Estudar um idioma envolve uma abordagem equilibrada para desenvolver as quatro habilidades fundamentais: escutar, falar, ler e escrever. A compreensão da cultura também ajuda a contextualizar o uso do idioma. A gramática é a base para formar frases corretas; a sintaxe organiza essas frases de forma compreensível. Estudar a ordem típica das palavras e aprender os tempos verbais mais usados, aliados a uma expansão de vocabulário, permitem um forte conhecimento do idioma.
Nesse post, estão alguns aspectos do idioma italiano com relação às suas classes gramaticais. Veja também o post Um po’ di italiano para saber mais.
Substantivo
Substantivos são palavras que nomeiam seres, objetos, lugares, sentimentos e ideias. Na flexão de número do latim, o plural era formado de forma diferente, dependendo da classe gramatical. Palavras da primeira declinação (femininas, terminadas em -a) formavam o plural trocando -a por -ae. Exemplo: domina (senhora) → dominae. Palavras da segunda declinação (geralmente masculinas, terminadas em -us) formavam o plural trocando -us por -i. Exemplo: dominus (senhor) → domini.
Quando o latim vulgar evoluiu para o italiano, essas terminações mudaram. A terminação -ae (plural feminino) se simplificou para -e. Exemplo: dominae → donne (mulheres). A terminação -i (plural masculino) foi mantida no italiano. Exemplo: domini → uomini (homens). Assim, temos que:
- Feminino singular em -a → plural em -e (casa → case)
- Masculino singular em -o → plural em -i (libro → libri)
- Masculino ou feminino singular em -e → plural em -i (luce → luci)
Também existem substantivos de dois gêneros, ou seja, a forma é igual para o masculino e o feminino no singular. Um exemplo é a palavra “principiante”: il principiante, la principiante” (singular) ou “i principianti, le principianti” (plural).
O plural de palavras terminadas com a estrutura VCV (vogal-consoante-vogal) mantem a combinação vogal-consoante inicial e altera apenas a vogal final (ex: amico e amici), enquanto o plural de palavras terminadas com a estrutura CCV (consoante-consoante-vogal) preserva a sequência inicial de consoantes e modifica o final com adição de “-chi” para manter o som duro da consoante “c” (ex: tedesco e tedeschi).
O plural de “il braccio” (o braço) em italiano é “le braccia”, quando se refere ao corpo humano. No entanto, “i bracci” também é um plural possível, mas é usado em outros contextos, como ao falar de estruturas ou objetos (ex: “I bracci del fiume”, Os braços do rio). Isso porque a palavra braccio vem do latim “bracchium”, cujo plural neutro era “bracchia”. Veja alguns exemplos parecidos:
- l’osso → le ossa (ossos do corpo), mas gli ossi (ossos para cachorro, por exemplo)
- il labbro → le labbra (lábios), mas i labbri (bordas, como as de uma ferida)
- il dito → le dita (dedos da mão), mas i diti (dedos apontando para algo)
A frase “Di che colore ha i capelli Mario?” (Qual é a cor do cabelo do Mario?) tem uma construção pouco intuitiva para brasileiros. Primeiro ponto: é comum usar o verbo “avere” (ter) para descrever características físicas, em vez do verbo “ser”. Também “capelli” aparece no plural, ao contrário do português, que costuma usar o singular (“o cabelo”). Além disso, nomes próprios como “Mario” não levam artigo definido em italiano padrão, diferente do uso “do Mário” em português. Por isso, frases como “Qual è il colore dei capelli del Mario?” refletem uma tradução direta do português e soam artificiais ou até incorretas no italiano do dia a dia.
