Filmes para não ficar alienado

Um pessoa dita “alienada” é alguém que age sem saber o que realmente acontece, muitas vezes por não se perguntar o porquê de agir daquele jeito ou por não ter a devida informação. Uma boa discussão sobre esse conceito de Alienação é feita na wikipedia. Aqui separei esse espaço para comentar melhor sobre alguns filmes que considero importantes para discutir como o mundo é hoje e que as vezes comento durante as aulas de Geografia.

O vídeo acima é de uma propaganda do jornal Folha de S. Paulo, mostrando um exemplo de como deturpar uma notícia “dizendo apenas verdades”.

1984

1984

Coloquei esse filme primeiro porque é uma obra prima da ficção científica. “1984” é um romance escrito por George Orwell de 1948, autor também do livro A revolução dos bichos (trata sobre como o poder pode corromper o ser humano). Fala sobre uma sociedade vigiada em todos os momentos pelo “Grande Irmão” (ou “Big Brother”) através de uma tela disposta em todos os lugares. A história narrada é a de Winston Smith, um homem trabalha com a tarefa de perpetuar a propaganda do regime através da falsificação de documentos públicos e da literatura, a fim de que o governo sempre esteja correto no que faz (coisa que foi feita no regime de Stálin, por exemplo). O romance se tornou famoso por seu retrato da difusa fiscalização e controle de um determinado governo na vida dos cidadãos, além da crescente invasão sobre os direitos do indivíduo. Ainda é atual, lembrado em ações recentes como as restrições do governo norte americano às liberdades civis em uma luta perdida contra o terrorismo e a espionagem do governo contra os próprio cidadãos.

Não achei o filme mais recente no youtube, mas tem esse documentário sobre ele que é muito bom.

O DItador

O DitadorO filme é uma comédia norte americana de 2012, produzido e estrelado por Sacha Baron Cohen. Não tem a ver com aquele filme de Charles Chaplin, O Grande ditador, que tem uma cena com um discurso (vale a pena ver, uma das cenas clássicas da história do cinema) e que acredito ter servido um pouco de inspiração para o discurso que tem no “O ditador”. No filme, o General Aladeen, um excêntrico e egocêntrico ditador de um país localizado no Oriente Médio, colocou em risco a própria vida para que a democracia jamais chegasse ao local que governa. É uma grande sátira aos ditadores do oriente médio e África e também uma crítica ao modelo democrático do ocidente. O discurso final ele mostra vários exemplos de coisas que acontecem nas ditaduras e que também acontecem nos EUA.

Fahrenheit 9/11

FahrenheitPosterDocumentário de 2004 produzido pelo cineasta norte americano Michael Moore. O flime fala sobre causas e consequências dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. O título do filme faz referência ao livro Fahrenheit 451 (451°F é a temperatura de combustão do papel), escrito em 1953 por Ray Bradbury e que fala sobre um futuro onde os livros são queimados, opiniões próprias são consideradas gafes e o pensamento crítico é suprimido. O filme fala sobre os vínculos de mais de 30 anos entre as famílias Bush e Bin Laden (da Arábia Saudita), ambas atuantes no ramo petrolífero, e como os interesses de indústrias e empresários do petróleo motivaram as invasões do Afeganistão e do Iraque. No filme tem um trecho que mostra uma cronologia de vários atos de agerssão dos EUA a diferentes países do mundo. O filme está disponível para ver no youtube, mas não sei até quando.

Do mesmo diretor, também vale a pena o filme Tiros em Columbine (2002), em que o massacre do instituto Columbine serve como ponto de partida para discussão sobre a violência nos Estados Unidos. Ganhou o Oscar de melhor documentário em 2003, e o discurso na entrega da premiação é lembrado até hoje.

