Paralimpíadas

Os Jogos Paralímpicos são o maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas com deficiência. Realizados pela primeira vez em 1960 na cidade de Roma, têm sua origem em Stoke Mandeville (Inglaterra), onde ocorreram as primeiras competições esportivas para pessoas com deficiência física, como forma de reabilitar militares feridos na Segunda Guerra Mundial. São realizados a cada quatro anos, logo após os Jogos Olímpicos de Verão (e na mesma cidade que os sediou) desde 1988.

Seu nome vem do inglês “paralympic”, que mistura o início do termo “paraplegic” e com o final de “olympics” para designar o atleta paralímpico. Em novembro de 2011, durante o lançamento da logomarca dos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio, o nome dos jogos perdeu a letra “o” e passou a ser chamado de Paralimpíadas a pedido do Comitê Paralímpico Internacional. A intenção foi igualar o nome ao uso de todos os outros países de língua portuguesa.

Veja mais da história e sobre a queda da letra “o” no nome das paraolimpíadas no Scicast #151: Mente, Corpo, Espírito.

Logo e mascotes (Vinícius e Tom) das paralimpíadas Rio 2016
Logo e mascotes dos jogos Rio 2016: Vinícius (esquerda) é mascote das Olimpíadas, enquanto que Tom é o das Paralimpíadas

São 27 modalidades que compõem o programa dos Jogos Paralímpicos. Nos Jogos Rio 2016, haverá a disputa de 23 modalidades em 11 dias de competição, com 528 provas valendo medalhas: 225 femininas, 265 masculinas e 38 mistas.

