Júlio Verne

Jules Gabriel Verne (1828-1905), mais conhecido como Júlio Verne nos países de língua portuguesa, é um escritor francês e cuja obra, que contém mais de 100 livros, é uma das mais traduzidas em todo o mundo. Também é considerado por críticos literários o inventor do gênero de ficção científica, tendo escrito sobre o aparecimento de avanços científicos que surgiriam e se tornariam viáveis somente no século seguinte, como os submarinos, as máquinas voadoras, a viagem à Lua e outras previsões. Para saber mais sobre o autor (e também um pouco mais de seus livros), veja o SciCast 44: o maravilhoso mundo de Júlio Verne.

Veja o resumo de algumas de suas principais obras (a lista completa pode ser consultada no link). Conselho: veja os títulos e leia nessa ordem, depois veja as resenhas, pois tem muitos SPOILERS!!! Essa lista são dos livros que li. É muito fácil encontrá-los em bibliotecas públicas, sebos e até na internet, já que estão em domínio público – tudo em português. Entretanto, existem versões que cortaram trechos de um capítulo ou mais, então compare com outros exemplares para não faltar nenhum pedaço em sua leitura. As ilustrações originais dos livros podem ser vistas clicando nos links, sendo que algumas foram colocadas nesse post.

Cinco semanas em um balão (1863)

Relata uma grandiosa viagem passada em meados do séc. XIX, que teve como objetivo atravessar o continente africano de leste a oeste, usando como veículo um balão de hidrogênio. O criador deste aparelho é o britânico Dr. Fergusson, que junto com o seu criado Joe, e o seu grande amigo, o escocês Dick Kennedy, partem de Zanzibar com o intuito de atravessar o continente segundo uma rota mais ou menos paralela à linha do equador a bordo do Victoria.

Le croquis du docteur Fergusson - Édouard Riou e Henri de Montaut (ilustração para o livro "Cinco semanas em um balão")
Le croquis du docteur Fergusson – Édouard Riou e Henri de Montaut (ilustração para o livro “Cinco semanas em um balão”)

Dentre seus grandes objetivos, estão a descoberta da nascente do grande rio Nilo e conhecer da região central de África, ainda uma incógnita nas cartas geográficas do continente. Enfrentam inúmeros perigos, como nativos aguerridos, animais ferozes nunca antes vistos por olhos europeus e paisagens desoladas.

Viagem ao centro da terra (1864)

O renomado cientista e professor de geologia e mineralogia alemão Otto Lidenbrock encontrou um manuscrito em código rúnico escrito por um antigo alquimista islandês do século XVI. Otto o decifra e descobre que, segundo o alquimista, quem desce a cratera do vulcão Sneffels, situado na Islândia, antes do início de julho, se chega ao centro da Terra, sendo que o próprio islandês teria feito esse percurso.

Nous descendions une sorte de vis tournante - Édouard Riou (ilustração para o livro "Viagem ao centro da terra")
Nous descendions une sorte de vis tournante – Édouard Riou (ilustração para o livro “Viagem ao centro da terra”)

Junto com seu sobrinho Axel, partiram para a Islândia. Contratou um caçador de gansos islandês, Hans Bjelke, para servir-lhes de guia até o vulcão e de ajudante na sua longa jornada no interior da Terra. Já abaixo da superfície terrestre, estes três homens desceram corredores e galerias, passando por vários obstáculos e empecilhos, (falta de água, falta de comida, a perda de Axel, etc) até que chegaram a uma galeria de dimensões colossais que continha no seu interior um oceano, ilhas, nuvens e até mesmo luz, gerada por um fenômeno elétrico desconhecido.

Além disso, lá existiam formas de vida que na superfície eram consideradas extintas há muitos milhares de anos, como dinossauros e homens das cavernas. Os três exploradores tiveram de construir uma jangada para viajar em um oceano interno. Resistiram a uma tempestade de vários dias que os levou à margem oposta do oceano, onde encontraram a passagem para o centro da Terra. No entanto, a passagem estava bloqueada por um desabamento de terras recente. Hans colocou pólvora em torno da passagem e explodiu com o obstáculo, fazendo com que a jangada onde os três estavam fosse puxada para uma chaminé de um vulcão. Devido a uma erupção, foram expelidos de volta para a superfície terrestre. Quando estabeleceram contato com os habitantes locais, descobriram que tinham saído no vulcão Stromboli, localizado a norte da Sicília. Ou seja, percorreram mais de cinco mil quilômetros nesse mundo paralelo.

