O “reventón térmico”, também chamado de explosão de calor, é um fenômeno atmosférico associado a tempestades, caracterizado por uma súbita descida de ar frio das camadas médias ou altas da atmosfera em direção à superfície. O episódio mais recente e marcante ocorreu em Granada, na Andaluzia, em agosto de 2025. Em praias como Motril, Salobreña e Torrenueva, os termômetros saltaram para 40,1 °C em minutos, e os ventos chegaram a 86 km/h, causando pânico entre banhistas e obrigando a evacuação de cerca de 5 mil pessoas.

A explosão de calor se forma geralmente dentro de nuvens de grande desenvolvimento vertical, como os cumulonimbus, que acumulam grande quantidade de umidade e energia potencial. No interior dessas nuvens, a precipitação começa a cair, mas em determinadas condições — especialmente quando o ar abaixo está muito quente e seco — parte dessa água evapora antes de atingir o solo. Esse processo de evaporação retira calor do ar, resfriando-o e aumentando sua densidade. O ar mais denso torna-se mais pesado e desce rapidamente em direção ao solo, acelerado pela gravidade.
Durante a queda, esse ar frio atravessa camadas de ar cada vez mais quentes e secas. Ao se aproximar da superfície, ele sofre aquecimento adiabático — um aumento de temperatura causado pela compressão do ar à medida que a pressão atmosférica aumenta em altitudes mais baixas. Esse aquecimento pode ser tão intenso que, mesmo partindo frio, o ar chega ao solo muito mais quente do que o ambiente, provocando uma elevação abrupta da temperatura em questão de minutos. Ao mesmo tempo, a massa de ar descendente se espalha horizontalmente ao atingir o solo, gerando rajadas de vento extremamente fortes, que podem superar 80 km/h e, em casos extremos, ultrapassar 150 km/h.
O resultado é uma combinação perigosa de calor súbito e ventos violentos, capaz de causar danos estruturais, levantar poeira e detritos e criar riscos imediatos para pessoas em áreas abertas. Embora possa ser confundido com um tornado, o reventón térmico não envolve rotação intensa do ar, mas sim um movimento descendente e divergente. Sua ocorrência é mais comum em regiões quentes e secas durante o verão, mas pode acontecer em diferentes partes do mundo sempre que as condições atmosféricas favorecem a formação de correntes descendentes intensas associadas a tempestades.
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