Artigo
Artigos são palavras que acompanham o substantivo, determinando-o de forma definida ou indefinida. Em português, existem os definidos (“o/a/os/as”) e os indefinidos (“um/uma/uns/umas”). No italiano, os artigos definidos no masculino são: il, lo, l’ (singular) / i, gli (plural); no feminino, são: la, l’ (singular) / le (plural). Quanto aos artigos indefinidos, são, no masculino: un, uno (antes de “z”, “s” seguida de consoante); no feminino: una, un’ (antes de vogal). Obs.: i e gli são artigos definidos masculinos no plural, mas i é usado antes de consoantes (exceto s impura, z, etc.) e gli nos demais casos (como vogais). O artigo “lo” é usado antes de palavras começando com z, s+consoante, ps, pn, gn, x (ex.: lo zoo, lo studente), “l'” antes de palavras começando com vogais (ex.: l’uomo, l’amico) e “il” para o restante.
A omissão do sujeito é comum no italiano porque a conjugação verbal já indica a pessoa (eu, tu, ele, etc.), mas há situações em que o sujeito é explicitado para dar ênfase, clareza ou contraste. Por exemplo: “Vorrei un caffè” x “Io vorrei un caffè, ma lui preferisce un tè”.
Em italiano, usa-se o apóstrofo quando o artigo definido singular (il, la) encontra uma palavra que começa com uma vogal. Por exemplo: para falar “o alho”, o il é contraído para l’, formando l’aglio.
Assim como em português, o uso de um artigo antes do substantivo pode enfatizar um conhecimento prévio desse substantivo. Por exemplo, “Maria è venuta con vestito elegante” e “Maria è venuta con il vestito elegante”. “Con il” pode ser usado na contração “col”.
Preposição
Preposições são palavras que ligam termos da oração, estabelecendo relações de sentido entre eles. As mais usadas incluem di (de), a (a), da (de/para), in (em), con (com), su (sobre), per (por/para). Muitas vezes se combinam com artigos definidos:
Preposizione | Articolo | Contrazione | Tradução (Português) |
---|---|---|---|
di | il | del | de + o = do |
da | la | dalla | de + a = da |
di | gli | degli | de + os = dos |
di | le | delle | de + a = das |
a | la | alla | a + a = à |
a | i | ai | a + os = aos |
con | la | colla | com + a = com a |
con | i | coi | com + os = com os |
con | gli | cogli | com + os = com os |
in | gli | negli | em/dentro + os = nos |
su | le | sulle | sobre + as = sobre as |
a | lo | allo | a + o = àquele (a + o) |
Quando uma preposição termina em uma vogal (in, su, da) e é combinada com um artigo que começa com “l” (il, la, gli, etc.), a transição entre os dois elementos cria um som “l” mais longo e contínuo. Essa duplicação reflete o som prolongado, comum no italiano falado, para trazer melhor sonoridade e fluidez.
“Dalla porta” é a forma natural e idiomática para indicar que você entra pela porta como ponto de acesso; “Per la porta” é mais raro e usado para enfatizar o movimento através do espaço. Na frase “delle patatine fritte” (literalmente “algumas batatinhas fritas”), o “delle” serve para indicar que você quer uma quantidade indefinida.
A palavra “tra” (entre, daqui a) também pode ser usada como “fra”: “Il libro è fra/tra i due quaderni” (O livro está entre os dois cadernos), “Tra amici ci capiamo” (Entre amigos, nos entendemos), “Tra il rosso e il blu, quale preferisci?” (Entre o vermelho e o azul, qual você prefere?), “Arriverò fra due ore” (Chegarei daqui a duas horas). Fra ou tra podem ser escolhidas para evitar a repetição de sons semelhantes em uma frase. Em algumas regiões ou contextos, uma forma pode ser mais comum que a outra, mas isso não afeta o significado.
A preposição “da” (e não “a”) é usada quando se vai “à casa ou ao consultório de alguém”, especialmente profissionais ou pessoas conhecidas pelo papel que exercem – por exemplo: “vado dal dentista”, “devo andare dalla nonna”. Usar somente a preposição “a” é usado mais com lugares físicos, como em “vado al cinema”.
Existe uma convenção linguística para se usar “a” quando se referrir a cidades, vilas e lugares pequenos e “in” para países, regiões, continentes e lugares maiores. No latim, as preposições “ad” (para, em direção a) e “in” (em, dentro de) já eram usadas de maneira semelhante. Outras línguas românicas, como o espanhol e o francês, também têm regras semelhantes.