Da Terra à Lua (1865)

O Gun Club (Clube do Canhão) é uma organização americana especializada em armas de fogo, canhões e balística em geral, com a ideia em construir um enorme canhão para arremessar um projétil de forma cilindro-cônica à Lua. Nessa época, era comum observar as obras de Verne enaltecendo o espírito empreendedor dos norte americanos, frente aos históricos inimigos franceses: os ingleses. Coincidentemente, local de partida da nave em Tampa, nos EUA, apenas a 30 km de distância de onde realmente sairia a Apollo 11.

O aventureiro francês Michel Ardan propõe que o projétil lançado seja tripulado e se apresenta como candidato a “astronauta”. Depois desta surpreendente proposta, dois dos membros do “Gun Club” também embarcam nesta “loucura”. Coincidentemente, a missão Apollo 11, que levaria o homem à Lua 100 anos depois, também contaria com três astronautas. Para que este empreendimento se realizasse, foram construídos um canhão, uma bala oca, e um telescópio, todos de dimensões até então impensáveis, sendo usado um enorme volume de pólvora. Existem cálculos e conceitos físicos apresentados no livro para tornar o intento viável.

Le train de projectiles pour la Lune - Henri de Montaut (ilustração para o livro "Da Terra à Lua")
Le train de projectiles pour la Lune – Henri de Montaut (ilustração para o livro “Da Terra à Lua”)

Depois de disparada, a bala quando se aproximou da Lua e entra em órbita do nosso satélite natural, em vez de alunissar (pousar em solo lunar). Os três passageiros apenas tinham mantimentos para 2 meses, ficando a saga em aberto. O futuro dos três astronautas, é descrito na obra “À volta da Lua”.

Veja mais na resenha do site Meteorópole, que destaca alguns dos aspectos científicos abordados no livro, como a opção de fazer o lançamento o mais perto possível da linha do Equador, onde a velocidade de rotação da Terra é maior do que qualquer outra região do planeta.

À volta da Lua (1869)

O projétil tinha toda a trajetória previamente definida para, segundo os cálculos, acertar em cheio na Lua. Mas, durante a viagem, um asteroide passou perto da bala que, devido a sua grande massa e às leis da gravidade, afetou essa mesma trajetória. Assim, dirigiu-se para a zona centro do disco lunar, dirigiu-se para o pólo norte e não chegou a entrar em contato com a Lua. Em vez disso, entrou em órbita da Lua. Eles conseguiram observar, devido à luz produzida pelo choque de dois asteroides, alguma vegetação e água na Lua na parte não visível da Terra.

Il me semble que je les vois - Émile-Antoine Bayard e Alphonse de Neuville (ilustração para o livro "À volta da Lua")
Il me semble que je les vois – Émile-Antoine Bayard e Alphonse de Neuville (ilustração para o livro “À volta da Lua”)

Depois de terem completado uma translação completa em torno da Lua, tentaram dirigir-se contra a Lua através do auxílio de foguetes instalados no projétil, que serviriam para ajudar a amortecer a queda. Conseguiram pousar, mas por algum erro de cálculo, o projétil depois foi tirado da influência da gravidade da Lua para entrar na da Terra, e como ia impulsionado no sentido do planeta, acabou retornado. Caíram no Oceano Pacífico junto à costa americana, e foram avistados por um navio, que rapidamente foi a Terra em busca de auxílio. Depois de vários dias de buscas, encontraram o projétil flutuando e seus passageiros jogando poker.

Vinte mil léguas submarinas (1870)

Professor Aronnax, naturalista francês, Conseil, seu criado, e Ned Land, arpoador exímio de nacionalidade canadiana, partem no navio Abraham Lincoln da marinha norte-americana, juntamente com toda a sua tripulação, com o intuito de caçar um monstro marinho, um narval gigante, e livrar os mares de tal aberração. No contato com o monstro, o Abraham Lincoln é danificado até ao ponto de não conseguir prosseguir viagem.