Zeitgeist

zeitgeist“Zeitgeist” é um termo alemão que significa “espírito da época”, representando o conjunto de obras intelectuais e culturais que representam a sociedade de uma determinada época. Documentário de 2007 produzido por Peter Joseph, é dividido em três partes:

  • Primeira parte: “The Greatest Story Ever Told” (“A maior história já contada”) – Aos 13 min, relaciona a Bíblia e Jesus a histórias mitológicas de povos anteriores a Cristo, principalmente o antigo Egito. Muita coisa faz sentido, mas quem tem fé não vai ser abalado.
  • Segunda parte: “All The World’s A Stage” (“O mundo inteiro é um palco”) – Aos 40 min, relaciona os atentados de 11 de semtebro a uma conspiração do próprio governo. Podem não concordar, mas é importante conhecer outros pontos de vista para formar uma opinião própria.
  • Terceira parte: “Don’t Mind The Men Behind The Curtain” (“Não se importem com os homens atrás da cortina”)- À 1 h 14 min, focado no sistema bancário e mídia, e em como esses sistemas controlam as nossas vidas.

O filme está disponível no youtube, mas não sei até quando.

A Revolução não será televisionada

chavezDocumentário irlandês de 2003 produzido por Kim Bartley e Donnacha O’Briain. Fala sobre o golpe de estado sofrido por Hugo Chávez (Venezuela), o apoio ao golpe pelos Estados Unidos e como Chávez voltou ao poder. Chávez sempre criticou a imprensa “dita livre”, que está sujeita à opinião dos editores e anunciantes, e utilizava o dinheiro ganho com o petróleo na educação, saúde e organização popular. O filme está disponível no youtube, mas não sei até quando.

Muito além de cidadão Kane

Muito além de Cidadão KaneDocumentáro britânico de 1993 sobre a rede Globo, comparando o ex-presidente e fundador da Globo, Roberto Marinho, Charles Foster Kane, personagem criado em 1941 por Orson Welles para o filme Cidadão Kane, um drama de ficção baseado na trajetória de William Randolph Hearst, magnata da comunicação nos Estados Unidos. Segundo o filme, a Globo utiliza vários meios de manipulação da opinião pública, por exemplo nos debates Collor x Lula. Fala também das ligações da emissora com a ditadura militar, um suposto auxílio dado a uma tentativa de fraude nas eleições de 1982 para impedir a vitória de Leonel Brizola, a cobertura tendenciosa do movimento das Diretas-Já, em 1984, quando a emissora noticiou um importante comício como um evento de comemoração ao aniversário de São Paulo. O filme está disponível no youtube, mas não sei até quando.

Gandhi

Gandhi PosterFilme indiano de 1982, mostra a vida de Mahatma Gandhi, idealizador e fundador do estado moderno da Índia, e a prática do Satyagraha, forma de protesto sem o uso de violência que serviu de inspiração para Martin Luther King Jr. e Nelson Mandela (o líder sul africano também possuem um filme muito interessante sobre sua vida, chamado Mandela). Gandhi afirmava que o adversário “deve ser desarmado dos seus erros com paciência e compaixão. Sendo o que parece ser verdade para um e um erro para o outro. E paciência significa auto-sofrimento. Assim, a doutrina passou a significar reivindicação de verdade, e não pela inflição de sofrimento sobre o adversário, mas sobre si mesmo.” Assim, dentre as ações resultantes dessa prática estão a desobediência civil, nunca retaliar a agreções (“olho por olho, e o mundo acabará cego”), defesa sem ação de violência, etc. O filme está disponível no youtube, mas não sei até quando.

A Onda

Die_Welle_(A_Onda)Filme alemão de 2008, é inspirado no livro homônimo de 1981 do autor americano Todd Strasser e no experimento social da Terceira Onda. Um professor deseja fazer uma experiência com os alunos para explicar como nasce uma ditadura, porém o experimento sai do controle. Muito bom para mostrar as situações que levam a uma ditadura, como pode-se influenciar as pessoas e como elas são influenciáveis. Um ditador inicialmente é visto como um messias, e depois como um anti-cristo, enquanto na verdade nada mais é do que o fruto de uma ação coletiva. O filme está disponível no youtube, mas não sei até quando.

