Sustentabilidade e Tecnologia

A partir da definição de sustentabilidade, vemos a importância do modelo econômico ao buscar essa meta. Deve ser realizada uma discussão crítica a respeito das repercussões sociais e ambientais desse modelo adotado, assim como das reais intenções políticas envolvidas. Ser sustentável está longe de só sair plantando árvores (muitas vezes exóticas) e colocando lixo na lixeira escrita “recicláveis” (que muitas vezes vai para um lixão comum).

Também partindo da definição do termo tecnologia, podemos observar que existe uma crença de que a tecnologia irá resolver todos os problemas da humanidade, sem que seja necessária uma mudança de hábitos ou de modelo econômico. Temos vários exemplos em setores como o de energia, água e informática.

Veja os slides dessa palestra dada a curso técnico de administração com abordagem crítica dos conceitos de sustentabilidade e tecnologia (link para arquivo):

Energia

Ao usar petróleo como matriz energética, tira-se o carbono que foi enterrado a milhões de anos quando o mesmo começou a se formar e devolve para a atmosfera sob a forma de gás carbônico. Esse é um dos principais gases de efeito estufa, o que contribui para o aquecimento global. Ao usar um carro movido a energia elétrica, alguma coisa foi poluída para a energia ir até a sua tomada e recarregar as baterias do carro. O Brasil ainda tem uma planta geradora de eletricidade relativamente limpa que é através de hidroelétricas. Mas mesmo a represa gera gás metano devido à decomposição de toda matéria orgânica que foi submergida na época de sua formação. No caso do EUA, cuja matriz energética é através de termoelétricas, houve queima de carvão para gerar a energia elétrica.

Para fazer a bateria, são utilizados metais pesados, que são um recurso finito e que contaminam uma grande área quando descartados incorretamente, gerando um grande impacto ambiental. Para fazer um painel de captação de energia solar, é necessário minerar muito o solo para extrair o silício puro usado em sua confecção. Assim, é necessário um grande gasto energético para fazer uma placa de energia solar. Os novos carros desenvolvidos estão com motores cada vez mais eficientes, mas o que fazer com os antigos? Ao se desfazer de um, é gerado um monte de lixo, cuja reciclagem exige toda uma logística, gastos com transporte, energia, mão de obra e não é todo o carro que consegue ser sempre reciclado.

Outra alternativa é o etanol, que pega o gás carbônico do ar de volta para o seu crescimento (por isso chamada de energia renovável). Durante toda a evolução da sociedade humana, foi preciso gerar comida para os humanos e para o serviço (por exemplo, comida para o cavalo, para o trabalhador, etc). Até que o ser humano descobriu que poderia usar a queima de petróleo e derivados para gerar energia, e a comida que fica sobrando serve para alimentar mais pessoas. Ao usar o etanol, é o caminho inverso: utiliza-se uma área nobre de plantio, que poderia gerar alimentos, para gerar uma matriz energética. Se essa for uma alternativa que dê mais dinheiro, os produtores preferirão esse cultivo, e o preço dos alimentos vai subir. Isso sem contar o impacto com queimada para colheita e limpeza de terreno, poluição dos solos, impactos ecológicos e sociais de gigantescas monoculturas mecanizadas, enorme consumo de água, produção de adubo e fertilizantes (cujas indústrias são muito poluidoras), etc.

Lixo digital e reciclagem

O mercado de informática cresce a cada ano, e em conjunto com a obsolescência programada, é cada vez maior a quantidade do chamado lixo digital. Obsolescência programada é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar e distribuir um produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto.

Muitos países emergentes, como Índia, China, Paquistão e países africanos, têm se tornado destino do “e-lixo” de países desenvolvidos, por terem mão de obra barata. O lixo digital muitas vezes possui metais pesados e tóxicos em sua composição, como cádmio, mercúrio, arsênio, cromo, zinco, chumbo e outros, oriundos principalmente de baterias, que podem contaminar o solo. Além disso, o tempo de decomposição da maioria dos componentes é da ordem de décadas.

A primeira forma de reduzir o problema seria reduzindo a produção e o consumo. A segunda forma é a reciclagem, sendo necessário um espaço para desmonte do material e encaminhar cada parte para sua reciclagem específica. 94% dos componentes de um computador são recicláveis. Plástico, tela, disco e vidro podem ser destinados para fabricação de brinquedos, outros componentes de informática, etc. Peças internas contém ouro, prata, estanho e outros metais, mas que exigem uma tecnologia mais apurada para sua extração. Das baterias, é possível extrair pó de cobre e de níquel, que virariam matéria-prima para várias indústrias.

O site eCycle mostra vários postos de doação e de reciclagem de diferentes objetos, conforme a localização fornecida, assim como notícias e ideias sobre reciclagem. Existem projetos que revertem a renda obtida em atividades de inclusão social.

Veja mais sobre os vídeos do “A história das coisas” clicando nesse link.

Fontes

USP cria centro para reciclar eletrônicos

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