Mais algumas preposições comuns: Sopra (acima, sobre), Sotto (abaixo, debaixo), Accanto a (ao lado de), Vicino a (perto de), Lontano da (longe de), Davanti a (em frente a), Dietro (atrás), Dentro (dentro), Fuori (fora).
Pronome
Pronomes são palavras que substituem ou acompanham um substantivo, indicando posse, identidade ou referência. Os pronomes pessoais do caso reto são io (eu), tu (você), lui/lei (ele/ela), noi (nós), voi (vocês), loro (eles/elas); os pessoais do caso oblíquo e os possessivos estão na tabela a seguir:
Pronome soggetto | Pronome oggetto | Pronome possessivo |
---|---|---|
io | mi | mio/mia |
tu | ti | tuo/tua |
lui/lei | lo/la | suo/sua |
noi | ci | nostro/nostra |
voi | vi | vostro/vostra |
loro | li/le | loro |
Você pode usar um pronome de objeto direto ou indireto para substituir um nome. A diferença entre os pronomes usados com verbos transitivos direto e indireto aparece de forma mais clara na 3ª pessoa do singular e do plural:
chiamare (transitivo direto) | telefonare a (transitivo indireto) |
---|---|
mi chiami – você me chama | mi telefoni – você me telefona |
ti chiamo – eu te chamo | ti telefono – eu te telefono |
lo chiamo – eu o chamo | gli telefono – eu telefono para ele |
la chiamo – eu a chamo | le telefono – eu telefono para ela |
ci chiamo – eu nos chamo | ci telefono – eu telefono para nós |
vi chiamo – eu vos chamo | vi telefono – eu telefono para vocês |
li chiamo – eu os chamo | gli telefono – eu telefono para eles |
le chiamo – eu as chamo | gli telefono – eu telefono para elas |
Os pronomes possessivos em italiano são sempre precedidos por um artigo definido (ex: la mia macchina, il tuo libro). Isso acontece porque o possessivo não substitui o artigo, como em português, mas o complementa. Somente não se usa artigo com parentes no singular (ex.: mia madre, tuo padre), contextos afetivos, expressões fixas ou literários.
Ainda existem outros pronomes, como os demonstrativos: questo (este), quello (aquele), questi (estes), quelli (aqueles); e os indefinidos: qualcuno (alguém), qualcosa (algo), nessuno (ninguém), tutti (todos). Alguns pronomes estão na famosa lista de perguntas que um texto jornalístico deve responder: chi (quem), cosa/che (o quê), dove (onde), come (como) quando (quando) e perché (por quê).
Os pronomes relativos che e cui são amplamente utilizados para conectar frases, substituindo um elemento já mencionado. O pronome che equivale a “que” em português e pode se referir tanto a pessoas quanto a coisas, sendo usado como sujeito ou objeto direto da oração relativa, sem a necessidade de preposição (ex: “Questo è il libro che ho letto”). Já cui equivale a “cujo”, “de que”, “com o qual”, entre outras formas compostas, e sempre requer o uso de uma preposição apropriada ao verbo ou à expressão da oração relativa (di cui, a cui, con cui, etc.) – por exemplo, “Questo è il libro di cui ti ho parlato”.
Falsi amici: a frase “Il panino è il mio, non il suo” quer dizer “O sanduíche é meu, não dele” (ou dela, mas nunca “seu” ou “sua”). Outra construção para deixar o gênero mais claro seria “Il panino è il mio, non di lui” (dele) ou “Il panino è il mio, non di lei” (dela).
No italiano, “lei” pode significar tanto “ela” quanto “o senhor / a senhora”, dependendo do contexto. Por exemplo, em “Salve, signora, lei è qui per il colloquio?”, “lei” está sendo usado como forma de tratamento formal, equivalente a “o senhor” ou “a senhora” em português. Além disso, pronomes de tratamento como “Suo”, “Sua”, “Lei”, “Vostro”, etc., são tradicionalmente escritos com a primeira letra maiúscula quando usados para expressar respeito ou cortesia – por exemplo, “Possiamo vedere il Suo progetto?”.
