Santos

Com o maior porto da América Latina, belas praias e rica história, a cidade de Santos é um grande destino turístico de paulistanos que descem a Serra do Mar pelas rodovias Anchieta e Imigrantes para passar alguma data de folga. Descubra um pouco mais de sua importância histórica e atrações turísticas, que também ficou conhecida internacionalmente pelas conquistas do Santos Futebol Clube e seu jogador mais famoso: Pelé.

Vista de Santos a partir do antigo cassino (atual café) no topo do Monte Serrat. Foto: ViniRoger.
Vista de Santos a partir do antigo cassino (atual café) no topo do Monte Serrat. Foto: ViniRoger.

São Vicente e Santos

Santos está localizado parte no continente e sua parte mais habitada está na Ilha de São Vicente, dividida com o município de São Vicente. É formada por alguns morros (que, junto com a ilha de Urubuqueçaba, formam uma divisa natural com São Vicente) ao meio e uma extensa planície, que era muito sujeita a inundações. Sua drenagem foi melhorada através da construção de oito canais, sete dos quais foram projetados por Saturnino de Brito, margeados por avenidas.

No estuário que a separa da Ilha de Santo Amaro (onde se localiza o município do Guarujá) e do continente foi construído o porto de Santos. Justamente devido ao movimento intenso de grandes embarcações nesse estuário, não exist ponte ligando Vicente de Carvalho (distrito do Guarujá) a Santos, ocorrendo transporte de carros via balsa. A ligação mais antiga da região é a Ponte Pênsil, ligando São Vicente ao município de Praia Grande. Inaugurada em 1914, seu objetivo principal era condução do esgoto, mas sempre foi utilizada para a travessia de veículos e pedestres.

Marco Padrão: construído em 1932 em comemoração ao aniversário da fundação da vila de São Vicente. Foto: ViniRoger.
Marco Padrão: construído em 1932 em comemoração ao aniversário da fundação da vila de São Vicente. Foto: ViniRoger.

Em 1502, uma expedição portuguesa comandada por Gaspar de Lemos chegou à ilha, dando-lhe o nome atual. Exatamente 30 anos depois, no dia 22 de janeiro de 1532, ali chegou Martim Afonso de Sousa, enviado pela Coroa Portuguesa, constituindo a primeira vila do Brasil. Durante três anos, travou contínuas guerras com os índios carijós, guaianases e tamoios. Começou a cultura da cana-de-açúcar e a instalação de engenhos para a manufatura do açúcar, principal produto do período colonial.

O Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos (já em Santos, mas perto da divisa com São Vicente) é um sitio arqueológico e parque natural da USP, abertos a visitações e investigações científicas. Com a fundação da Vila de São Vicente, em 1532, Martim Afonso estimulou a produção de açúcar na região, como forma de fixar portugueses no território. Dentre as unidades produtoras de açúcar, destacou-se o outrora denominado Engenho do Governador, posteriormente “dos Erasmos”, quando adquirido pela família de Erasmo Schetz de Antuérpia. Foi o terceiro engenho de açúcar a ser construído na América Portuguesa.

Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos. Foto: ViniRoger

Dentre as principais atrações turísticas de São Vicente, estão as praias do Gonzaguinha, dos Milionários e de Itararé, Morro da Asa Delta com teleférico, Biquinha de Anchieta (em frente ao marco Padrão, com feira de artesanato) e Memorial dos 500 anos (projetado por Oscar Niemeyer, fica no alto da Ilha Porchat).

Em 1543, com o término da construção de uma capela num outeiro (pequena elevação de terreno, menor do que um morro) em homenagem a Santa Catarina, Brás Cubas conseguiu a transferência do Porto para o sítio do Enguaguaçu. Também instalou, às margens da baía, a Casa de Misericórdia de Todos os Santos para abrigar doentes dos navios que chegavam da metrópole, constituindo o primeiro hospital das Américas. O povoado, com nome simplificado de Santos foi elevado à categoria de vila em 1545. Somente no período da ditadura militar (em 1968 e 1983) Santos teve a sua autonomia política suspensa: por abrigar o maior porto do Brasil, a cidade foi designada área de segurança nacional pelo governo.

Caminhos

Em 1560, o governador Mem de Sá encarregou os padres jesuítas, sob as ordens de José de Anchieta, de abrir uma ligação entre São Vicente e o Planalto de Piratininga. Em 1790, começou a construção de outro caminho, a Calçada do Lorena, primeiro caminho pavimentado que ligou São Paulo a Santos, construído a mando do então governador-geral da Capitania, Bernardo José Maria de Lorena. Os remanescentes da calçada encontram-se preservados e abertos à visitação turística no trecho que se estende do seu início, no planalto, até ao seu terceiro encontro com a Rodovia Caminho do Mar.

