Alergia ao frio

A alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico contra substâncias que entram em contato com o organismo, seja pela via respiratória, cutânea ou por ingestão. Esse ataque do próprio corpo pode gerar consequências mais ou menos graves, variando conforme a sensibilidade individual.

Entre os desencadeadores mais comuns estão ácaros, fungos, medicamentos, pelos de animais, poeira, pólen, frutos do mar, alguns metais e picadas de insetos. Os sintomas variam: podem ser cutâneos (erupções, vermelhidão, coceira, inchaço) ou respiratórios (espirros, coriza, tosse, chiado).

Existem ainda alergias mais específicas, como a chamada urticária ao frio — uma condição médica em que a exposição ao frio provoca placas vermelhas, coceira intensa e, em casos graves, inchaço generalizado. Já a expressão popular “alergia ao frio” é usada de forma mais ampla, muitas vezes para descrever outras condições que pioram no frio, como dores articulares (artrose inicial) ou fenômenos vasomotores (Raynaud leve), que não são alergias de fato.

A alergia ao frio é uma situação mais comum no outono e no inverno e acontece devido à diminuição da temperatura. Ou seja, também pode afetar pessoas que trabalham em condições de baixas temperaturas, como frigoríficos, supermercados (sessão de congelados) ou laboratórios.

Pele com lesões temporárias devido a alergia ao frio
Pele com lesões temporárias devido a alergia ao frio

Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), a alergia ao frio tem uma incidência pequena, estimada em 0,05% da população, mas em 50% dos pacientes o problema sofre remissão em até cinco anos. Os sintomas surgem quando a pessoa fica exposta a temperaturas mais baixas por algum tempo. Os principais sinais são:

  • Placas avermelhadas ou amareladas nas áreas expostas ao frio;
  • A região afetada pode parecer sem sangue;
  • Dedos das mãos e dos pés inchados;
  • Sensação de dor e queimação;
  • Coceira na pele, principalmente nas extremidades do corpo;
  • Podem surgir feridas e descamação na pele inchada e vermelha;
  • Podem surgir vômito e dor abdominal.

A reação geralmente fica limitada às áreas da pele expostas ao frio, mas o contato prolongado pode resultar em irritações generalizadas e sintomas sistêmicos, como dor de cabeça, falta de ar e até a perda da consciência, que frequentemente resultam do contato extenso durante a exposição à água (em piscinas e cachoeiras).

Na maioria dos casos não é necessário tratamento para esse tipo de alergia. No entanto, é recomendado buscar ajuda médica para descobrir se existe alguma outra condição ao mesmo tempo. Alguns quadros podem ser secundários a alguma doença de base relacionada a quadros infecciosos e doenças autoimunes.

Dentre as opções de tratamento para alergia ao frio são:

  1. Evitar a exposição ao frio (ar a baixas temperaturas, o contato da pele com objetos frios ou água fria, o consumo de alimentos ou bebidas frias);
  2. Aquecer o corpo logo que ocorram os primeiros sinais (usar luvas e botas, por exemplo);
  3. Hidratar a pele nas regiões afetadas para aliviar o prurido (sensação incômoda que leva a coçar);
  4. Praticar exercícios regularmente para estimular a circulação sanguínea, além de normalizar o fluxo sanguíneo e a temperatura do local acometido pela alergia.

O uso de adrenalina é feito somente em casos mais graves, quando há chance de parada cardíaca e bloqueio completo da respiração, que pode acontecer, por exemplo quando a pessoa possui alergia e fica muito tempo dentro da água gelada. A principal complicação da alergia ao frio é o choque anafilático que pode ser percebido através de sintomas como dificuldade para respirar, dor no peito, sensação de garganta fechada, inchaço na boca, língua ou rosto, perda da consciência ou desmaio.

Perniose

A alergia ao frio ocorre cerca de 5 a 10 minutos após o contato da pele a temperaturas baixas, causada pela liberação de substâncias como histamina, interleucina e leucotrienos, levando ao surgimento dos sintomas localizados na área da pele que teve contato com o frio e, geralmente, melhoram em cerca de 2 horas.

Perniose nas mãos. Fonte: Wikipedia
Perniose nas mãos. Fonte: Wikipedia

Já perniose, também conhecida como eritema pérnio, ocorre devido a uma exposição constante ou prolongada a ambientes frios, o que leva a um estreitamento dos vasos sanguíneos das extremidades, como mãos, pés, nariz ou orelhas, o que diminui a oxigenação dessas áreas e provoca inflamação dos tecidos. Ou seja, o Eritema Pérnio está mais relacionado com uma vasoconstrição (fechamento dos vasos) do que com uma alergia em si, resultando em lesões nas áreas afetadas.

Normalmente, as lesões surgem de 12 a 24 horas após exposição a ambientes frios e melhoram em 2 a 3 semanas, apresentando sintomas como inchaço, dor, prurido, sensação de queimadura e ulceração/fissura. O Eritema Pérnio geralmente melhora de forma espontânea. O tratamento é o mesmo da alergia ao frio, com o adicional de se evitar fumar ou beber café, pois contribuem para a constrição dos vasos sanguíneos e poderá agravar ainda mais o problema. Se as lesões forem muito intensas ou recorrentes, o médico provavlmente possa recomendar o uso de medicamentos anti-inflamatórios tópicos, como corticoides e calamina, e orais, como corticoides e vasodilatadores.

Exames

Quando há dor ou inflamação nas mãos, especialmente em situações de frio, o médico pode solicitar exames laboratoriais e de imagem para investigar as possíveis causas. Entre os exames de sangue, destacam-se: VHS (velocidade de hemossedimentação) e PCR (proteína C reativa), que avaliam a presença de inflamação; Fator Reumatóide e anticorpos antinucleares (FAN, ANCA, anti-SSA/SSB, entre outros), que ajudam a investigar doenças autoimunes, como a artrite reumatoide — inflamação crônica das articulações causada por ataque do próprio sistema imunológico.

Além disso, exames de imagem como a radiografia permitem identificar alterações estruturais, como estreitamento do espaço articular ou formações ósseas marginais, que sugerem artrose — desgaste progressivo da cartilagem das articulações, geralmente associado à idade ou ao uso repetitivo.

Por fim, em alguns casos também são avaliados níveis de vitaminas (como vitamina D e B12), pois deficiências podem contribuir para dores musculoesqueléticas inespecíficas ou maior sensibilidade ao frio.

Como aquecer as mão rapidamente

  • Bolsas térmicas pequenas: aquecer no micro-ondas (30-60 segundos) ou elétricas, mantêm calor por minutos;
  • Aquecedores de mão reutilizáveis: dispositivos de gel que aquecem ao serem pressionados;
  • Saches descartáveis: aquecem por reação química, duram horas no bolso;
  • Secador de cabelo: jato rápido de ar quente nas mãos frias;
  • Água morna corrente: aquecer sob torneira, rápido mas exige secagem;
  • Luvas térmicas: retêm calor e evitam perda de temperatura (alguns modelos têm aquecimento USB ou a bateria);
  • Esfregar as mãos: fricção (20-30 segundos) gera calor imediato, útil em emergências.

Fontes

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