O pronome “ne” é um pronome partitivo e adverbial que desempenha diversas funções importantes na língua. Ele é usado, por exemplo, para substituir um complemento introduzido pela preposição “di”, especialmente quando se refere a uma quantidade ou parte de um todo. Um exemplo clássico é a frase “Vuoi del pane? – Ne voglio un po’”, em que ne substitui del pane. Além disso, “ne” pode indicar origem ou afastamento, como em “me ne vado” (“vou embora daqui”). Sua posição na frase é geralmente antes do verbo, exceto nos imperativos afirmativos, infinitivos e gerúndios, quando pode se unir ao verbo formando uma única palavra (ex: “dimenticarsene”, esqueça isso).
Adjetivo
Adjetivos são palavras que caracterizam um substantivo, indicando qualidade, estado ou condição. Também concordam em gênero e número com os substantivos. Por exemplo: bello (masculino singular), bella (feminino singular), belli (masculino plural) e belle (feminino plural). Alguns adjetivos terminam em -e no singular e formam o plural com -i para ambos os gêneros (grande → grandi).
As comparações podem expressar igualdade ou diferença. Para igualdade, usa-se “così … come” ou “tanto … quanto”, aplicáveis a adjetivos, substantivos, advérbios ou pronomes. Para diferença, utiliza-se “più … di” ou “meno … di” ao comparar dois elementos diferentes, enquanto “più … che” ou “meno … che” são usados para comparar duas qualidades, ações ou quantidades relacionadas ao mesmo elemento. Já o superlativo relativo, que indica o grau máximo de uma característica dentro de um grupo, é formado com “il/la più … di/tra”.
Os sufixos alteram o significado das palavras, transmitindo nuances de tamanho, afeto ou desprezo. Os sufixos diminutivos como –ino, –etto e –uccio indicam algo pequeno ou delicado. O sufixo accrescitivo –one expressa aumento de tamanho ou intensidade. Já os sufixos vezzeggiativi (como –ino, –etto, –uccio, –otto, –acchiotto) acrescentam uma ideia de carinho ou afeto. Por outro lado, os sufixos spregiativi ou peggiorativi (–accio, –uccio, –astro, –ucolo, –aglia, –azzo, –icchio, –iciattolo) dão à palavra um tom negativo, depreciativo ou pejorativo, indicando defeito, desdém ou baixa qualidade.
Conjunção
Conjunções são palavras que conectam orações ou termos dentro de uma oração, estabelecendo relações lógicas. As conjunções “o” e “ma” são usadas em contextos simples e cotidianos, enquanto que “oppure” e “bensì” são usadas em contextos mais formais ou enfáticos.
A conjunção “e” recebe a letra “d” no final quando ocorrer antes de palavras q comecem com letra “e” para suavizar a transição entre as palavras e evitar a repetição do som “e”. A palavra “ad” é uma forma alternativa da preposição “a” também usada para evitar cacofonia antes de palavras que começam com “a”.
Interjeição
Interjeições são palavras ou expressões que traduzem emoções, sentimentos ou reações súbitas. São exemplos de interjeição “grazie” (obrigado), “prego” (‘de nada’ ou ‘por favor, fique à vontade’), “evviva” (comemoração) e “auguri” (parabenização).
“Buonasera” e “buonanotte” são saudações usadas para dizer boa noite. No entanto, “buonasera” é usado em chegadas, ao encontrar com alguém, geralmente entre a tardinha e o início da noite. Já “buonanotte” é usado exclusivamente para se despedir quando alguém está indo dormir ou encerrando o dia.
