O helicóptero é um tipo de aeródino de asas rotativas, cuja propulsão se dá por um ou mais rotores horizontais – rotor é um mecanismo que gira ao redor de si mesmo. Comparando com os aviões, os helicópteros são muito mais complexos e operam com velocidade menor, pouca autonomia e menor capacidade de carga. No entanto, podem parar em pleno ar, inverter a trajetória e podem decolar/pousar com voo vertical.
Histórico
Os primeiros estudos para a criação dos helicópteros foram feitos na China, ainda no século 4, mas foi o italiano Leonardo da Vinci quem criou provavelmente o primeiro projeto teoricamente mais viável para a construção do helicóptero, no final do século XV.
O primeiro voo bem-sucedido e registrado de um helicóptero ocorreu em 1907, realizado por Paul Cornu, na França, no entanto com muita instabilidade. Entre 1920 e 1926, o Argentino Raul Panteras Pescaras fez vários testes aportando o desenvolvimento do ajuste angular das pás para melhor controle da futura aeronave.
No dia 9 de janeiro de 1923, o engenheiro espanhol Juan de la Cierva decolava pela primeira vez com o autogiro C.4. Cierva tinha como intenção projetar uma máquina que fosse capaz de se manter no ar mesmo se o motor deixasse de funcionar. O resultado foi o que vemos hoje como uma mistura de duas máquinas: precisa de velocidade horizontal para voar, como nos aviões, mas a sustentação no ar é gerada por asas rotativas iguais às dos helicópteros.
O grande trunfo de Cierva foi criar um rotor articulado, que mudava o ângulo das hélices conforme elas giravam. Assim, elas passaram a criar sustentação durante o tempo todo, permitindo a estabilidade do voo. Apesar de não ser possível decolar ou pousar na vertical nem mesmo ficar parado no ar, ele pode voa a baixas velocidades.
O primeiro voo de um helicóptero completamente controlável foi demonstrado por Hanna Reitsch em 1937 em Berlim, Alemanha conduzindo um Focke-Wulf Fw 61. Só em 1942 que o Sikorsky R-4, um helicóptero projetado por Igor Sikorsky atingiu a produção em larga escala, com 131 aeronaves construídas. Nos anos 1970, surgiu o AH-64 Apache, que veio a constituir a base dos helicópteros modernos. O modelo Bell 206 é um dos mais produzidos da história.
Como voam
O helicóptero faz uso do mesmo princípio de voo dos aviões, só que em vez de mover a aeronave inteira, apenas as asas (pás, no caso de asas rotativas) é que se movimentam através do ar.
Quando girados pelo motor, criam sustentação e propulsão necessárias para o voo, permitindo pouso e decolagem vertical, pairar e ir para frente, para trás e lateralmente. Por ação e reação, como as hélices giram para um lado, o helicóptero deveria girar para o outro lado. Para ir contra o torque produzido pelo rotor principal, geralmente possui um rotor traseiro na cauda. Dentre os tipos de rotores estão:
- Rotor único – possui rotor principal e traseiro
- NOTAR – sem o rotor traseiro (para não ficar girando no sentido contrário ao do rotor principal, ele expele gases gerados na turbina de modo direcional)
- Tandem – dotado de dois rotores, um dianteiro e um traseiro que giram em sentidos opostos de modo que um anule o torque do outro
- Coaxial – possui dois rotores montados no mesmo eixo, rodando em sentidos contrários
- Fenestron – rotor traseiro encontra-se protegido por uma conduta
Os helicópteros são muito instáveis: caso o helicóptero seja perturbado em alguma direção, ele tenderá a continuar aquele movimento até que o piloto o corrija na direção contrária. Um simples voo pairado constantemente requer correções do piloto. Ele senta à direita para manter a mão mais forte (geralmente a direita) no cíclico o tempo inteiro, deixando os rádios e outros comandos para a mão esquerda, que pode ser retirada do coletivo durante o voo.
Comandos
São ao todo quatro comandos de voo que controlam a aeronave:
- cíclico – alavanca vertical que fica à frente e ao centro do assento do piloto e que altera o passo das pás do rotor principal e a torção das pás. Sua finalidade é mudar o plano de rotação do rotor principal, permitindo as manobras de deslocamento na horizontal, criando a força de tração.
- coletivo – controle vertical do helicóptero, que altera o ângulo de ataque de todas as pás do rotor principal. É uma alavanca instalada na horizontal, ao lado esquerdo do assento do piloto, devendo ser operado conjuntamente com a manete de RPM, para que esta permaneça constante em todas as fases do voo.
- manete de potência (RPM) – geralmente é do tipo empunhadura, instalada no extremo do coletivo. Controla a quantidade de combustível admitida e, assim, a potência gerada.
- pedais – controlam o ângulo de ataque das pás do rotor de cauda. O pedal esquerdo aumenta o ângulo, aumentando a tração do rotor de cauda e fazendo a fuselagem girar para a esquerda. Por sua vez, o pedal direito diminui o ângulo de ataque, diminuindo a tração e fazendo a fuselagem girar para a direita.
Veja esse vídeo do canal Manual do Mundo mostrando as principais partes do helicóptero e um pouco do seu funcionamento de uma maneira simples e didática:
No canal do “Marcão Piloto” tem vários vídeos mostrando voos de helicóptero georreferenciados e com áudio de cabine, tudo desde o check! No vídeo 02, o áudio está muito bom. Nesse outro vídeo, é feito um sobrevoo de Balneário Camboriú em outro helicóptero.
Esse outro vídeo interessante mostra a degradação das condições meteorológicas para voo visual e perda do controle do helicóptero. A turbulência geralmente afeta mais os helicópteros do que os aviões, por causa do tamanho e pelas asas rotativas necessitarem de uma atmosfera mais estável.
Existe comissário de helicóptero, geralmente para modelos grandes que podem levar de 12 a mais de 30 passageiros (por exemplos, Sikorsky 61 e 76, Eurocopter 225 Super Puma e AW 139). No Brasil, é comum o “comissário de voo offshore”, que trabalha em helicópteros que fazem o transporte de passageiros para bases continentais avançadas e plataformas de petróleo em alto mar. É responsável pela segurança do voo, auxílio durante o desembarque e realiza a demonstração de segurança.
Fontes: Hangar 33, Todos a bordo e Wikipedia