Em duas ocasiões, foram promovidas reformas de vulto na Rodovia Caminho do Mar, a cada uma delas registrando-se a mudança de nome da via: Estrada da Maioridade e Estrada do Vergueiro. Nas primeiras décadas do século XX, São Paulo passa por uma “reconstrução”: a estrada é macadamizada (ou seja, foram assentadas três camadas de pedras postas numa fundação com valas laterais para enxugo da água da chuva), permitindo o uso de automóveis na estrada, e logo depois pavimentada com asfalto, tornando-se a primeira estrada asfaltada da América Latina destinada para veículos de motor à explosão. Posteriormente, seria conhecida como Estrada Velha de Santos. Em 1922, o então governador de São Paulo, Washington Luis, mandou construir alguns monumentos pela estrada para comemorar o centenário da independência do Brasil e alguns servirem como postos de serviço: Pouso Paranapiacaba, Belvedere Circular, Rancho da Maioridade, Padrão do Lorena e Pontilhão da Raiz da Serra.

Em 1947, foi inaugurada a primeira pista da Via Anchieta (SP-150); em 1953, a segunda; em 1974, foi inaugurada a pista norte da Rodovia dos Imigrantes (SP-160), com 11 túneis e um caminho mais reto; e, em 2002, a pista sul, com quatro túneis, sendo dois deles os mais extensos túneis rodoviários brasileiros (3.146 e 3.009 m de extensão). A Rodovia Caminho do Mar (SP-148) está fechada para automóveis de passeio particulares, geralmente só sendo percorrida por visitantes a pé e de bicicleta.

Estação de trem de Santos (Valongo), Museu Pelé e Bonde Café. Foto: ViniRoger.
Estação de trem de Santos (Valongo), Museu Pelé e Bonde Café. Foto: ViniRoger.

O Porto de Santos foi inaugurado em 1892, quando a então Companhia Docas de Santos cedeu à navegação mundial os primeiros 260 metros de cais, na área do Valongo. Com a construção das ferrovias, cresceu sua participação na exportação de café, sendo também uma importante porta de entrada para imigrantes. A descida era feita de Paranapiacaba pela Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (construída pela São Paulo Railway), passando pelas estações de Raiz da Serra, Piassaguera, Areais, Cubatão, Casqueiro, Alemoa e Santos, no bairro do Valongo.

Atualmente, os distritos industriais da Grande São Paulo e o complexo industrial de Cubatão existem graças ao Porto de Santos, estatal. A Cosipa, Companhia Siderúrgica Paulista, ligada à siderúrgica USIMINAS, de Minas Gerais, também opera um porto privativo que utiliza o mesmo canal de tráfego de embarcações.

Atrações

O passeio de bonde no centro histórico permite conhecer as principais atrações históricas da cidade em um percurso que dura aproximadamente 40 minutos com guia contando a história de cada ponto e ainda desfrutar de um meio de transporte praticamente extinto no Brasil. Santos foi a segunda cidade do país a ter um serviço de bondes (após o Rio de Janeiro e um ano antes de São Paulo), sendo a primeira linha inaugurada em 1871.

Em 1909, foi inaugurado o serviço eletrificado, que até então era feito por tração animal ou vapor. O serviço foi desativado em 1971, quando os bondes saíram de circulação por diversos motivos, entre os quais a maior procura pelos ônibus por parte do público. Em 2000, foi inaugurado o bonde turístico do centro histórico, quando foram importados dois bondes portugueses elétricos e restaurados nas oficinas de Santos. Em 2015, ainda estava recepcionando os passageiros o “Vovô Sabe Tudo”, antigo motorneiro que se dispõe a contar muitas histórias de trabalho. Depois, veio o Bonde Café: um bonde italiano adaptado com ar condicionado, uma máquina de café espresso e mesas e cadeiras para acomodação e degustação gratuita de café gourmet pelo público, comportam até 24 passageiros, guia e barista.

Bonde elétrico (visão externa e interna) no ponto de partida na Praça Mauá puxando um vagão antigo com tração originalmente a cavalo. Foto: ViniRoger.
Bonde elétrico (visão externa e interna) no ponto de partida na Praça Mauá puxando um vagão antigo com tração originalmente a cavalo. Foto: ViniRoger.

Quem movimentava o bonde chamava-se motorneiro, porque acionava o motor usando uma manivela apropriada. Quem comandava as partidas era o condutor, através de um apito – algumas vezes, é necessário descer para tirar objetos nos trilhos ou mudar a direção dos trilhos em entroncamentos através de uma alavanca de ferro (chave). Para descer, os passageiros faziam a solicitação puxando uma cordinha, que acionava uma sineta – no caso do passeio turístico, somente quando o guia informa sobre a parada que ela é autorizada.

O trajeto parte da Praça Mauá (os tickets são cobrados dentro do bonde), onde está o prédio da prefeitura. Segue pela Praça Rui Barbosa, onde está um monumento construído em homenagem a Bartolomeu de Gusmão e a Igreja do Rosário. Depois vai até o Palácio Saturnino de Brito, entrada do funicular e fonte do Itororó, todos bem próximos.

Funicular de Santos no Monte Serrat. Foto: ViniRoger.
Funicular de Santos no Monte Serrat. Foto: ViniRoger.