C’était un calmar de dimensions colossales - Alphonse de Neuville e Édouard Riou (ilustração para o livro "Vinte mil léguas submarinas")
C’était un calmar de dimensions colossales – Alphonse de Neuville e Édouard Riou (ilustração para o livro “Vinte mil léguas submarinas”)

Os aventureiros são atirados ao mar e recolhidos pelo submarino Náutilus, completamente autônomo do meio terrestre, movido somente a eletricidade. O engenheiro, dono e capitão de tal feito, é o capitão Nemo, que com sua tripulação cortaram todas as relações com os continentes e com a humanidade. São feitos prisioneiros, mas com a liberdade de poderem andar à vontade neste navio que navega abaixo do nível do mar.

A volta ao mundo em oitenta dias (1872)

Phileas Fogg, um senhor inglês solitário e entediado com seu dia a dia, faz uma aposta com os amigos do Reform Club de que qualquer um seria capaz de dar uma volta ao mundo em apenas 80 dias. Valendo 100 milhões de libras, diz que estaria de volta no dia 21 de Dezembro de 1872. Parte com seu criado Jean Passepartout, um francês que acabara de ser contratado, pegando um trem para o sul da Europa e, de lá, um vapor para Suez, na África. No seu encalço, entretanto, segue um detective inglês, convicto de que havia sido Fogg quem roubara um banco londrino.

Depois pegam outro navio em Suez com destino a Bombaim, cidade na costa oeste da Índia. Fix continua a segui-los de perto. Já em Bombaim, os dois pegam um trem para Calcutá, na costa leste indiana. Como a ferrovia estava inacabada, tiveram que descer na metade do caminho e andar de elefante até chegar ao outro ponto da rede, onde haveria outro trem. No caminho, presenciam um estranho ritual nativo: uma bela mulher era carregada para ser queimada viva junto ao corpo do marido, já morto, conforme o costume local. Fogg decide dar meia volta e resgatar a moça, Aouda.

Chegam por fim a Calcutá, parindo para Hong Kong em um navio, ainda seguidos por Fix. Em Hong Kong, Fix leva Passepartout a um bar da cidade e decide contar a razão de os estar seguindo. Passepartout, fiel ao seu patrão, não acredita em no detective e Fix deixa o francês embriagado. Fogg acaba por perder o navio que os levaria a Yokohama, no Japão. Passepartout, desorientado, embarca para Yokohama, mas deixando seu amo para trás. O cavalheiro não se faz de vencido e aluga um barco para levar a senhorita Aouda, Fix (o qual pensa ser um amigo) e ele para o porto de Xangai, na China. Lá, conseguem pegar um outro navio para Yokohama.

Le monument s’écroula comme un château de cartes - Alphonse de Neuville e Léon Benett (ilustração para o livro "A volta ao mundo em oitenta dias")
Le monument s’écroula comme un château de cartes – Alphonse de Neuville e Léon Benett (ilustração para o livro “A volta ao mundo em oitenta dias”)

Passepartout, faminto e derrotado, passa a trabalhar em um circo de Yokohama, que depois iria para os EUA. Seu objetivo era terminar a viagem para seu amo. Por acaso, Fogg assiste ao espetáculo de que Passepartout participava. Com o reencontro, pegam outro navio e seguem para São Francisco, Estados Unidos. Os quatro pegam um trem para Nova Iorque, na recém-inaugurada ferrovia que corta os EUA de oeste a leste. No meio do caminho um bando de índios Sioux ataca o trem e leva Passepartout como refém. Seu dedicado amo não pensa duas vezes ao ir resgatá-lo e prosseguir viagem. Chegam atrasados a Nova Iorque, tendo perdido o navio que partira de lá para Liverpool, mas Fogg consegue alugar outro navio que os levaria até a costa inglesa. Quando chegam ao Reino Unido, ainda em tempo de Fogg ganhar a aposta, Fix consegue prendê-lo.

Descobre-se, entretanto, que o verdadeiro ladrão já havia sido preso há três dias, e após algumas horas Fogg é solto. Partem em correria para Londres, mas chegam cinco minutos atrasados e nem passam pela frente do clube. Fogg, no outro dia, profundamente abatido, vai conversar com Aouda, e ela acaba pedindo-o em casamento. Passepartout vai correndo para a igreja marcar a cerimônia para o dia seguinte. Ao chegar lá, percebe que, ao contornar o mundo indo sempre para leste, Fogg ganhara um dia de vantagem, o que não havia notado.

Em uma época que não havia internet nem meios eficientes de telecomunicação, esse livro era uma forma de conhecer terras longínquas sem sair do lugar. Veja mais na resenha do site Meteorópole, que destaca aspectos de Meteorologia na obra.