  • Atletismo: possui provas de corrida, saltos, lançamentos e arremessos para todos os tipos de deficiência (cadeira de rodas, com o uso de próteses e com o auxílio de um guia). Os dezessete tipos de evento (disputados na pista, no campo e na rua) são divididos em diversas classes, de acordo com o grau de comprometimento dos atletas. Na Rio 2016, foram: 100, 200, 400, 800, 1500 e 5000 metros rasos, revezamentos 4×100 e 4×400 metros, arremesso de peso, lançamento de disco, de dardo, de club (parece um pino de boliche) e salto em distância e altura. O aproveitamento de pistas e campo é o máximo possível: podem acontecer até quatro provas no campo concomitantemente com as pistas, salto em distância e até cerimônia de premiação.
  • Basquetebol em Cadeira de Rodas: a quadra e a altura da cesta são idênticas às do basquetebol tradicional, sendo disputado masculino e feminino.
  • Bocha: consiste em lançar bochas (bolas) e situá-las o mais perto possível de um bolim (bola pequena), previamente lançado. O adversário por sua vez, tentará situar as suas bolas mais perto ainda do bolim, ou “remover” as bolas dos seus oponentes. É disputado por atletas em cadeira de rodas com paralisia cerebral, em disputas individuais, em duplas e equipes com ambos os sexos.
  • Canoagem Velocidade: nos caiaques, rema-se sentado com um remo de duas pás, enquanto que na canoa, o canoísta apoia-se no assoalho da canoa com um joelho e usa remo de uma só pá. A canoagem velocidade, praticada com caiaques ou canoas, é uma modalidade essencialmente de competição de rapidez, praticada em rios ou lagos de águas calmas com raias demarcadas. Aberta a pessoas com deficiência física e intelectual, dividida em masculino e feminino.
  • Ciclismo de Estrada: disputado por pessoas com deficiência física e visual, o atleta pode usar bicicleta, triciclo, tandem ou handcycles conforme seu grau de comprometimento.
  • Ciclismo de Pista: disputas individuais, por homens e mulheres, e por equipes mistas.
  • Esgrima em Cadeira de Rodas: dentre as armas de competição olímpica, estão a espada, o florete e o sabre. Apesar de os atletas, em virtude da cadeira de rodas, ficarem mais afastados entre si, a baixa mobilidade do torso facilita os golpes, tornando as lutas mais rápidas que na versão tradicional. Disputas individuais e por equipes.
  • Futebol de 5: disputado por pessoas com deficiência visual (o goleiro, entretanto, pode enxergar). O jogo acontece no mesmo campo do hóquei sobre grama, e não há a regra do impedimento.
  • Futebol de 7: tem regras parecidas com as do futebol tradicional, mas ocorre num campo menor com equipes de sete jogadores, e não há a regra do impedimento. Reúne jogadores com variados graus de paralisia cerebral.
  • Goalball: cada trio tenta jogar uma bola com guizos dentro do gol adversário. Todos os jogadores ficam próximos ao seu gol, que tem a mesma largura da área de jogo. É disputado apenas por pessoas com deficiência visual, divididos em equipes masculinas e femininas.
  • Halterofilismo (levantamento de peso): versão paralímpica do levantamento de peso básico, é disputado por amputados dos membros inferiores, paraplégicos e pessoas com paralisia cerebral.
  • Hipismo: disputado em provas individuais de adestramento e por equipes. O cavaleiro deve executar uma série de movimentos num determinado período de tempo. Os jurados avaliam o competidor com notas de 0 a 10. Homens e mulheres competem juntos, de acordo com o seu perfil funcional.
  • Judô: sua técnica utiliza basicamente a força e equilíbrio do oponente contra ele. O objetivo é conseguir ganhar a luta por pontuação: Yuko (um terço de um ponto, ocorre quando o oponente cai de lado ou se conseguir imobilizar o oponente por 10 a 14 segundos), Wazari (meio ponto, é um wazari é um ippon que não foi realizado com perfeição ou se conseguir imobilizar o oponente por 15 a 19 segundos), Ippon (ponto completo, finaliza o combate quando o oponente cai com as costas no chão, ao término de um movimento perfeito, quando é finalizado por um estrangulamento ou chave de articulação, ou quando é imobilizado por 25 segundos). Das penalizações, estão o Shido (infrações leves, o primeiro é um aviso, o segundo é uma pontuação para o adversário que vale um Yuko, e o terceiro é um Wazari para o adversário) e o Hansoku-Make (violação de regras séria, resultando na desqualificação do competidor penalizado, ou também pela acumulação de quatro shidos). Competem neste esporte pessoas com deficiência visual, divididos em categorias de peso e de sexo.
  • Natação: um dos esportes mais populares dos jogos, é disputado por pessoas com deficiência física e visual classificados de acordo com sua habilidade para cada nado. Não é permitido o uso de próteses ou de qualquer equipamento que auxilie o nadador, exceto os tappers, usados para bater levemente às costas das pessoas com deficiência visual para avisá-las de que a borda da piscina está próxima. Disputado em masculinas, femininas e revezamento misto.
  • Remo: os atletas devem remar em equipes com leme fixo e de costas para o movimento do barco (diferente da canoagem). Possui um percurso pré-determinado de 2000 metros em linha reta – vence o barco que cruzar primeiro a linha de chegada. Participam das provas pessoas com deficiência física, utilizando equipamentos adaptados, em prova masculina, feminina e mistas.
  • Rugby em Cadeira de Rodas: competição envolvendo duas equipes de sete ou quinze jogadores cada, com o objetivo de levar a bola para atravessar uma linha do campo adversário e realizar o maior número de pontos numa partida de duas partes de quarenta minutos contínuos. Disputado por atletas com quadriplegia em equipes mistas.
  • Tiro com Arco: utiliza-se um arco e flechas para atingir um alvo de 10 círculos: a 70m de distância, com arco recurvo, ou a 50m, com arco composto. Disputado por paraplégicos, pessoas com paralisia cerebral e amputados, divididos em três classes funcionais. Há disputas individuais e por equipes, para atletas em pé e em cadeira de rodas, masculinas, femininas e mistas.
  • Tiro Esportivo: um teste de precisão e velocidade no manejo de uma arma de fogo em acertar um alvo. Há duas categorias, para atletas em cadeira de rodas e em pé. Um sistema de classificação funcional permite que atletas de diferentes graus de comprometimento participem da mesma prova. As disputas são individuais: masculinas, femininas e mistas.
  • Triatlo: natação, ciclismo e corrida. São provas masculinas e femininas de pessoas com deficiência física, com três classes cada.
  • Tênis de Mesa: também conhecido como ping-pong quando praticado com fins recreativos. São disputados em torneios individuais e por equipes, disputados por cadeirantes, andantes e pessoas com deficiência intelectual.
  • Tênis em Cadeira de Rodas: todas as regras são as mesmas do tênis tradicional, exceto que a bola pode tocar no chão duas vezes antes de um jogador rebatê-la. Competem neste esporte pessoas com deficiência física em pelo menos um membro inferior. Disputas em torneios masculinos, femininos e mistos – individuais e em duplas.
  • Vela: o sistema de classificação do esporte é baseado em quatro fatores: estabilidade, habilidade manual, mobilidade e visão. Aberto a atletas amputados, paraplégicos, pessoas com paralisia cerebral e deficiência visual. Homens e mulheres competem nas mesmas regatas.
  • Voleibol Sentado: atletas com deficiência física competem em equipes de seis (masculinas ou femininas), podendo compor a mesma equipe pessoas de diferentes graus de deficiência. Por ocorrer numa quadra menor que a do voleibol tradicional, é um esporte mais rápido. Como alguns atletas possuem ao menos parte dos membros inferiores, há uma regra que os obriga a manter a pélvis em contato com a quadra durante o jogo inteiro.