Numeral
Numerais são palavras que indicam quantidade, posição ou multiplicação de seres ou objetos. Eles podem ser classificados em diferentes tipos, como os cardinais (uno, due, tre…), ordinais (primo, secondo, terzo…), multiplicativos (doppio, triplo, quadruplo…), fracionários (mezzo, un terzo, un quarto…), e coletivos (doppia, terzina, decina…). Por exemplo, um numeral coletivo pode ser usado em Ho comprato una dozzina di uova (“Comprei uma dúzia de ovos”). Já um fracionário aparece em Voglio mezzo litro di latte (“Quero meio litro de leite”). Para os multiplicativos, podemos dizer Ha mangiato il triplo della mia porzione (“Ele comeu o triplo da minha porção”).
1 Uno | 21 Ventuno |
2 Due | 22 Ventidue |
3 Tre | 23 Ventitré |
4 Quattro | 24 Ventiquattro |
5 Cinque | 25 Venticinque |
6 Sei | 26 Ventisei |
7 Sette | 27 Ventisette |
8 Otto | 28 Ventotto |
9 Nove | 29 Ventinove |
10 Dieci | 30 Trenta |
11 Undici | 40 Quaranta |
12 Dodici | 50 Cinquanta |
13 Tredici | 60 Sessanta |
14 Quattordici | 70 Settanta |
15 Quindici | 80 Ottanta |
16 Sedici | 90 Novanta |
17 Diciassette | 100 Cento |
18 Diciotto | 1000 Mille |
19 Diciannove | 10.000 Diecimila |
20 Venti | 1.000.000 Un milione |
Importante: o português brasileiro fala bilhão, enquanto que o italiano falam miliardo. Essa diferença na nomeação dos grandes números ocorre devido à escala curta e à escala longa. Na escala curta, usada no inglês americano, no Brasil e em alguns outros países, cada nova unidade é 1.000 vezes maior que a anterior. Já na escala longa, utilizada no italiano, português europeu, francês e outras línguas, cada nova unidade é 1.000.000 (um milhão) vezes maior que a anterior. O padrão de formação na escala longa segue a alternância entre sufixos: os números terminados em -lione indicam múltiplos de um milhão, enquanto os terminados em -liardo indicam múltiplos de um bilhão.
Português (Brasil) – Escala Curta | Italiano – Escala Longa | Português (Portugal) – Escala Longa |
---|---|---|
Um milhão | Un milione | Um milhão |
Um bilhão | Un miliardo | Mil milhões |
Um trilhão | Un bilione | Um bilião |
Um quatrilhão | Un biliardo | Mil biliões |
Um quintilhão | Un trilione | Um trilião |
Um sextilhão | Un triliardo | Mil triliões |
Advérbio
Advérbios são palavras que modificam o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, indicando circunstâncias como tempo, lugar e modo. Geralmente são formados ao adicionar -mente ao feminino do adjetivo (lento → lentamente). Do restante, os mais comuns incluem:
Português | Italiano |
---|---|
ainda | ancora |
antes | prima |
assim que | appena |
de qualquer forma, tanto faz | comunque |
depois | dopo |
em todos os lugares | ovunque |
em vez de | invece |
então | allora (início de frase)/quindi |
imediatamente | subito |
mais tarde | poi |
muito | molto |
nem mesmo | neanche/neppure |
nunca | mai |
pelo contrário | anzi |
preferivelmente | piuttosto |
sempre | sempre |
talvez | magari |
também | anche |
agora | adesso |
“Qui” e “qua”, assim como “lì” e “la”, são advérbios de lugar que indicam localização, mas com nuances diferentes em termos de proximidade e uso. “Qui” e “lì” são mais precisos e formais, enquanto que “qua” e “là” são mais gerais e coloquiais. Para se dizer que algo (um parque, por exemplo) está próximo, pode-se dizer “Il parco qua vicino” ou “Il parco è vicino”.
“Davvero” e “veramente” podem ser traduzidas como “verdadeiramente” ou “realmente”, mas elas têm nuances diferentes em termos de uso e contexto. “Davvero” é a escolha mais frequente em conversas informais, enquanto “veramente” é mais formal e usado em contextos específicos.