A ilha misteriosa (1873-1875)

Durante a época da Guerra Civil americana, cinco prisioneiros de guerra que estavam em Richmond decidem fugir em um balão. Após voarem durante vários dias debaixo de uma tempestade, eles caem sobre uma ilha vulcânica não cartografada e aparentemente desabitada. A ilha Lincoln, batizada assim em homenagem a Abraham Lincoln, era dividida em dois lados, um dos quais era árido, demonstrando erupção antiga do vulcão. Com os conhecimentos e habilidades do engenheiro Smith, os cinco conseguem sobreviver na ilha.

Encontraram no mar uma garrafa com um pedido de socorro, então, decidem usar o barco que construíram para explorar outra ilha, chamada de Ilha Tabor, onde eles acham que há um náufrago. Quando lá chegam, encontram Ayrton, que vivia como um animal selvagem e tentam ajudá-lo. No caminho de volta, eles enfrentam uma tempestade, mas encontram o caminho de volta graças a uma fogueira na ilha, que ninguém lembra de ter acendido. Acabam percebendo aí uma influência misteriosa na ilha, que os ajudou em diversas situações. Depois de algum tempo, chegam alguns piratas à Ilha Lincoln, que são parte da tripulação de piratas da qual Ayrton fazia parte. O navio pirata é destruído inexplicavelmente e os piratas são encontrados mortos, mas sem ferimentos aparentes.

La position n’était plus tenable - Jules-Descartes Férat (ilustração para o livro "A ilha misteriosa")
La position n’était plus tenable – Jules-Descartes Férat (ilustração para o livro “A ilha misteriosa”)

Finalmente, o segredo da ilha é revelado. A ilha é o esconderijo do submarino Nautilus e do Capitão Nemo. Pouco depois de ser encontrado pelos náufragos, Nemo morre de velhice. A ilha explode numa erupção vulcânica, conforme alertados pelo Capitão Nemo antes de morrer. Os náufragos sobrevivem no pedaço da ilha que fica acima do nível do mar e são salvos pelo navio “Duncan”, que tinha vindo resgatar Ayrton.

Esse final ficou bem melhor que o da série “Lost”, não é mesmo? O suspense de o que está acontecendo de estranho é o ponto forte. Fica aquela expectativa de se está acontecendo algo natural ou sobrenatural (se fosse um livro do Stephen King, com certeza seria algo sobrenatural rsrs), e que bom que foi algo completamente explicável. Além disso, reaparece um grande personagem, de uma outra boa história do mesmo autor.

Miguel Strogoff, o correio do czar (1876)

Ambientado no longínquo império russo, narra as aventuras do intrépido herói, que necessita percorrer 5.500 km de obstáculos quase insuperáveis, entre os exércitos de traidores do czar, para entregar ao Grão-Duque, na cidade de Irkutsk, na Sibéria, uma mensagem secreta que o soberano lhe confiara. Suportando todo o tipo de dificuldades e de obstáculos, submetido a humilhações e tortura durante esse longo percurso pelo exótico interior do continente asiático, o herói surge como um modelo de perfeição e virtude, forte e corajoso, a quem nada consegue deter no cumprimento de sua missão. Capturado, é submetido ao suplício da espada em brasa com que tentam cegá-lo. O traidor Ogareff insinua-se junto do Príncipe fazendo-se passar por Miguel Strogoff. Veja mais em O imaginário dos livros.

A Jangada – 800 léguas pelo Amazonas (1881)

Apesar de nunca ter visitado o Brasil nem a Amazônia, Verne consultou muitas fontes para escrever seu romance ambientado na Amazônia de 1850. Ele conta a história de uma viagem empreendida pela família de um próspero fazendeiro instalada em Iquitos. Para tanto, é construída uma gigantesca aldeia flutuante que se deixa levar pela correnteza.

Ilustração de A Jangada, por Bennett
Ilustração de A Jangada, por Bennett

A primeira parte do livro é bastante descritiva em vários aspectos amazônicos, como flora, fauna, hidrografia, povos indígenas, etc. A segunda parte passa principalmente em Manaus, onde o foco são os desdobramentos relacionados a um visitante misterioso da jangada, uma carta criptografada e o passado do protagonista. Seu objetivo confesso é ir a Belém para casar a filha com um colega de estudos do irmão. No entanto, também pretende conseguir, correndo o risco da sua efetiva execução, a revisão da sentença que o condenou injustamente à morte pelo caso de um roubo de diamante vinte e seis anos antes.