O Badminton fará sua estreia apenas em Tóquio 2020. Será disputado por pessoas com deficiência física e visual, seguindo praticamente as mesmas regras de sua versão convencional.

Ainda existe a dança esportiva em cadeira de rodas, que é reconhecido pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC) mas não é praticado nos Jogos. É disputada nas categorias combinado (em que apenas um dos integrantes do casal usa cadeira de rodas) e dueto (em que os dois integrantes estão em cadeira de rodas).

Brasil

O Brasil tem conseguido destaque nas últimas edições dos Jogos Paralímpicos. Começou a participar em 1976, tendo sua primeira medalha de bronze na edição seguinte. Já em 2008, pela primeira vez encerrou uma edição entre os dez primeiros no quadro de medalhas: nono lugar com 47 medalhas. Nos Jogos Paralímpicos de Londres, o Brasil teve o melhor desempenho da sua história ao terminar na sétima posição do quadro geral, com 21 ouros, 14 pratas e 8 bronzes. Alguns dos destaques paraesportivos do país são os corredores Lucas Prado, Ádria Santos e Terezinha Guilhermina e os nadadores Clodoaldo Silva e Daniel Dias (o maior medalhista brasileiro em Jogos Paralímpicos).


O vídeo acima mostra um pouco do Rio de Janeiro durante as Paralimpíadas de 2016:

  • Boulervard Olímpico (com pira olímpica)
  • Parque Olímpico da Barra (com trecho de partida de goalball)
  • Estádio Olímpico do Engenhão (entrega de medalha de ouro no lançamento de disco ao brasileiro Claudiney Batista dos Santos, provas de ciclismo de pista paraolímpico e corrida)
  • Sambódromo (provas de tiro com flecha)
  • Maracanã visto do Corcovado e do Museu Nacional (abertura e encerramento dos Jogos)
  • Lagoa Rodrigo de Freitas vista do Corcovado (provas de canoagem)

Na edição de 2016, o Brasil teve a maior delegação da história nos Jogos Paralímpicos, com 286 atletas que disputaram 22 modalidades. Foram 72 medalhas conquistadas, em 13 esportes diferentes: 14 de ouro, 29 pratas e 29 bronzes, além de 99 finais disputadas.

Categorias de deficiência

O Comitê Paraolímpico Internacional estabeleceu seis categorias de deficiência aplicáveis tanto para Jogos Paraolímpicos de Verão quanto para os de Inverno. Atletas com uma dessas deficiências físicas são capazes de competir, embora nem todos os esportes permitem todas as categoria de deficiência. O nome das provas é seguido de um código (letra + número). Por exemplo, a letra T (do inglês track) é usada para competição de pista, enquanto que F é usada para as provas de campo ou salto (do inglês field). A numeração indica o grau de deficiência do esportista:

  • Amputado (41 a 47): Atletas com uma perda parcial ou total de pelo menos um membro.
  • Paralisia cerebral (31 a 38): Atletas com danos cerebrais não-progressivos, como por exemplo paralisia cerebral, traumatismo cranioencefálico, acidente vascular cerebral ou deficiências semelhantes que afetem o controle muscular, equilíbrio ou coordenação.
  • Deficiência intelectual (20): Atletas com um prejuízo significativo no funcionamento intelectual e limitações associadas no comportamento adaptativo.
  • Cadeira de rodas (51 a 57): Atletas com lesões na medula espinhal e outras deficiências que os obrigam a competir em uma cadeira de rodas.
  • Deficientes visuais (11 a 13): Os atletas com deficiência visual, que varia de visão parcial, suficiente para ser julgado como legalmente cego, até a cegueira total.
  • Les Autres: Atletas com deficiência física que não se enquadram estritamente sob um das outras cinco categorias, tais como nanismo, esclerose múltipla ou congênitas deformidades dos membros, como a causada por talidomida (o nome para esta categoria vem do francês e significa “os outros”).

Veja mais sobre as letras e números das categorias de deficiência com seus respectivos esportes clicando no link.

Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Inverno

Os Jogos Olímpicos de Inverno também são realizados a cada quatro anos, mas ocorrem nos anos pares alternados aos dos Jogos Olímpicos de Verão (comumente chamados apenas de Jogos Olímpicos). Eles reúnem modalidades de esportes de inverno disputadas no gelo e na neve. No princípio, os Jogos de Verão e de Inverno eram atribuídos a um mesmo país para serem realizados no mesmo ano. Foi assim até a quarta edição, na Alemanha, em 1936. Depois de duas edições canceladas por causa da Segunda Guerra Mundial, os Jogos passaram a ser realizados por países diferentes, mas continuaram a acontecer no mesmo ano. Em 1986, o COI decidiu intercalar os Jogos de Verão e de Inverno, realizados sempre nos anos pares.

As Paraolimpíadas de Inverno começaram em 1976 em Örnsköldsvik, Suécia. As modalidades disputadas até a edição de 2014 são:

  • Esqui alpino: consiste em percorrer um percurso descendente em velocidade, com passagens obrigatórias e entre estacas plantadas na neve (chamadas “portas”), com o objetivo de completar o percurso no menor tempo possível. Um sistema de cálculos corrige o tempo de cada participante para permitir que atletas com graus diferenciados de comprometimento possam participar da mesma prova na mesma prova. Disputado por amputados, paraplégicos, pessoas com paralisia cerebral e pessoas com deficiência visual, agrupados em três categorias.
  • Esqui cross-country: uma maratona de esqui, com subidas, descidas e trechos planos, em trajetos que variam de 2,5 a 20 quilômetros de extensão. Alguns atletas competem usando um “sit-ski”, uma cadeira apoiada em um par de esquis. Disputado por pessoas com deficiência física e visual.
  • Biatlo: reúne a resistência física do esqui cross-country e a precisão do tiro. É disputado por pessoas com deficiência física e visual, agrupados em três categorias.
  • Hóquei sobre trenó: versão paralímpica do hóquei no gelo, é disputado apenas por pessoas com deficiência nos membros inferiores.
  • Para-snowboarding: tal como o skate e o surfe, consiste em equilibrar-se sobre uma prancha, só que nas encostas de montanhas com neve. É disputado por pessoas com deficiência física, e compreende duas categorias.
  • Curling em cadeira de rodas: praticado em uma pista de gelo cujo objetivo é lançar pedras de granito o mais próximo possível de um alvo, utilizando para isso a ajuda de varredores. As pedras são levemente giradas no ato do lançamento, descrevendo uma parábola em sua trajetória – daí o nome “curl”. É um esporte misto e possui apenas uma diferença na versão paralímpica em relação ao curling tradicional: não há varrição. Aberto a pessoas com deficiência física com comprometimento nos membros inferiores que necessitam de cadeira de rodas para se locomover normalmente.

Jogos Parapan-Americanos

Os Jogos Pan-Americanos funcionam como uma versão dos Jogos Olímpicos modernos nos quais participam apenas os países do continente americano. Após a Olimpíada de 1932, inspirados pela realização dos Jogos Centro-Americanos e do Caribe, alguns membros latino-americanos do Comitê Olímpico Internacional propuseram uma espécie de “competição regional” entre as Américas, com o intuito de desenvolver o esporte na região.

A primeira edição aconteceu em 1951 com a participação de 2 513 atletas advindos de 21 países, que disputaram provas em dezoito esportes. Acontecem a cada quatro anos, tradicionalmente seguindo um rodízio entre as três regiões do continente: América do Sul, Central e do Norte. Existem outras competições continentais, como os Jogos Asiáticos e os Jogos Pan-Africanos. Os Jogos Pan-Americanos de Inverno tiveram sua primeira edição em Las Leñas, Argentina, em 1990 e a segunda, marcada para Santiago do Chile jamais ocorreu.

Os Jogos Parapan-Americanos atualmente acontecem nos mesmos moldes dos Paralímpicos. Com sua primeira edição formal em 1999, nos jogos de Cidade do México, tiveram a participação de 1.200 atletas de 20 países, que competiram em 4 esportes: atletismo, natação, basquete e tênis de mesa. Os Jogos Parapan-Americanos de 2007 foram realizados pela primeira vez na mesma cidade dos Jogos Pan-Americanos, o Rio de Janeiro.

No Parapan, o Brasil lidera com folga o quadro geral de medalhas, o mesmo acontecendo nas edições no Rio (2007), no México (2011) e no Canadá (2015).

Fontes

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