Fatos do Oriente Médio

Quando se fala de Oriente Médio, existe muita confusão quando aos termos utilizados para se designar os grupos de pessoas. Costuma-se confundir etnia (grupos de pessoas com semelhanças culturais e/ou biológicas, o mesmo que nação ou raça) com religião (conjunto de sistemas culturais, crenças e visões de mundo que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais), exite muito senso comum (modo de pensar imediato e simplório que envolve a maioria das pessoas) e opiniões superficiais. Vejamos o significado de alguns desses termos:

Deserto e mapa do Oriente Médio (adaptado com fotos de Wikipedia)

Israelense (ou israelita) – cidadão do moderno Estado de Israel, independentemente da sua origem étnica ou credo religioso.

Judeus – adeptos do judaísmo, religião originária da Bíblia Hebraica e explorada em textos posteriores, como o Talmud. É considerada pelos judeus religiosos como a expressão do relacionamento e da aliança desenvolvida entre Deus com os Filhos de Israel. De acordo com o judaísmo rabínico tradicional, Deus revelou as suas leis e mandamentos a Moisés no Monte Sinai, na forma de uma Torá escrita e oral. Judeus e judias são os homens e as mulheres que seguem o judaísmo, e “judaico” é o adjetivo (por exemplo, o certo é dizer “escola judaica” e não “escola judia”).

Hebreus – foram um povo semítico da região do Levante, localizado no Oriente Médio, apagado pela grandeza de estados muito maiores, tecnologicamente avançados e mais importantes politicamente. O termo foi utilizado durante o império romano para se referir ao povo (significa “descendentes do patriarca bíblico Élber”), embora acredita-se que chamavam a si mesmos como israelitas. Os hebreus falavam uma língua semítica da família Cananeia, dando origem ao hebraico (ou hebreu), idioma oficial de Israel. Inclusive, “judiar” e “judiação” são termos pejorativos, pois tem a origem relacionada aos maus tratos sofridos por judeus.

Semita – conjunto linguístico composto por uma família de vários povos, entre os quais se destacam os árabes e hebreus, que compartilham as mesmas origens culturais.

Árabes – parte de um grupo étnico, originários da Península Arábica cujo idioma é o árabe. Assim, os árabes tem diferentes religiões – nem todos são muçulmanos.

Islã – religião monoteísta articulada pelo Alcorão, um texto considerado pelos seus seguidores como a palavra literal de Deus (Alá, em árabe), e pelos ensinamentos e exemplos normativos (a chamada suna, parte do hadith) de Maomé, considerado pelos fiéis como o último profeta de Deus. Um adepto do islamismo é chamado de muçulmano. O termo significa “rendição” ou “submissão” em árabe e faz referência à obrigação religiosa do muçulmano (o sujeito que segue a religião) de acolher a vontade de Deus. O islã surgiu entre pequenas hordas pastoris da Arábia no século VII, com base nos ensinamentos de Maomé. Existam controvérsias atribuindo “islâmico” ao que se refere o que é da religião e “islamista” ao Islã político. O islão ensina seis crenças principais:

  • crença em um único Deus;
  • crença nos anjos, seres criados por Deus;
  • crença nos livros sagrados, entre os quais se encontram a Torá, os Salmos e o Evangelho. O Alcorão é o principal e mais completo livro sagrado, constituindo a colectânea dos ensinamentos revelados por Deus ao profeta Maomé;
  • crença em vários profetas enviados à humanidade, dos quais Maomé é o último;
  • crença no dia do Julgamento Final, no qual as ações de cada pessoa serão avaliadas;
  • crença na predestinação: Deus tudo sabe e possui o poder de decidir sobre o que acontece a cada pessoa.

Os cinco pilares do islão são cinco deveres básicos de cada muçulmano:

  • recitação e aceitação da crença (Chahada ou Shahada);
  • orar cinco vezes ao longo do dia (Salá,Salat ou Salah);
  • pagar esmola (Zakat ou Zakah);
  • observar o jejum no Ramadão (Saum ou Siyam);
  • fazer a peregrinação a Meca (Hajj) se tiver condições físicas e financeiras.

Xiitas e sunitas – diferentes ramos de crença do islamismo. Comparando ao cristianismo, os muçulmanos xiitas se equivaleriam a católicos romanos: têm uma presença clerical marcante (os imãs) que exigem a observância religiosa, enquanto que os muçulmanos sunitas seriam como protestantes (os imãs não têm um papel tão central, preferindo uma linha mais direta com Deus). As correntes não são as únicas dentro do Islã – há centenas delas.