O sistema funicular do Monte Serrat, planejado em 1910 e construído em 1923, possui dois bondinhos que operam sempre simultaneamente: enquanto um sobe, o outro desce, e os dois se encontram exatamente na metade do percurso, onde há um desvio. Liga o centro da cidade ao alto do Monte Serrat, onde está um antigo cassino (inaugurado em 1927 e fechado devido à criação da lei que proíbe jogos de azar no Brasil, em 1946) e a Capela de Nossa Senhora do Monte Serrat, padroeira da cidade. Além do funicular, pode-se atingir o topop por uma escadaria de 402 degraus.

Continuando o passeio, o bonde segue até a Praça José Bonifácio, onde estão o Palácio da Justiça, a Catedral de Santos e o Theatro Coliseu Santista. Passa novamente pelas praças Mauá e Rui Barbosa para virar na rua do Comércio (de paralelepípedos) até o Valongo, onde estão a Igreja e a estação de trem que levam o nome do bairro, assim como a antiga Câmara e atual Museu Pelé.

Theatro Coliseu, Catedral e Palácio da Justiça vistos do monte Serrat. Foto: ViniRoger.
Theatro Coliseu, Catedral e Palácio da Justiça vistos do monte Serrat. Foto: ViniRoger.

Voltando paralelamente ao porto, passa-se em frente ao Museu do Café Brasileiro, que possui painéis e vitral de Benedito Calixto, artista da região, e uma imponente torre. Além de conhecer o salão onde eram realizados os pregões, é possível tomar um café de diferentes regiões do Brasil – inclusive um que é feito a partir de grãos torrados após passarem pelo trato digestivo de uma ave.

Seguindo até a Praça Barão do Rio Branco, lá estão as Igrejas do Carmo e o Panteão dos Andradas (mausoléu de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, e de seus irmãos). Ainda na Rua XV de Novembro, está a Praça da República, com os prédios da Alfândega e da Fazenda, assim como a casa do trem bélico com seu famoso corneteiro – ele faz algumas “graças” para os visitantes que passam de bonde. Em frente, está o Outeiro de Santa Catarina, onde começou a cidade de Santos.

Por fim, volta à praça Mauá passando pelo lado do prédio dos Correios. Veja o mapa do trajeto:

Mapa de trajeto do bonde no centro histórico de Santos. Fonte: Mapas Blog.
Mapa de trajeto do bonde no centro histórico de Santos. Fonte: Mapas Blog.

No vídeo a seguir, é possível apreciar um pouco do passeio de bonde na rua do Comércio (o carro estacionado irregularmente que aparece no fim desse trecho impediu o avanço do bondinho, que teve de esperar o motorista retirar o veículo do lugar). Na sequência, está a subida de funicular e vista panorâmica de Santos a partir do Monte Serrat (praias e estuário) – estava tendo jogo do Santos pelo campeonato brasileiro contra o Joinville no estádio da Vila Belmiro, cujo placar foi 2×0 para os donos da casa.

Dentre outras atrações turísticas de Santos, estão o Orquidário Municipal, o Jardim Botânico Chico Mendes, Museu da Pesca, Museu do Mar e Museu Marítimo.

Praias

De seus 7 km de praias, o Livro dos Recordes situa os jardins da orla de Santos como formadores do maior jardim frontal de praia em extensão do mundo. Com a construção do emissário submarino (tubulação utilizada para lançamento de esgotos sanitários ou industriais no mar) em José Menino, as praias tiveram sua balneabilidade muito melhorada, atraindo mais os turistas. No local, foi construído o Parque Roberto Mário Santini.

A praia de José Menino, com calçadão, jardins da orla e agitada vida noturna, abrigou o primeiro hotel da orla marítima, inaugurado em 1895 – o Hotel Intercontinental – e recebeu os primeiros trilhos de bondes. O Morro do José Menino (ou morro de Santa Teresinha) é procurado pelos praticantes de asa-delta. Na maré baixa a Ilha de Urubuqueçaba (pouso do urubu) liga-se à praia, podendo-se caminhar até ela.

Ponta da Praia. Foto: ViniRoger.
Ponta da Praia. Foto: ViniRoger.

Entre os canais 1 e 2 está a praia de Pompeia, com quiosques e pequenas praças. A de Gonzaga está entre os Canais 2 e 3, onde acontece a maioria dos eventos ao ar livre. A praia do Boqueirão é uma das mais conhecidas, localizada na região do Canal 3. A de Embaré localiza-se na região central da orla e entre os canais 5 e 6, está a praia de Aparecida. Por fim, a Ponta da Praia está localizada junto à entrada do estuário do Porto de Santos, ponto de partida para passeios pela baía e Laje de Santos e a Travessia Santos-Guarujá, no chamado Ferry Boat, tendo como atração turística o Aquário Municipal de Santos. O primeiro Aquário público do Brasil conta com pinguins e um leão marinho.

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5 comments

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