Vendaval em São Paulo de 10/12/2025

O vendaval de 10 de dezembro de 2025 em São Paulo deixou mais de 2 milhões de imóveis sem energia elétrica, afetando milhões de moradores da capital e da região metropolitana. Árvores tombaram em diversas vias, bloqueando ruas e atingindo veículos e imóveis, com mais de mil ocorrências registradas pela Defesa Civil. Além disso, os efeitos se estenderam para os aeroportos de Congonhas e Guarulhos, onde mais de 400 voos foram cancelados, deixando passageiros retidos e provocando um colapso temporário na malha aérea. O cenário urbano ficou marcado por interrupções no transporte público, fechamento de parques e dificuldades na comunicação, já que parte da rede elétrica e de telecomunicações foi comprometida.

Imagem da Nasa registrou ciclone extratropical sobre o sul do Brasil nesta semana. Foto: Divulgação / Nasa
Imagem da Nasa registrou ciclone extratropical sobre o sul do Brasil nesta semana. Foto: Divulgação / Nasa

O vendaval foi resultado da formação de um ciclone extratropical em terra, um fenômeno incomum antes das mudanças climáticas atuais, que se combinou com condições de céu aberto e gradiente de pressão intenso. Normalmente, ventos dessa magnitude estão associados a tempestades com chuva forte, mas neste caso o fenômeno ocorreu em ambiente seco. As rajadas ultrapassaram os 90 km/h em várias regiões da capital, chegando a superar os 100 km/h em alguns pontos, configurando uma situação de risco elevado para estruturas urbanas e para a população.

A explicação técnica envolve a interação entre massas de ar de diferentes temperaturas e pressões. A ausência de nuvens e precipitação permitiu que o ar aquecido próximo à superfície se movimentasse rapidamente, intensificando o contraste com o ar mais frio em níveis superiores da atmosfera. Esse gradiente de pressão, associado ao ciclone extratropical, gerou correntes de vento extremamente fortes e persistentes, que se mantiveram por cerca de 12 horas.

Registro de ventos desse vendaval

O anemômetro é um aparelho que mede a velocidade do vento, que por ser um vetor, tem intensidade, direção e sentido. O anemógrafo mecânico mede e registra em um diagrama a direção, a velocidade instantânea e a velocidade média do vento, utilizando 4 penas, sendo duas para registrar a direção, uma para a velocidade instantânea e a outra para a velocidade média. Este aparelho consiste essencialmente em conchas giratórias, grimpa, cilindro de relojoaria e um sistema mecânico que transmite o movimento das penas sobre o diagrama do aparelho. A parte do instrumental atingida diretamente pelo vento deve ficar no alto da estação, a uma altura em geral de 10 metros.

anemometro
Anemógrafo (partes interna e externa) da EM do Parque Cientec. Fotos: ViniRoger

Um anemograma é o registro gráfico das velocidades e direções do vento obtido por meio de um anemógrafo. Esse tipo de diagrama permite visualizar não apenas a intensidade do vento ao longo de um período, mas também a frequência relativa com que ele sopra em diferentes direções. Em alguns casos, o anemograma pode incluir a força média dos ventos e sua relação com outros fenômenos meteorológicos. O anemograma a seguir foi gerado na estação meteorológica do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. Ele também apareceu no Jornal Nacional na edição do dia seguinte ao vendaval – veja no vídeo da matéria no Globoplay, minuto 6:03.

Anemograma de 10/12/2025. Fonte: Estação Meteorológica Prof Paulo Marques dos Santos EM14-IAG-USP (CCBY)
Anemograma de 10/12/2025. Fonte: Estação Meteorológica Prof Paulo Marques dos Santos EM14-IAG-USP (CCBY)

Este anemograma está dividido em três seções horizontais, cada uma representando diferentes aspectos da medição do vento ao longo de um período de 24 horas.

Na parte superior, observamos a escala temporal, marcada em horas (números) e minutos (subdivisões), que permite acompanhar a evolução dos dados ao longo do dia. Também estão os valores registrados da direção do vento: entre S-E-N acima e entre N-W-S abaixo. Entre as duas marcações, estão anotações a lápis do observador, que indicam uma predominência de vento WNW (nor-noroeste). O vento dessa direção traz o ar seco e quente do interior.

A seção central do anemograma apresenta a intensidade média do vento ao longo do tempo. No eixo y, cada marcação representa 1 km, e no eixo y, 10 min. Assim, somando-se os “quadradinhos” no intervalo de 1 hora tem-se a velocidade em km/h. Em cada hora, os valores variaram entre 14 e 27 km/h.

Na parte inferior, estão as rajadas de vento (em m/s). O valor da maior rajada em cada horário é anotado a lápis, e também é marcada a direção da maior rajada do dia – nesse caso, 16 m/s (57,6 km/h) com vento vindo de WNW às 14h40min. A amplitude e a frequência das oscilações mostram um dia com atividade eólica intensa, resultado dos sistemas meteorológicos de grande escala atuantes no dia.

Fontes

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