A pequena comuna francesa de Thiers-sur-Thève, com pouco mais de mil habitantes, fica na região administrativa de Altos da França, no departamento de Oise. Ela fica a 64 km do aeroporto de Beauvis e 50 km de Paris. Aninhada nas margens do rio Thève, esta pitoresca vila é um testemunho vivo do patrimônio cultural e arquitetônico da França rural.

A história de Thiers-sur-Thève remonta aos tempos medievais, quando a região era frequentemente cenário de conflitos e batalhas entre senhores feudais e reinos em expansão. O nome “Thiers” é derivado do termo celta “terra”, uma homenagem à sua rica herança agrícola que sustentou a comunidade ao longo dos séculos.
Durante a Idade Média, Thiers-sur-Thève prosperou como uma vila agrícola, com suas terras férteis e abundância de água proporcionando sustento para seus habitantes. Castelos e fortificações foram erguidos para proteger a população dos tumultos da época, e vestígios dessas estruturas defensivas ainda podem ser vistos hoje, adicionando uma aura de mistério e romance à paisagem rural.
O Castelo de Thiers, construído por Thibault de Beaumont e sua esposa Jeanne por volta de 1250-1260, foi vendido para o bispo de Beauvais em 1276. Durante um breve período em 1310-1311, o castelo deteve onze Templários aguardando julgamento. Posteriormente, serviu como residência de campo para os bispos até ser parcialmente destruído durante a Grande Jacquerie em 1358. Embora uma comissão tenha recomendado sua restauração, a decisão foi abandonada. Permaneceu propriedade dos bispos de Beauvais por mais dois séculos, até ser desmantelado em 1431, com torres e muralhas rebaixadas. Em 1624, foi concedido a Estienne Chantrelle, com a obrigação de construir uma casa sem demolir as ruínas. O castelo era uma pequena fortaleza quadrada, com torres redondas nos cantos e no meio das muralhas. A habitação e dependências estavam ao longo da muralha sul, com uma grande sala cerimonial no piso superior e uma capela na torre sudeste. A guerra Franco-Prussiana resultou na demolição da empena oeste em 1870. Atualmente, o interior é dividido em propriedades privadas e não é acessível ao público.
A Église Saint-Martin atual é o resultado de várias reconstruções ao longo dos séculos. A nave única de três tramos e o coro com abside octogonal formam partes separadas. Não têm abóbadas, apenas tetos de madeira e gesso, sem ornamentação. Reconstruída em 1473 devido à Guerra dos Cem Anos, em 1641 e novamente em 1782/1783. O atual campanário foi construído em 1848 após um incêndio. Thiers e Pontarmé compartilharam uma paróquia com duas igrejas, mas apenas um presbitério e um padre.
Seguindo pela Rue de Senlis, perto da ponte sobre o Thève, está o Lavoir communal: uma antiga lavanderia comunitária, formada de um pequeno edifício retangular com uma única porta gradeada, protegido por telhados inclinados em três lados. No outro sentido da mesma rua, esquina com Rue de Mortefontaine, está um calvário datado de 1883 com uma pequena cruz de ferro finamente trabalhada em cima de uma coluna com capitel esculpido.
Ao longo dos séculos, Thiers-sur-Thève testemunhou os altos e baixos da história francesa. Na Segunda Guerra Mundial, foi caminho de passagem de soldados nazistas. A vila sobreviveu a invasões, guerras e transformações políticas, sempre mantendo sua identidade única e seu charme intemporal. Hoje, Thiers-sur-Thève é um refúgio tranquilo longe do bulício das cidades modernas, onde os visitantes podem explorar suas ruas de paralelepípedos, admirar suas antigas igrejas e capelas, e relaxar nas margens sinuosas do rio Thève.
A comuna está localizada no extremo sul da Floresta de Chantilly: um maciço florestal de 6.344 hectares composto por territórios de dezesseis municípios. Formada ao longo de séculos pelas aquisições dos senhores de Chantilly, tem como principal função servir como reserva de caça. Propriedade do Instituto da França desde 1897, é gerida pelo Escritório Nacional das Florestas.

Logo ao sul de Thiers-sur-Thève, seguindo pela A1, está o Parc Astérix – já na comuna de Plailly. Inspirado nas histórias em quadrinhos de Asterix e Obelix, ele oferece uma variedade de atrações, shows e entretenimento temático baseado nas aventuras dos personagens gauleses. O parque é especialmente popular entre famílias e fãs da série de quadrinhos, proporcionando uma experiência imersiva no mundo de Asterix e Obelix, com montanhas-russas emocionantes, espetáculos ao vivo, áreas temáticas e restaurantes com comida típica da Gália.
Seguindo a leste para dentro da Floresta de Ermenonville, está o Mémorial de la catastrophe aérienne du 3 mars 1974. A catástrofe aérea de 3 de março de 1974 foi causada pelo acidente de um voo da Turkish Airlines, operando um McDonnell Douglas DC-10 que partia de Paris com destino a Londres. Com 346 pessoas a bordo, o avião enfrentou uma falha técnica crítica logo após a decolagem, resultando na perda de controle e colisão com a floresta, com incêndio devastador que não deixou sobreviventes. A investigação posterior atribuiu a falha à deficiência na porta de carga traseira da aeronave e deficiências de projeto e manutenção.
Já se seguir para noroeste de Thiers-sur-Thève, em menos de 10 km de estrada está a comuna de Chantilly. Rica em história e beleza arquitetônica, é mais notavelmente reconhecida por seu magnífico Castelo de Chantilly. Este ícone arquitetônico, construído nos séculos XIV e XV, é um testemunho impressionante da opulência e do esplendor da aristocracia francesa. Ao longo dos séculos, o castelo foi palco de eventos históricos significativos e abriga uma vasta coleção de arte, incluindo pinturas, esculturas e manuscritos raros. Além do castelo, Chantilly é conhecida por seus belos jardins paisagísticos, seu hipódromo de renome internacional e sua atmosfera elegante e sofisticada, tornando-a um destino encantador para visitantes que desejam mergulhar na história e na cultura francesas.

Existe uma história que François Vatel, chef do Castelo de Chantilly na França de Luís XIV, possivelmente inventou uma versão mais barata do creme de leite. Utilizando o leite gordo da região, ele obteve um produto semelhante, porém mais acessível e durável. Embora inicialmente houvesse preconceito devido à confusão com outros cremes, o creme de chantilly vegetal de Vatel acabou por se tornar popular devido à sua resistência ao calor, longa vida útil e sabor excepcional.