“No” e “non” têm usos distintos e não são intercambiáveis, embora ambos estejam relacionados à negação. “No” é uma interjeição usada como resposta negativa. Já “non” é um advérbio que introduz a negação em frases, usado antes de um verbo para negar a ação expressa por ele. Por exemplo: No, non voglio andare (Não, não quero ir).
“Sempre” geralmente vem depois do verbo em tempos simples (Parlo sempre con lui) ou entre o auxiliar e o particípio passado em tempos compostos (Ho sempre pensato così). No entanto, pode vir antes do verbo em frases negativas para enfatizar a negação (Non sempre è facile) ou no início da frase para dar ênfase (Sempre lui fa problemi!).
O advérbio “già” geralmente vem antes do substantivo ou no meio da frase, ou seja, “è già mezzanotte” é mais natural do que “già è mezzanotte”.
Di solito significa “geralmente” ou “normalmente”, indicando uma rotina ou hábito. Spesso significa “frequentemente”, destacando a repetição de algo. Normalmente é semelhante a “normalmente” em português, indicando algo comum ou esperado. Por exemplo: Di solito mangio pasta (Geralmente como macarrão), Vado spesso al cinema (Vou frequentemente ao cinema) e Normalmente piove in autunno (Normalmente chove no outono). Cada um expressa uma frequência diferente: di solito para hábitos, spesso para repetição e normalmente para o que é comum.
“Ora x Adesso”: ambas significam “agora”, mas ora é mais formal e literário, enquanto adesso é mais comum no dia a dia. Ora também pode ser usado em expressões fixas, como ora o mai (agora ou nunca).
Subito significa “imediatamente” ou “logo”, indicando algo que acontece sem demora. Presto significa “cedo” ou “em breve”, referindo-se a algo que acontecerá num futuro próximo. Pronto significa “pronto” ou “preparado”. Por exemplo: “Vengo subito!” (Já vou!), “Tornerò presto” (Voltarei em breve) e “Sono pronto” (Estou pronto).
Ao dizer que “eu faço isso todas as manhãs, todas as tardes e todas as noites”, você pode usar ogni para enfatizar cada manhã/tarde/noite individualmente (lo faccio ogni mattina, ogni pomeriggio e ogni sera) ou usar tutte para dar a ideia de um conjunto repetido de todos os períodos (lo faccio tutte le mattine, tutti i pomeriggi e tutte le sere).
Tutte le sere x Ogni sera: ambas significam “todas as noites”, mas tutte le sere é mais literal e enfático, enquanto ogni sera é mais comum e natural. Por exemplo: Vado in palestra tutte le sere (Vou à academia todas as noites) vs. Ogni sera leggo un libro (Toda noite leio um livro). Ogni sera é mais usado no cotidiano, enquanto tutte le sere pode ser usado para enfatizar a repetição.
Troppo e molto expressam quantidade ou intensidade, mas com nuances diferentes. Molto significa “muito” e é usado para indicar uma grande quantidade ou intensidade de algo, sem necessariamente implicar excesso. Por exemplo: Ho molto lavoro (Tenho muito trabalho). Já troppo significa “demais” ou “em excesso” e carrega uma conotação negativa, indicando que algo ultrapassou um limite desejável. Por exemplo: Ho troppo lavoro (Tenho trabalho demais). Por fim, più significa “mais” e é usado para indicar um aumento de quantidade/intensidade ou comparação. Por exemplo: Questo esercizio è più difficile (Este exercício é mais difícil). Tanto também significa “muito”, mas com uma nuance mais enfática ou expressiva. Così significa “assim, dessa forma, tanto assim” e está mais relacionado com modo ou grau do que com quantidade, mas também pode ser usado no sentido de indicar muito: “Perché sei così triste?” → “Por que você está tão triste?”
