Pneus e amortecedores

Os pneus são as peças do automóvel que tem contato com o solo, sendo responsáveis por controlar a direção do veículo e fazendo-o seguir para frente, fazer curvas ou mesmo parar. Tudo graças ao atrito estático com o solo – o atrito cinético, menor que o estático, aparece quando o pneu desliza sobre o solo. Isso pode acontecer durante uma chuva, e para isso que servem os sulcos dos pneus: escoar a água e impedir que o pneu perca o contato com o solo.

A pressão interna dos pneus suporta o peso do carro e amortece os solavancos durante o movimento. Com pouca pressão interna, aumenta o contato da área dos pneus com a pista, aumentando sua aderência mas consumindo mais potência do motor. O inverso ocorre quando o pneu está com pressão interna maior.

Deve-se efetuar periodicamente (a cada 15 dias ou antes de uma grande viagem) a calibragem dos pneus com a pressão correta (geralmente ela está em uma etiqueta na porta do carro) e pneus frios. Existem calibradores digitais em que basta inserir o valor da pressão (em psi, também conhecida como libra) e realizar o enchimento dos pneus. Uma dica: ao inserir o bico injetor de ar no pneu, aparece a pressão antes de enchê-lo, então dá pra saber o quanto esvaziou desde a última calibração e avaliar algum possível vazamento.

Os calibradores são uma cortesia dos postos de combustíveis, sendo que bons postos têm interesse em manter o equipamento em bom estado e regulados, marcando os valores corretamente. No entanto, não existe nenhuma obrigatoriedade em mantê-los funcionando corretamente nem uma periodicidade em sua manutenção garantida em todos os estabelecimentos. Já foi feita uma pesquisa pelo INMETRO para criar uma regulamentação da verificação do funcionamento correto dos calibradores e até mesmo um projeto de lei obrigando a manutenção dos calibradores de pressão de pneumáticos e a sua aferição periódica por órgão federal competente (PL 5405/05), mas que foi arquivado.

É uma boa ideia calibrar os pneus com nitrogênio? O ar atmosférico é composto 78% de nitrogênio, então na verdade a pergunta diz respeito a calibrar com ar 100% composto de nitrogênio. O comportamento termodinâmico (variação de pressão/densidade em função da temperatura) dos dois é muito parecida, só variando em temperaturas muito altas que os pneus comuns não atingiriam nem mesmo correndo muito nos dias mais quentes. Assim, não existem diferenças quanto ao gasto de combustível ou estabilidade do carro. A única diferença é que o oxigênio e o vapor d’água contidos no ar atmosférico (21% e até 4% de sua composição) podem causar oxidação da borracha e do ferro nas partes internas do pneu a longo prazo. No entanto, o ferro do pneu está na forma de aço, que demora muito tempo para sofrer uma corrosão significativa, e a degradação da borracha internamente é bem mais lenta do que externamente. Ou seja, a vida útil do pneu é menor do que o tempo para sentir os efeitos da água e oxigênio em seu interior.

Cada pneu possui códigos para identificar suas medidas, velocidade máxima de uso e até sua idade. Por exemplo, o código “185/65 14R 86H” indica largura da banda de rodagem de 185 mm, seção lateral com medida de 65% em relação à banda de rodagem (120,25 mm), aro 14 (diâmetro de 14 polegadas medidos pelo interior do pneu) radial (R); o número 86 indica peso máximo suportado de 530 kg e H indica a velocidade máxima que o pneu trabalha por mais de 15 minutos (no caso, é 210 km/h). Veja mais no site Pneus Fácil.

A calibragem para um pneu 185/65 14R costuma ser de 28/30 psi (dianteiro/traseiro) quando o automóvel está vazio e 30/32 psi com o carro cheio, mas a indicação do fabricante é a principal referência. Ele sabe qual é a combinação adequada entre conforto e estabilidade para as características do veículo, como, por exemplo, o peso distinto entre o eixo dianteiro (que suporta o maior peso do conjunto motor/transmissão) e o traseiro.

Também preste atenção no estado dos pneus (desgaste, rachaduras, rasgos, etc). Geralmente possuem um indicador de desgaste que mostra a hora de efetuar a troca (imagem abaixo).

Quando o tread do pneu chegar ao mesmo nível que a barra, é hora de trocar seu pneu. Foto: Pneus Fácil.
Quando o tread do pneu chegar ao mesmo nível que a barra, é hora de trocar seu pneu. Foto: Pneus Fácil.

