Uma semana na Índia

Ao falar Índia, qual a primeira coisa que você pensa? Taj Mahal, rio Ganges…? Essas são provavelmente as mais famosas atrações turísticas desse país asiático, que é um dos principais destinos turísticos do mundo. Chennai (antigamente chamada de Madras) é uma cidade do sul da Índia e a quarta maior do pais, depois de Calcutá, Bombaim e Nova Delhi (a capital). Longe do Taj Mahal e outras tradicionais atrações turísticas, é mais procurada para turismo de negócios. O texto a seguir é baseado no relato de um brasileiro que ficou uma semana na cidade a trabalho, em setembro de 2008 (veja o relato original aqui: Uma semana em Chennai, Índia e o álbum de fotos).

Vista aérea de Chennai.
Vista aérea de Chennai.

Foram 14h de voo de S.Paulo até Dubai, nos Emirados Árabes, e outro voo de 3:40 até Chennai. Na Índia a diferença de fuso horário é de meia hora e não hora inteira. Uma explicação seria que, para o país não ficar com 2 fusos, cada região “cedeu” meia hora.

Ao chegar no destino, trocou dólares por rúpias, a moeda local (40 rúpias para cada dólar, na ocasião). Depois de toda a confusão para encontrar uma pessoa que deveria estar esperando-o com uma placa com seu nome escrito, pegou um táxi para procurar o hotel. As ruas não tinham placas com os nomes – dependiam da boa vontade de alguns lojistas que colocavam o nome da rua na fachada.

Saindo nas ruas para buscar opções de comidas, viu um velório: mulheres chorando, um pano colorido sustentado por 4 estacas formando uma barraca ao lado de uma casa de sapé e o corpo de mulher protegido por uma caixa de vidro sobre um caixão de alumínio. Muitos mortos são, posteriormente, cremados às margens de rios e os corpos lançados em suas águas. As mulheres costumam usar uma trança de flor natural nos cabelos.

Com relação à comida, muito apimentada (até a macarronada de restaurante italiano e as pizzas estavam com pimenta). Não existe uma comida típica do país, pois cada região tem sua comida e costumes diferentes das outras regiões. E o banheiro não tem papel higiênico (a não ser que seja turista), o costume é lavar com um chuveirinho após o uso do vaso sanitário.

“No ‘breakfast’ do hotel era servido uma espécie de uma pasta, acho que de batata. No primeiro dia que pus uma colherada na boca e mordi, cortei uma pimenta ao meio. Para acompanhar 3 tacinhas de molho. Um parecido com molho de peixe ensopado, super apimentado. Em outra uma mistura a base de coco, sem açúcar, nem sal, nem pimenta. Na outra tacinha não consegui identificar que molho havia. Só me restaram 2 fatias de alguma coisa que parecia pão, mas era uma pasta de arroz semi seca. Comia estas fatias acompanhadas de café. (…)  Quando se pede café aqui vem café, leite e açúcar, tudo misturado, sem chance de escolher as proporções de cada.”

A cada 100 metros era abordado por um motorista de auto-rickshaw (um veículo de três rodas coberto mas aberto dos lados, conhecido também com tuk-tuk) oferecendo um “tour” pela cidade. Quase todos os veículos não possuem espelho retrovisor (os que ainda os têm, vira-os para dentro), e cinto de segurança e capacete nunca são utilizados. Já a buzina é usada para tudo: desde avisar que vai ultrapassar (já que não tem espelho retrovisor) até um “sai da frente senão passo por cima”. As avenidas tem faixas de pedestre, mas são completamente ignoradas (atravessar a rua é um desafio, a não ser no caso da foto em que um guarda tentava organizar o trânsito.

Tuk-tuk por cima do que restou da faixa de pedestre.
Tuk-tuk por cima do que restou da faixa de pedestre.

“Os mais atrevidos têm a preferência. Vi um carro que queria virar à esquerda. Outro vinha em direção oposta. Um tentando virar e outro desviando. Um avançando para virar e o outro vindo e desviando. Este foi desviando, desviando e foi parar na outra pista para contornar o carro que queria virar à esquerda. Talvez por isso todos os carros possuem pequenos arranhões.”

A Índia possui como idiomas oficiais o hindi, inglês e mais 21 línguas nacionais (no total existem mais de 400 idiomas e dialetos). Porém, o inglês é aprendido somente nas escolas, e quem não vai à escola geralmente não aprende inglês.

“Voltei para o hotel. Por volta das 23h alguém bateu à porta. Abri. Havia um rapaz fazendo alguns sinais de que iria dormir. Eu perguntava o que havia, porém ele não entendia. Perguntei se o problema era o som da TV que estava muito alto. Ele entrou mexeu na televisão e continuou gesticulando. Finalmente entendi. Como eu havia perguntado até que horas o hotel permanecia aberto, ele veio verificar se eu já havia voltado da rua. Como ele não falava inglês, achou que eu estava reclamando do funcionamento da TV.”

Depois, ele foi levado a um outro hotel, mais próximo de trabalho. Porém, só poderia ocupar o hotel apenas após as 22 horas, senão pagaria uma diária a mais (assim, ficou no escritório até 21:45). As portas do elevador não se abriam/fechavam automaticamente: o passageiro deveria abri-las. Uma voz ficava repetindo “Por favor feche as portas” (em inglês e tamil – o idioma local) até que elas fossem fechadas. O mesmo ao sair do elevador, senão o elevador não saia do andar.

Visitou duas das poucas atrações turísticas: o monte de São Tome (aquele que “queria ver para crer” foi para Chennai e viveu por lá até ser morto no monte que leva seu nome), onde tem uma capela, e uma basílica, na região mais central, onde São Tomé foi enterrado. Também foi a um templo hindu, composto por vários prédios que podem ser visitados por qualquer pessoa. Há apenas um local, onde são praticados alguns cultos, que é permitido apenas aos hindus.

Uma das capelas do templo de Kapaleeswarar.
Uma das capelas do templo de Kapaleeswarar.

A empresa que o mandou para a Índia foi a empresa indiana TCS (Tata Consultancy Services), o braço de TI da TATA. A TATA é um conglomerado que possui empresas em vários ramos de atividades: Aciaria, carros (desde o Jaguar até o Nano), relógios, comunicação, hotel, tintas, energia, etc. Ela controla aproximadamente 3% do PIB da Índia.

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