Paraty

A origem de seu nome vem do tupi e significa “rio dos paratis” (uma espécie de peixe). Situada junto ao ponto mais baixo da Serra do Mar para passagem em direção ao interior, sua baía formando um porto natural e água doce em abundância fizeram do lugar um ponto chave durante a colonização do Brasil.

Rio Perequê-Açu, que nasce na Serra da Bocaina (fundo) e deságua junto ao centro histórico de Paraty. Foto: ViniRoger

História

Em 1646, Maria Jácome de Melo, sesmeira da região, doou uma área de aproximadamente 1,3 quilômetros quadrado entre os rios Patitiba e Perquê-açu, para que a vila se desenvolvesse. Paraty pertenceu ao município de Angra dos Reis até 1667, quando o rei D. Affonso VI passou o povoado para condição de vila com o nome de Villa de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty.

Em 1702, o governador do Rio de Janeiro torna obrigatório o uso do porto de Paraty para embarque do ouro vindo das “minas gerais”, para evitar os descaminhos do ouro e o contrabando de diamante. Em 1710, foi terminado o Caminho Novo, iniciado por Garcia Rodrigues Paes em 1701, ligando o Rio de Janeiro direto às minas. Desses dois caminhos surgiu o projeto Estrada Real: um conjunto de estradas (umas ainda de terra) ligando Paraty e Rio de Janeiro ao município de Diamantina e outras cidades.

Trechos da Estrada Real (asfaltado, com blocos e marco ao lado de cachoeira) entre Cunha e Paraty. Foto: ViniRoger

Graças ao comércio gerado em função do Ciclo do Ouro, ocorreu um crescimento econômico e populacional na vila. Em 1722, foi erguida a Igreja de Santa Rita e em 1725 a Igreja do Rosário. Em 1787, derruba-se novamente a Matriz para se fazer uma maior e definitiva. Em 1790, já havia 392 casas, sendo 35 sobrados, e a população era de 6.622 habitantes.

Igreja de Santa Rita (próxima ao antigo mercado de escravos). Foto: ViniRoger

Já no ciclo do café, foi erguida a Igreja de Nossa Senhora das Dores. Nesse período de crescimento que o calçamento das ruas da vila foi terminado. Em 1830, contava-se na vila mais de 400 casas, sendo 40 sobrados, e aproximadamente 10.000 habitantes, dos quais 3.500 eram escravos. Com a abertura de estrada de ferro D. Pedro II em 1870, ligando o Vale do Paraíba ao Rio de Janeiro, o escoamento do café muda de caminho e gera um êxodo da população. O isolamento geográfico e econômico permitiu Paraty preservar suas características arquitetônicas e culturais.

Centro histórico – Praça da Matriz. Foto: ViniRoger

O centro histórico possui trinta e um quarteirões, quatro praças (Bandeira, Santa Rita, Matriz e Rosário) e uma área de terreno destinada a eventos e estacionamentos. Contando com as ruas que margeiam o centro histórico, existem oito ruas no sentido norte/sul e seis ruas no sentido leste/oeste (sete se considerar a pequena Rua do Fogo). As ruas possuem uma depressão ao meio fio, de forma a escoar água da chuva e permitir a invasão de marés mais altas, limpando as ruas das fezes (humanas e de cavalos). O calçamento com pedras irregulares (conhecido como pé-de-moleque) começou a ser feito no século XVIII e concluído por volta da década de 1830.

Centro histórico – sobrado e rua. Foto: ViniRoger

Na década de 1950, com a abertura da estrada ligando Paraty à Cunha (cidade essa que merce uma visita em seu centro histórico, com belas vistas dos morros) e, na década de 1970 com a abertura do trecho da BR-101, ligando as cidades do Rio de Janeiro e Santos (por isso é conhecida como Rio-Santos), deu-se o início do desenvolvimento turístico e imobiliário em Paraty. Até esse período, o fornecimento de energia elétrica era feito por dois grupos geradores. Veja mais da história de Paraty no site Paraty.tur.br.

Natureza

Ao longo da rodovia Rio-Santos, é possível observar o mar, ilhas e várias praias. Em vários pontos, existem áreas abertas onde é possível estacionar o carro e seguir para diferentes praias, mirantes, trilhas e cachoeiras. São dezenas de praias (algumas particulares), sendo que as principais estão listadas aqui – vale a pena abrir o Google Maps e ir procurando as praias seguindo o litoral e lendo as descrições feitas por visitantes para escolher qual mais lhe agrada. A praia do Jabaquara fica bem próxima ao centro histórico, sendo uma opção mais barata de hospedagem com qualidade – e ruas esburacadas.