Desgaste nos extremos do pneu indicam que a pressão interna é menor do que devia – desgaste central indica excesso de pressão nos pneus. O desgaste maior na parte interna ou externa podem indicar dois motivos: convergência das rodas para fora ou para dentro do carro (respectivamente) ou excesso de curvas muito fechadas a alta velocidade.

Ao verificar visualmente o estado físico dos pneus, é interessante também remover pedras que estejam presas aos sulcos do pneu. De modo geral, elas não causam problemas devido ao tamanho, mas podem gerar um barulho a cada giro da roda sobre o asfalto. Elas podem ser retiradas com a ponta de uma chave de fenda, devendo-se verificar se não deixaram algum dano à superfície do pneu.

Juntamente com a troca, existem os serviços de alinhamento, balanceamento e cambagem. É recomendável fazer alinhamento e balanceamento a cada 10 mil km e substituir os pneus entre 35 mil km e 45 mil km. Deve-se fazer novamente o balanceamento toda vez que for necessário desmontar ou montar um pneu em uma roda. Quando ele não é bem feito, o volante do carro puxa para algum lado e trepida em altas velocidades. A falta de alinhamento provocará o desgaste irregular dos pneus.

Alinhamento é o processo de regulagem dos ângulos da direção e suspensão do veículo, que são três: convergência/divergência, câmber e cáster. O objetivo é manter as rodas perpendiculares ao solo e paralelas entre si. Já balanceamento é o processo de compensação feito para equilibrar a distribuição de massa dos pneus e rodas do veículo, permitindo que a roda gire sem provocar vibrações nos veículos em determinadas velocidades. Existe também o rodízio, que é a troca periódica de posição dos pneus nos eixos. Isso proporciona o desgaste mais uniforme, prolongando a vida útil dos pneus e assegurando o bom comportamento do veículo. Porém, a técnica só faz sentido se os pneus rodarem por pouco tempo em cada eixo (no máximo 10 mil km). Ao contrário do balanceamento, a troca dos pneus não exige sempre a alteração da cambagem, que é a inclinação da roda do veículo em relação ao plano vertical – só será necessária se você teve um impacto forte na roda.

Guia rápido de como trocar o pneu

Você precisará de precisa de macaco e chave de roda (geralmente alojados no porta-malas ou dentro do step). Também deve levar o carro para um lugar plano e de piso firme para efetuar a troca.

  1. tirar calota e afrouxar parafusos (geralmente é preciso empurrar com o pé)
  2. acertar macaco e colocá-lo onde há uma pequena marca na barra de ferro inferior do carro logo atrás das cavidades onde ficam as rodas dianteiras, ou em frente das cavidades das rodas traseiras
  3. bombeie o macaco para levantar o pneu do chão, mantendo o carro estável
  4. desparafusar (em sentido anti-horário, conforme a regra da mão direita) e tirar a roda
  5. colocar a roda, girando para deixar os buracos para os parafusos alinhados
  6. parafusar
  7. descer o carro e tirar o macaco
  8. apertar os parafusos e recolocar a calota

Amortecimento

A suspensão é formada por molas helicoidais (ou em feixe, comum em caminhões) e um dispositivo amortecedor. Este, formado por um pistão que se move em um líquido viscoso, é responsável por absorver a energia dos impactos e oscilações do carro com o solo, dissipando a energia em forma de calor (em vez de movimento).

Juntamente com os pneus, é costume verificar os amortecedores, bandeja, buchas (de borracha) e pivô, que fazem parte do sistema de conexão das rodas com o carro. Um indício de que algo está errado com todo o sistema de amortecimento é quando algum pneu está sendo gasto de modo desigual ou quando o carro trepida e/ou balança mais do que o normal. Deve-se balançar o carro acima de cada roda e verificar se o mesmo balança somente uma vez e meia, o que indica que o amortecedor ali instalado está cumprindo bem o seu papel de amortecer uma oscilação rapidamente. Também deve-se erguer uma borracha de proteção para verificar junto à base se existe óleo junto ao cilindro, o que indica vazamento e necessidade de substituição, em conjunto com os batentes.

Outro item para se verificar é a condição das borrachas da bucha (não devem estar rachadas) e do pivô (não teve ter movimentos longitudinais, somente laterias, sem folga). Alguns fabricantes exigem a troca de todo o conjunto da bandeja (não tem como fazer separado), prevendo que nesse tempo também houve uma fadiga do metal que compõe a bandeja. Depois de tudo, deve-se fazer alinhamento dos pneus.

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