herdada de seus ancestrais, que passavam praticamente o tempo todo embaixo da terra. Suas pupilas conseguem abrir tanto a ponto de deixar praticamente todo o olho negro.

Ele percebeu um movimento estranho em algumas árvores na parte baixa do terreno. A movimentação aproximou-se rapidamente, e o farfalhar das folhas começou a ficar cada vez mais alto. Essa movimentação de ar não era natural e ele logo pressente o perigo.

Para que ele pudesse observar a situação sem que seja visto, Skorlun entoou palavras mágicas em conjunto com a movimentação das mãos segurando em seu cajado. No mesmo instante, uma névoa densa foi criada em um raio de seis metros ao redor de si.

Skorlun considera a violência como o último refúgio do incompetente, por isso achou sábio esconder-se em vez de enfrentar o desconhecido. Assim, bruxas invasores conseguiram entrar em sua casa e vasculhar tudo violentamente. Também usando magia, conseguiram iluminar pontos específicos até encontrarem um livro grosso e de capa surrada. De posse do livro, irromperam pela porta e pela janela.

Livro com coleção de textos ancestrais. Foto: Willi Heidelbach (Ancient Book - 1883)
Livro com coleção de textos ancestrais. Foto: Willi Heidelbach (Ancient Book – 1883)

Esse livro é uma coleção de textos ancestrais. Estão escritos em primordial, o idioma falado pelos elementais escrito em alfabeto anão – nesse caso, igual ao idioma gnomônico. Ainda não tinha sido completamente traduzidos por Skorlun, mas sabe que ele contém terríveis segredos que não podem cair em mãos erradas.

Um desses segredos permite o controle do tempo em uma região através da criação de uma forte tempestade, com relâmpagos, trovões, chuva ácida, granizo, ventania, nevasca, frio ártico ou calor insuportável. Em outro, é possível usar a energia de eventos luminosos transientes, que se formam acima das nuvens de tempestade, para proporcionar viagens para tempos futuros. Parecem ser revelações feitas há muito tempo para nós, por criaturas que entendem o passado e o futuro como nós consideramos diferentes pontos no espaço.

Apesar de toda a comoção, Skorlun conseguiu distinguir alguns rostos e ouvir alguns nomes dos bruxos invasores. Um deles era a bruxa Mombi, do norte. E para lá que ele deveria seguir em sua aventura para recuperar o livro e impedir que grandes desgraças aconteçam.

Este capítulo faz parte da série Skorlun, o gnomo druida – sumário no link.

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