O padre voador

É um pássaro? É um avião? Não, é o padre voador! E não estamos falando do Bartolomeu de Gusmão, que recebeu o apelido devido aos inventos na área de aviação. O padre Adelir Antônio de Carli, 41 anos, levantou voo com cerca de mil balões de festa cheios de gás hélio às 13h do dia 20 de abril de 2008, em Paranaguá, no sul do Paraná. O objetivo dele era chegar à cidade de Ponta Grossa, mas acabou sendo desviado do trajeto pelo vento e caiu no mar. Ele era adepto do voo livre com bexigas, um “esporte” inventado pelo americano Larry Waters em 1982. Adelir queria quebrar o recorde de um americano que voou 19 horas com balões para divulgar e levantar fundos para as atividades da pastoral, que presta apoio espiritual a caminhoneiros.

Padre voador com seus balões. Fonte: divulgação

O religioso estava em uma cadeira flutuante, usava uma roupa térmica, levava dois celulares (um operado via satélite e outro tradicional), e um aparelho de GPS, que ele não sabia operar. Em seu último contato, o padre pediu à Polícia Militar que o ensinasse a mexer no GPS e disse que a bateria de um dos celulares estava no fim. Ele também levava consigo água, barras de cereal e cápsulas energéticas.

Segundo o instrutor de voo Márcio Lichtnow, que foi seu professor em um curso de parapente (espécie de paraquedas retangular) em Curitiba, por falta de disciplina e assiduidade, o padre foi “convidado a se retirar” da escola. “Achava que era autodidata (…) Ele não acatava orientações. Não sabia voar e, mesmo assim, se jogou nessa”, disse o piloto, que afirmou ter 15 anos de experiência. “Ele só fez a introdução do curso, que tem 40 horas de aulas teóricas.” Se tivesse completado o curso, diz o professor, Carli poderia ter evitado o incidente de domingo. Saberia, por exemplo, avaliar que as condições meteorológicas não eram adequadas.Já amigos e colegas afirmaram que ele tinha experiência de mais de três anos na prática de parapente.

As buscas pelo padre começaram na manhã no dia seguinte. Os trabalhos foram executados pelo Corpo de Bombeiros, sob coordenação da Capitania dos Portos de São Francisco do Sul. Um navio varredor percorreu todo o litoral norte e pescadores auxiliaram em barcos particulares. A operação também contou com uma aeronave da Força Aérea Brasileira, que vasculhou uma área total aproximada de 4,5 mil km², helicópteros e jet skys. No segundo dia de buscas, as equipes localizaram vários balões de festa em alto-mar (foto), mas nenhum vestígio do religioso. As buscas foram encerradas no dia 26 de abril pela Marinha, depois de mais de 130 horas de trabalho no mar. Bombeiros voluntários continuaram os trabalhos. Mas somente em 3 de julho, parte do corpo do religioso foi localizada, no litoral do Rio de Janeiro. Os despojos foram identificados por meio de exame de DNA.

Fontes: Folha online e Notícias Terra

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