Jihad – termo árabe que não significa “guerra santa”, pois o significado original da palavra é “esforço”, ou “esforço sobre si” – apesar de que a guerra santa é uma forma de jihad. “Intifada” é um “levante”, e pode ser também pacífico – as revoltas da Primavera Árabe são um excelente exemplo de levante pacífico.

Ramadã – nono mês do calendário islâmico, o mês do Ramadã é o mais importante e o mais sagrado de todos – é quando as portas do inferno estão fechadas e um momento de união fraterna entre a comunidade islâmica. O jejum do mês de Ramadan é obrigatório para todo muçulmano que tenha atingido a puberdade e goze de saúde mental e física. As mulheres que estiverem no período menstrual ou pós-parto estão isentas do jejum nesta época, mas devem repor os dias perdidos quando estiverem aptas para tal. Os viajantes também podem adiar o jejum, mas devem repor quando voltarem de viagem. Quanto às pessoas idosas, e pessoas com doenças incuráveis que estejam impedidas de jejuar, estão também estão isentas do jejum, porém, devem pagar um prato de comida à uma pessoa pobre, por cada dia não jejuado. No mês de Ramadã, da alvorada ao pôr do sol, está proibida a ingestão de comida ou líquidos, e as relações sexuais, sendo um momento de leitura mais assídua do Alcorão.

Palestina – denominação histórica dada pelo Império Romano a partir de um nome hebraico bíblico, a uma região do Oriente Médio situada junto a costa oriental do Mar Mediterrâneo. Hoje compondo os territórios da Jordânia e Israel, além do sul do Líbano e os territórios de Gaza e Cisjordânia. Hoje dividida em três partes: Estado de Israel, Jordânia e duas outras (a Faixa de Gaza e a Cisjordânia), de maioria de árabes palestinos, deveriam integrar um estado palestino a ser criado (de acordo com a lei internacional e as determinações das Nações Unidas). Em 1967, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia foram conquistadas por Israel ao Egito e à Jordânia respetivamente, após a Guerra dos Seis Dias. E posteriormente Gaza em 2005 foi entregue à Autoridade Palestina, já a Cisjordânia (Judeia e Samaria) possui partes de territórios soberanos palestinos e parte de territórios com habitantes israelenses estabelecidos na conquista do território. A Cisjordânia e a Faixa de Gaza foram divididas em áreas e províncias, algumas governadas pela Autoridade Nacional Palestina. Considerável parte da população palestina encontra-se dispersa em campos de refugiados de países árabes.

A atual região do Irã era antigamente conhecida como Pérsia. O povo predominante do local até hoje é o persa, ou seja, os iranianos não são árabes. Eles falam persa, idioma que é grafado no mesmo alfabeto do árabe. Turcos também não são árabes (falam o idioma turco, que no passado era grafado com caracteres do alfabeto árabe). São originários da Ásia Central, de onde migraram por volta do século 10. Durante seis séculos, até a Primeira Guerra Mundial, os árabes do Líbano e da Síria foram dominados pelo Império Turco-Otomano. No Brasil, é comum chamar quem venha do Oriente Médio de turco, pois as primeiras ondas de imigração ocorreram durante a vigência do Império Turco-Otomano, que dominava grandes áreas da região e o passaporte utilizado vinha marcado assim.

Veja mais sobre as diferentes culturas no Oriente Médio no vídeo abaixo:

O terrorismo é o uso de violência (física ou psicológica) através de ataques localizados a elementos/instalações de um governo de modo a disseminar medo, e assim obter efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas. É utilizado por várias instituições como forma de alcançar seus objetivos, não é exclusivo dos muçulmanos. Existem grupos terroristas de várias religiões (inclusive cristãos), mas que representam correntes políticas minoritárias. Acaba tornando-se uma espécie de protesto quando há falta de diálogo. Em muitos conflitos do Oriente Médio, existe a guerra de guerrilha, nas quais forças armadas combatem outras forças armadas procurando sempre minimizar os danos a civis para conseguir o apoio destes.

Veja mais sobre o grupo Estado Islâmico clicando no link.

Muito desse texto teve como fonte o artigo do “Fórum 18 – FAQ: Se você vai conversar sobre Oriente Médio com alguém, é bom saber…” e tópicos da Wikipédia. Veja mais sobre termos árabes no post sobre o livro “O Homem que Calculava“.

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