Meteoro em Portugal ilumina céu do país

Nos últimos minutos da noite de 18 de maio de 2024, um grande clarão iluminou o céu de Portugal. Relatos de uma bola de luz de cor entre verde e azul foram registrados do Porto a Lisboa, e em diversas outras regiões de Portugal, além de partes da Espanha. Após o avistamento, houve um estrondo seguido de uma explosão. Segundo a Proteção (Defesa) Civil, o fenômeno foi causado por um meteoro que atingiu a região de Pinheiro, pertencente à vila de Castro Daire, no distrito de Viseu.

Registro de meteoro que caiu em Castro Daire visto a partir de rodovia. Fonte: Reprodução/Twitter
Registro de meteoro que caiu em Castro Daire visto a partir de rodovia. Fonte: Reprodução/Twitter

Relatos de um clarão foram confirmados por volta das 01:20, levando as equipes a patrulharem também parques eólicos próximos. Durante a madrugada, a Proteção Civil desmobilizou as equipes de socorro em Castro Daire após não encontrarem nada durante a noite, conforme informou uma fonte do Comando Sub-regional de Viseu por volta das 02:45. Seis veículos com 20 operacionais da GNR e dos bombeiros de Castro Daire patrulharam as áreas de Pereira e da serra de Montemuro.

Os relatos começaram a surgir nas redes sociais pouco antes da meia-noite, mencionando um clarão visto em várias regiões do país. Quando um bólido entra na atmosfera, ele pode seguir um trajeto longo, explodir e fragmentar-se em pedaços menores. Avistamentos foram registrados em cidades como Madrid, Jaen, Viseu, Braga, Vila Real, Porto e Lisboa. As notícias dadas pelo site Observador e pela SIC apresentam um compilado de relatos nas redes sociais. Os pedaços da rocha, apesar de geralmente pequenos, podem causar danos se forem grandes.

A queda de meteoritos, enquanto fenômeno não raro, é geralmente composta de pequenos detritos que formam as conhecidas chuvas de estrelas. No entanto, meteoritos brilhantes como o observado são menos comuns e de beleza extraordinária. Meteoro refere-se à luz brilhante da rocha que se incendeia ao entrar na atmosfera, enquanto meteorito é o que resta dessa rocha ao cair na Terra. Informações oficiais sobre o evento serão fornecidas pelo Instituto de Astrofísica de Andaluzia, que monitora continuamente a atmosfera através do projeto SMART.

Atualizações: Segundo o astrofísico José María Madiedo, responsável pelo projeto SMART do instituto, o meteroide observado às 23:46 de sábado não chegou ao solo. Ter-se-á extinguido a 54 quilómetros de altura, sobre o oceano Atlântico, já acima da zona do Porto e Braga, depois de um trajeto rasante (muito baixo, menos de 10 graus) de cerca de 500 quilómetros em que cruzou Portugal para noroeste, desde que entrou na atmosfera na zona de Badajoz, a uma altitude então de 122 quilómetros e a cerca de 161 mil quilómetros por hora. No entanto, nesse seu trajeto, a rocha incandescente sofreu várias explosões que são visíveis no vídeo divulgado pelo instituto. Isto significa que a pedra se parte, fragmenta — nessa altura fica ainda mais brilhante e podem ouvir-se barulhos —, e esses fragmentos ou detritos podem chegar ao solo. Como, devido à fricção com o ar, as temperaturas atingem facilmente os 25 mil graus e seus componentes se vaporizam: quando o níquel se vaporiza, resulta em uma cor verde, e o magnésio, uma cor azul. O Instituto Português do Mar e Atmosfera afirmou que “na rede sísmica foi detetado algum estremecer devido à onda de choque” gerada pelo bólido, percebida como explosões pelas pessoas. (fonte: Observador.pt)

Até qual distância pode-se ver um meteoro?

Para determinar o raio máximo na superfície da Terra a partir do qual um observador pode ver o clarão de um meteorito entrando na atmosfera, precisamos considerar alguns fatores astronômicos e geométricos, como a altura em que o clarão ocorre e a curvatura da Terra.

Vamos assumir que o clarão ocorre a uma altura de aproximadamente 100 km acima da superfície da Terra. A maior parte dos meteoros começa a brilhar visivelmente quando atingem altitudes entre 80 km e 120 km. Este fenômeno ocorre devido à compressão do ar na frente do meteoro, que aquece o ar a temperaturas extremamente altas, fazendo o meteoro incandescer. Durante chuvas de meteoros, como as Perseidas ou as Geminidas, os observadores frequentemente reportam altitudes de incandescência na faixa de 90-100 km, o que é confirmado por modelos teóricos (densidade do ar é suficiente para causar a intensa fricção necessária para aquecer e vaporizar o meteoro) e medições feitas por satélites e radares que monitoram a entrada de objetos na atmosfera.

A Terra tem um raio médio de aproximadamente 6371 km. Para encontrar o raio máximo R a partir do qual o clarão é visível, podemos usar a geometria de um círculo e a linha de visão tangente ao ponto onde ocorre o clarão. Podemos usar a fórmula da linha de visão para um observador na superfície da Terra olhando para um ponto a uma altura h:

\(d = \sqrt{(R_{\text{Terra}} + h)^2 – R_{\text{Terra}}^2}\)

onde:

  • d é a distância máxima na superfície da Terra a partir do ponto diretamente abaixo do clarão até o ponto onde o clarão é visível.
  • \(R_{\text{Terra}}\) é o raio da Terra (6371 km).
  • h é a altura do clarão (100 km).

Substituindo os valores na fórmula, temos que o raio máximo na superfície da Terra a partir do qual um observador pode ver o clarão de um meteorito queima a 100 km de altura é de aproximadamente 1117 km.

Mapa com raio de 1117 km a partir de Castro Daire (Portugal), onde o avistamento ocorreu mais próximo do solo. Mapa gerado por CalcMaps
Mapa com raio de 1117 km a partir de Castro Daire (Portugal), onde o avistamento ocorreu mais próximo do solo. Mapa gerado por CalcMaps

Dentro dessa área, outros fatores podem influenciar a observação. A uma grande distância, o clarão de um meteorito pode parecer muito pequeno no céu, especialmente se o brilho não for extremamente intenso. A curvatura da Terra também pode ocultar parcialmente ou totalmente o fenômeno para observadores a distâncias extremas. Montanhas, árvores, edifícios e outros obstáculos no horizonte podem bloquear a linha de visão direta ao clarão, especialmente se o observador estiver em um terreno irregular ou em áreas urbanas densas. Em áreas com alta poluição luminosa, como cidades, o brilho do meteorito pode ser ofuscado. Além disso, o clarão será mais visível à noite, quando o céu está mais escuro.

A uma longa distância, a quantidade de atmosfera entre o observador e o clarão aumenta, o que pode reduzir significativamente a intensidade do brilho percebido. A espessura óptica da atmosfera (medida de atenuação da luz à medida que ela passa através da atmosfera) interfere na visibilidade devido à dispersão e absorção de luz devido a partículas, aerossóis e moléculas presentes na atmosfera. Nuvens, neblina, chuva, alta umidade, poluição e outras condições meteorológicas adversas podem bloquear ou dispersar a luz, tornando o clarão menos visível ou completamente invisível a partir da superfície.

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