O raio verde (1882)

A jovem Helena Campbell estava em busca do Raio Verde, pois segundo contava a lenda, quem o visse encontraria o seu amor verdadeiro. Aristobulus Ursiclos, seu admirador, vai fazer de tudo para conquistar o amor da bela jovem, mesmo que ele tenha que atrapalhar os planos de encontrar “o raio verde”.

Esse fenômeno óptico geralmente ocorrem ao nascer ou ao pôr do sol, quando uma pequena mancha verde fica visível por um curto período de tempo acima do sol, ou próximo dele, ou também se mostra sobre o ponto do anoitecer. Isso ocorre devido à refração da luza solar ao entrar na atmosfera terrestre. Como em um prisma, o feixe de luz se move mais lentamente no baixo horizonte, devido a densidade do ar, de modo que a luz segue caminhos ligeiramente curvos, na mesma direção que a curvatura da Terra. Maiores frequências de luz (verde e azul) se curvam mais que as menores (laranja e vermelho), de forma que os raios azuis e verdes se tornam mais visíveis na superfície solar, sendo que os tons mais quentes se obstruem. Brilhos verdes são reforçados pela inversão atmosférica, que aumentam a diferença de densidade em diferentes níveis e, por consequência, a refração luminosa. Como o azul é mais disperso na linha de visão humana, é mais comum visualizar uma luz verde durante 1 ou 2 segundos.

No livro, ainda é mostrada brevemente uma previsão de tempo, falando de uma queda de pressão atmosférica prenunciando uma mudança de tempo:

– Não se trata do ministério Gladstone – respondeu desdenhosamente Aristóbulo Ursiclos -, mas sim de uma comunicação meteorológica.

– Não diga! – responderam os dois tios.

– Sim! Anuncia-se que a depressão de Swinemunde marchou para o norte aprofundando-se sensivelmente. O seu centro está hoje perto de Estocolmo, onde o barômetro, com queda de uma polegada, ou seja, vinte e cinco milímetros – para empregar o sistema decimal usado pelos sábios -, marca somente vinte e oito polegadas e seis décimos, ou seja, cento e vinte e seis milímetros. Se a pressão varia pouco na Inglaterra e na Escócia, baixou de um décimo ontem em Valência e de dois décimos em Stornoway.

– E esta depressão?… – perguntou o irmão Sam.

– Deve-se concluir… – acrescentou o irmão Sib.

– Que o bom tempo não perdurará – respondeu Aristóbulo Ursiclos -, e que o céu, carregando-se em breve com os ventos do sudoeste, nos trará as névoas do Atlântico Norte.

Paris no século XX (1863, publicado apenas em 1989)

Seus manuscritos foram encontrados por um bisneto de Verne, por isso sua publicação tardia. O livro tem um conteúdo depressivo, e fugia à fórmula de sucesso dos livros já escritos, que falavam de aventuras extraordinárias. Por isso, foi aconselhado a não publicá-lo na época. Com a história acontecendo em Paris no ano de 1960, a visão contrasta de uma civilização urbana, admirável pela sua tecnologia, mas totalmente “desculturizada”. Narra a história de Michel Dufrénoy, um jovem de 19 anos que termina seus estudos em literatura é obrigado a trabalhar numa instituição – as únicas profissões concebíveis são de industriário, comerciante ou financista. Os artistas vivem à margem de uma sociedade onde o problema não é não ter dinheiro, mas o que fazer com ele. Aos poucos, Michel constroi um círculo de amigos que tentam manter um trabalho para sustentar, às escondidas, sua música e sua literatura. Veja mais em As Melhores Partes dos Livros que Li.


Suas obras tiveram diversas adaptações para cinema, televisão e outras mídias. O filme “Viagem à Lua” (1902), realizado por Georges Méliès (1861 – 1938), é particularmente famoso. O filme é curto (pouco mais de 15 minutos), mudo (com música tocada durante sua execução), originalmente em preto e branco (colorido pintando-se o filme manualmente, cena por cena) e pode ser visto abaixo:

Foi, provavelmente, o primeiro filme de ficção científica e o primeiro a tratar de seres alienígenas. Usou recursos inovadores de animação e efeitos especiais, incluindo a famosa cena da nave pousando no olho da “Homem da lua”. O filme do diretor Martin Scorsese, A invenção de Hugo Cabret, faz menção a esse filme.

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