Verbo
Verbos são palavras que expressam ação, estado ou fenômeno, variando em tempo, modo, número e pessoa. São organizados em três conjugações, baseadas na terminação do infinitivo: -are, -ere, -ire. Quanto aos tempos verbais, segue um exemplo para cada usando o verbo “parlare” (falar) para a primeira pessoa do singular:
Tempo verbal | Italiano | Português |
---|---|---|
Presente indicativo | io parlo | eu falo |
Presente congiuntivo | che io parli | que eu fale |
Condizionale semplice | io parlerei | eu falaria |
Imperativo | parla! | fala! |
Gerúndio presente | parlando | falando |
Participio presente | parlante | falante |
Tempo verbal | Italiano | Português |
---|---|---|
Passato prossimo | ho parlato | eu falei |
Imperfetto | parlavo | eu falava |
Passato remoto | parlai | eu falei |
Trapassato prossimo | avevo parlato | eu tinha falado |
Trapassato remoto | ebbi parlato | eu tivera falado |
Condizionale composto | avrei parlato | eu teria falado |
Congiuntivo passato | che io abbia parlato | que eu tenha falado |
Trapassato congiuntivo | che io avessi parlato | que eu tivesse falado |
Gerúndio passato | avendo parlato | tendo falado |
Tempo verbal | Italiano | Português |
---|---|---|
Futuro semplice | parlerò | eu falarei |
Futuro anteriore | avrò parlato | eu terei falado |
Forma | Italiano | Português |
---|---|---|
Infinito presente | parlare | falar |
Infinito passado | avere parlato | ter falado |
Participio passado | parlato | falado |
O site italian-verbs e bab.la apresentam a conjugação completa de mais de 12 mil verbos italianos – incluindo os verbos reflexivos, são mais de 20 mil. Basta escrever o verbo na forma ativa (i.e.: amare, temere, finire, noi siamo, io vado, che tu sappia) ou na forma reflexiva (i.e.: lavarsi, vestirsi, io mi lavo, tu ti pettini), e aparecerá a conjugação desse verbo.
O modo indicativo é usado para expressar ações certas e reais, como em “parlo con lui”, enquanto o condizionale indica ações hipotéticas, desejos ou cortesias. O condizionale semplice refere-se a situações não confirmadas no presente ou futuro, como em “parlerei con lui, se potessi” (falaria com ele, se pudesse). Já o condizionale composto expressa hipóteses no passado, como em “avrei parlato con lui, ma ero occupato” (teria falado com ele, mas estava ocupado).
O passato prossimo e o passato remoto são dois tempos verbais usados para expressar ações passadas e com a mesma tradução no português, mas diferem no uso e na conotação temporal. O passato prossimo é usado para ações passadas com alguma ligação com o presente ou que ocorreram recentemente, sendo o tempo mais comum na linguagem falada, especialmente no norte e centro da Itália. Já o passato remoto refere-se a ações concluídas no passado distante, sem conexão com o presente, sendo mais frequente na linguagem literária, histórica ou falada no sul da Itália.
“Vorrei” e “voglio” são conjugações da primeira pessoa do singular do mesmo verbo: “volere” (querer). No entanto, elas pertencem a tempos verbais diferentes e expressam nuances distintas. “Voglio” está no presente do indicativo e expressa um desejo direto, imediato e assertivo – pro exemplo, “voglio un gelato” (eu quero um sorvete). Já “vorrei” está no condicional presente e expressa um desejo mais educado, menos direto e mais formal – por exemplo, “vorrei un caffè, per favore” (eu gostaria de um café, por favor).
No modo imperativo, os verbos terminados em -are, -ere e -ire apresentam formas diferentes, tanto no uso formal quanto informal:
Terminação | Informal (tu) | Formal (Lei) |
---|---|---|
-are (ex: scusare) | scusa! | scusi! |
-ere (ex: prendere) | prendi! | prenda! |
-ire (ex: partire) | parti! | parta! |
Ainda sobre o modo imperativo, só para “tu”, e só no imperativo negativo, é que se usa o infinitivo. Todas as outras pessoas usam formas conjugadas normalmente, mesmo no negativo. Isso acontece para trazer clareza. Por exemplo, a forma “tu parli” (você fala) é idêntica à forma afirmativa do presente do indicativo. Se usássemos isso no imperativo negativo (“Non parli!”), poderia parecer que estamos dizendo “Você não fala”, como uma afirmação, não uma ordem. Usar o infinitivo (non parlare!) deixa claro que se trata de uma ordem, e não de uma constatação.