The Square

Mostra a revolução do Egito em 2011 através das histórias de manifestantes. Mostra desde o surgimento de uma ocupação pacífica da Praça Tahrir até os desdobramentos do episódio conhecimento como Primavera Árabe, com a queda de uma ditadura de 30 anos, regime militar, irmandade muçulmana (ascensão e queda) e a gradual reconstrução do antigo regime. Agora os egípcios mostram não ter mais medo de colocar sua voz na rua e apresentar os problemas do povo, apesar de não apresentarem uma política viável para substituir a antiga – como dito no final do filme, “o que buscamos é consciência”. Como a Netflix adquiriu os direitos do filme (após sua confecção usando financiamento coletivo), faz parte de sua grade.

No mundo de 2020 (Soylent Green)

soylent greenNo ano de 2022, a cidade de Nova Iorque conta com 40 milhões de habitantes. Para alimentar as inúmeras pessoas pobres e desempregadas, existem tabletes verdes chamados de Soylent Green, produzidos inicialmente através da industrialização de algas. Somente os ricos tem acesso a comidas raras, como carnes, frutas e legumes. Quando um rico empresário das indústrias Soylent Corporation é assassinado em seu luxuoso apartamento, o detetive policial Robert Thorn (Charlton Heston) começa a investigar. Após interrogá-lo, Thorn vai ao apartamento dele e encontra coisas suspeitas, como uma colher com restos do caríssimo morango. Enquanto Thorn persegue o guarda-costas, seu idoso parceiro Sol começa a investigar os registros e papéis do empresário morto. E acaba descobrindo uma verdade estarrecedora sobre o tal tablete verde.

Idiocracia

Idiocracy

Sátira da sociedade moderna, na qual um soldado insignificante de inteligência média e uma prostituta são voluntários para uma experiência super secreta do exército com o objetivo de deixá-los “congelados” por um ano e testar sua sobrevivência. Porém, algo dá errado e eles são esquecidos por 500 anos. Ao despertarem, notam que o mundo retrocedeu tanto que as formas mais absurdas de idiotice foram incorporadas no cotidiano, desconcentrado numa distopia onde marketing, consumismo e anti-intelectualismo cultural funcionam desenfreadas, o que fez dele o homem mais inteligente da Terra e a humanidade torna-se uma sociedade uniformemente estúpida.

Quanto vale ou é por quilo?

O filme brasileiro de 2005 faz uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que formam uma solidariedade de fachada, criticando a clássica “responsabilidade social” de ONGs com suas captações de recursos junto ao governo e empresas privadas. A sociedade meio que aprisiona o povo numa democracia lúdica e não se dá conta do que está por trás de lindos discursos. Exemplo disso é a solidariedade que antes era um gesto de humanidade hoje virou um produto de visibilidade, Afirma que o Brasil não precisa dessa população caridosa, e sim de políticas públicas eficientes. O filme está disponível para ver no youtube, mas não sei até quando.

Sujeito a termos e condições

O filme “Terms and conditions may apply”, do diretor norte americano Cullen Hoback, aborda como aqueles termos e condições (que quase sempre assinamos sem ler) podem impor restrições à nossa privacidade e liberdade. A questão não é a de não ter o que esconder, mas sim a impossibilidade de poder guardar para si o que quiser. Empresas e governos se apropriam de informações pessoais através de mecanismos digitais. Com quais fins essas informações podem ser utilizadas? A ausência de consciência e controle do indivíduo frente ao esvair de sua privacidade, à apropriação por terceiros de suas informações, e à manipulação da sua identidade no ambiente digital são pontos bem debatidos no filme. Está disponível no youtube, mas não sei até quando.


“Falam em paz e desarmamento mundial, e aqui está você, dizimando todo um povo (…) Você sabe que não será vitorioso, todo dia suas máquinas de guerra perdem terreno para um bando de combatentes desarmados que estão defendendo sua liberdade. Mas a realidade é que vocês subestimaram seus inimigos. Se tivessem estudado sua história, saberia que esse povo nunca se rendeu, preferem morrer a serem escravos de um exército invasor. Não se derrota um povo como este. Nós tentamos, já tivemos nosso Vietnã, agora terão o de vocês.”

Soldado norte-americano falando a um soldado soviético sobre a invasão da URSS ao Afeganistão (filme “Rambo 3”)

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