O avanço de uma frente fria no Sul do Brasil, mesmo em um período de transição, é o principal evento que pode trazer chuva para a Bahia. O processo para essa chuva chegar até aqui é um pouco demorado, mas funciona de forma bem interessante. Como vai ser isso, Batista? Bom, pelas minhas análises, cálculos e experiência em avaliar a situação, vai ser mais ou menos assim:
Tudo começa no Sul do Brasil, onde a frente fria se forma. Ela é uma massa de ar frio e denso que se move lentamente, empurrando o ar quente e úmido que está na sua frente. Esse encontro de massas de ar é o que gera a chuva e a instabilidade, primeiro na região Sul e, em seguida, em direção ao Sudeste. Se nada ocorrer de errado neste processo, à medida que a frente fria sobe pela costa do país, ela cria um tipo de ‘corredor’ de umidade. Nesse corredor, ela consegue se conectar com a umidade que vem da Amazônia. Essa umidade, que já é um combustível essencial, se junta ao ar instável da frente fria, ganhando força e volume.
A frente fria e a umidade amazônica juntas causam fortes pancadas de chuva no Sudeste. Após isso, o sistema perde um pouco de sua força e o seu avanço diminui, mas ele não desaparece. Ele pode ‘estacionar’ por alguns dias na altura do litoral da Bahia, agindo como um canal de umidade para a região. Isso é o que dizem os modelos e animações de análises, na minha interpretação.
Apesar de ser um processo lento, essa frente fria é o que ‘anuncia’ o fim do período de seca e o início das chuvas na Bahia. As chuvas não virão de forma generalizada e não devem cobrir todo o estado de uma vez, mas sim em pancadas isoladas. Essas pancadas podem ser fortes e bem localizadas, trazendo um alívio pontual para a baixa umidade e as altas temperaturas.
Dados, arquivos, avaliação e interpretação de modelos meteorológicos por Evandro Batista.