No caso do tratamento informal (tu), o imperativo usa a segunda pessoa do singular, como em “fermati” (pare!) ou “vai via”/”va’via” (vá embora!). Já no tratamento formal, dirigido a “Lei” (segunda pessoa formal), o verbo vai para a terceira pessoa do singular no modo congiuntivo presente, como em “si fermi” (pare!) ou “vada via” (vá embora!). Os pronomes também mudam de posição: no imperativo informal afirmativo, os pronomes se unem ao verbo (“fermati!”), enquanto no formal eles vêm antes (“si fermi!”). Aplicando isso à ideia de uma placa como “proibido parar e estacionar”, uma versão informal seria algo como “non fermarti e non parcheggiare”, enquanto o modo formal, como se vê em sinalizações oficiais, seria “è vietato fermarsi e parcheggiare”.
Resumo dos tempos subjuntivos (fonte: “Dire, fare, arrivare”):
Reggente | Dipendente | Tempo del Congiuntivo | Rapporto |
---|---|---|---|
Elisa teme | che Tarcisio decida di tornare in Brasile | Presente | Contemporaneità al presente |
Elisa teme | che Tarcisio abbia deciso di tornare in Brasile | Passato | Anteriorità al presente |
Elisa temeva / ha temuto / temette / non vorrebbe | che Tarcisio decidesse di tornare in Brasile | Imperfetto | Contemporaneità al passato |
Elisa temeva / ha temuto / temette / non vorrebbe | che Tarcisio avesse deciso di tornare in Brasile | Trapassato | Anteriorità al passato |
Veja essa tabela com os verbos mais comuns em italiano:
Italiano | Português |
---|---|
essere | ser, estar |
avere | ter |
fare | fazer |
dire | dizer |
potere | poder |
andare | ir |
volere | querer |
dovere | dever, ter que |
sapere | saber |
stare | estar, ficar |
parlare | falar |
vedere | ver |
mangiare | comer |
bere | beber |
mettere | colocar |
prendere | pegar, tomar |
venire | vir |
capire | entender |
trovare | encontrar |
chiedere | pedir, perguntar |
Quando o verbo da oração principal (reggente) está em um tempo passado, o verbo da oração subordinada deve ser conjugado no condizionale composto (condicional passado). Essa regra é usada especialmente quando se expressa uma certeza, opinião, desejo ou expectativa em relação a uma ação que ainda não havia acontecido naquele momento do passado. Por exemplo, na frase em português: “Eu tinha certeza que ia chover”, temos o verbo principal no passado (“tinha”) e uma expectativa futura dentro do passado (“ia chover”). Essa estrutura se traduz como: “Ero sicura che avrebbe piovuto”, onde “ero sicura” está no imperfetto (tempo passado) e “avrebbe piovuto” no condizionale composto, respeitando a sequência temporal correta entre as orações.
A ordem básica é Sujeito + Verbo + Objeto (Io mangio la pizza, “Eu como a pizza”), mas isso é flexível. Os pronomes clíticos (de uma só sílaba e átonos) frequentemente vêm antes do verbo (Mi piace la pizza, “Eu gosto de pizza”). Concordância rigorosa em gênero e número entre artigos, substantivos, adjetivos e particípios passados.
A forma passiva é usada para enfatizar a ação sofrida pelo sujeito, em vez de quem a realiza. Ela é formada com o verbo essere conjugado no tempo adequado, seguido do particípio passado do verbo principal, concordando em gênero e número com o sujeito da frase. Opcionalmente, o agente da ação pode ser introduzido com a preposição da (por). Por exemplo, a seguinte frase na forma ativa, “Maria scrive il libro”, ao ser transformada para a forma passiva fica “Il libro è scritto da Maria”. Falsi amici: “da” indica quem faz a ação na passiva, enquanto “per” indica para quem a ação é feita, por isso não é “per Maria”.