Cachoeira do Iriri (em território dos índios pataxós). Foto: ViniRoger

Em alguns pontos do litoral paratiense, as montanhas da Serra do Mar terminam diretamente no oceano, enquanto em outros (mais paro o centro do município) existe uma planície separando o mar das montanhas, originando uma vegetação típica de mangue e praias de águas calmas. Os ventos definem a temperatura e a claridade da água: os ventos sul e sudoeste sujam e esfriam a água, enquanto os de leste e norte, esquentam e limpam a água.

Praia do Cão Morto (de onde pode se pegar um barco para a Ilha do Cedro). Foto: ViniRoger

Por ser uma baía fechada, abrigada do mar aberto pelas ilhas e penínsulas, os passeios de barco são sempre agradáveis e seguros. Existem 55 ilhas e 10 lajes, algumas com pontas acima do nível d’água e outras submersas. Os barcos geralmente partem do cais do centro histórico ou de Paraty-mirim.

Os passeios de barco que partem do centro histórico duram em média cinco horas, saindo do cais por volta das 11 horas e fazem de três a quatro paradas em ilhas e praias (geralmente Ilha Comprida, Praia da Lula, Ilha do Algodão, Lagoa Azul e Praia Vermelha fazem parte dos roteiros). Os preços são mais em conta e costumam oferecer almoço e bebidas (cobrados à parte), mas tocam música alta e não se te opção de escolher o tempo de permanência/partida nas paradas. Prefira adquirir os passeios no terminal do próprio cais, de onde se tem uma bela vista da cidade a partir da baía.

Paraty-mirim é acessível por estrada (maior parte de terra) que inicia no km 593 da rodovia Rio-Santos e que margeia o rio (alguns trechos com corredeiras muito bonitas). Possui praia e a foz desse rio, com uma pequena vila e capela com altar dedicado a Nossa Senhora da Conceição. De lá partem barcos (alugados por hora para turistas, com barqueiro/guia), cujos principais destinos estão as praias do saco de Mamanguá e do saco da Velha (“saco” é o termo da geografia física usado para descrever uma pequena enseada, especialmente as protegidas por baías).

Praia Saco da Velha (vista a partir da entrada da gruta com água do mar dentro). Foto: ViniRoger

O saco do Mamanguá é um braço de mar que entra em linha reta terra adentro, com oito quilômetros de extensão por um quilômetro de largura. Possui um manguezal ao fundo e montanhas altas em ambos os lados – muitas vezes comparados aos fiordes da Noruega, que são golfos estreitos e profundos entre montanhas altas. A região possui mais de 30 praias (algumas particulares, como a que possui a casa utilizada no filme “Amanhecer” da saga “Crepúsculo”) e o Pão de Açúcar (com trilha a partir da praia do Cruzeiro).

Praia do Crepúsculo e Pão de Açúcar, no saco do Mamanguá. Foto: ViniRoger

Outra vila conhecida de Paraty é a da praia de Trindade (quase na fronteira com São Paulo). Na década de 1970, virou reduto e símbolo dos hippies aventureiros, que acampavam em suas belas praias. Seu acesso ocorre a partir de trevo na Rio-Santos e era conhecido por ser uma estrada de terra com vários trechos bem inclinados, inacessível a carros em dias de chuva – um trecho famoso pela dificuldade era conhecido como “Deus Me Livre”. Atualmente, a estrada é asfaltada e as casas dos pescadores viraram pousadas, campings e restaurantes. Na região ainda existem outras praias (Brava, Cepilho, Rancho, Meio, Trindade e Figueiras), uma piscina natural de água salgada (o Cachadaço) e algumas cachoeiras (a mais conhecida é a Pedra do Engole).

No sentido Paraty, a praia do Sono (mais isolada) pode ser visitada por trilha de 50 minutos a partir da Vila do Oratório, junto ao condomínio Laranjeiras. Cercada por montanhas altas, os raios de sol demoram a aparecer na manhã e somem logo na tarde, proporcionado um “sono” mais demorado. Nas proximidades, existem cascatas e a foz do rio, permitindo um banho em águas doces para o retorno.

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