Chile

A República do Chile ocupa uma longa e estreita faixa costeira encravada entre a cordilheira dos Andes e o oceano Pacífico, na América do Sul. Seu território também abrange a Ilha de Páscoa, localizada na Polinésia, e uma reivindicação de 1 250 000 quilômetros quadrados de território na Antártida. Possui ao norte o deserto mais seco do mundo (o Atacama) rico em cobre e nitratos, e ao sul regiões com geleiras, fiordes e lagos.

Cordilheira dos Andes vista do avião (região propícia a turbulência). Foto: Vitor Carvalho Pinto.
Cordilheira dos Andes vista do avião (região propícia a turbulência). Foto: Vitor Carvalho Pinto.

O norte do Chile estava sob o domínio Inca, enquanto os índios mapuches (ou araucanos) habitavam o centro e o sul do território. O Império Inca foi a última entidade política soberana que emergiu das civilizações andinas antes da conquista pelos espanhóis, constituindo-se de uma colcha de retalhos de línguas, culturas e povos. Por exemplo, ao longo do século 15, uma série de conflitos fez com que o nascente Império Inca subjugasse os chachapoyas (ou “povo das nuvens”). Já os mapuches conseguiram resistir com êxito aos conquistadores espanhóis, resultando no reconhecimento de sua autonomia em 1641 por meio do Tratado de Quilín. Após a independência de Chile e Argentina, estes territórios foram invadidos por destacamentos militares republicanos, sendo a população Mapuche confinada em “reduções” Chile e reservas Argentina indígenas.

Os primeiros europeus a chegarem na terra que é hoje o Chile pertenceram ao grupo liderado por Fernão de Magalhães no ano 1520, onde fica atualmente a cidade de Punta Arenas na Patagônia. O movimento de independência do Chile entre os anos de 1817 e 1818, liderado por Bernardo O’Higgins, libertou o país da histórica dominação espanhola. As oligarquias conservadoras assumiram o controle político do país, preservando portanto os privilégios da elite criolla. Em 11 de setembro de 1973, o presidente democraticamente eleito em 1970, Allende sofreu um golpe de estado e o general Augusto Pinochet assumiu o governo, instaurando uma ditadura que iria perdurar por dezessete anos.

Santiago

No ano 1540, Pedro de Valdivia liderou a expedição que fundaria finalmente a cidade de Santiago, atual capital do Chile. Está localizada no vale central chileno, ao lado da Cordilheira dos Andes. Santiago começou a se transformar em uma cidade moderna a partir da década de 1930, com a construção do Bairro Cívico, em torno do Palácio de La Moneda, atual sede do governo.

A Plaza de Armas, considerada o marco zero de Santiago, é bem grande, arborizada, com algumas estátuas e monumentos e rodeada por diversas construções históricas, como a Catedral, o prédio dos Correios e o Museu Histórico Nacional. O contraste entre esses prédios antigos e os edifícios modernos envidraçados é um dos principais cartões postais da cidade.

Vista de Santiago a partir do Cerro Santa Lucia, no detalhe (ao fundo, Cordilheira dos Andes). Foto: Vitor Carvalho Pinto.
Vista de Santiago a partir do Cerro Santa Lucia, no detalhe (ao fundo, Cordilheira dos Andes). Foto: Vitor Carvalho Pinto.

O Cerro Santa Lucia (morro localizado na região central da cidade) apresenta vista panorâmica da cidade, acessível por rampas e escadas. Há algumas paradas para descansar, como na Terraza Neptuno, uma grande fonte de água inspirada na Fontana di Trevi, de Roma. Lá também encontra-se o castelo Castillo Hidalgo, uma antiga fortaleza espanhola que foi transformada em local de eventos, patrimônio e monumento nacional datado de 1826.

Veja mais no post Roteiro de 3 dias em Santiago do Chile.

Vinã del Mar e Valparaíso

Valparaíso é a capital de sua região e dista 117 km de Santiago. É uma cidade portuária e seu centro histórico . Possui diversos morros (chamados cerros) de onde se avista o mar (miradores). Existem 15 elevadores, ou ascensores, espalhados pela cidade. O Ascensor Artilleria, um elevador que faz a ligação entre a Plaza Wellright, na estação baixa, e o Paseo 21 de Mayo (principal mirante da cidade), na estação alta. Inaugurado em 1893, ele percorre uma distância de 175 metros, numa inclinação de 30 graus, atingindo 80 metros de altura. São dois vagões, cada um com capacidade para 25 pessoas, que se revezam no trajeto. Junto ao Paseo está também o Museo Naval y Maritimo, com vitrais, painéis e obras de grande beleza e valor histórico – tem inclusive a cápsula utilizada no resgate dos mineiros em 2011. Veja mais atrações e fotos no post Um Passeio em Valparaíso – Chile.

Vizinha a Valparaíso e ligada por metrô (conhecido como MERVAL) está Viña del Mar. Dentre os cartões postais estão o Relógio de Flores (um grande jardim bem na entrada da cidade) e as praias, algumas com morros bem em frente, exigindo um esforço de arquitetura das construções à beira mar. A Playa Reñaca possui prédios em formato de degraus. O Castello Wullf (Castilo Wullf) foi construído por um comerciante alemão em 1906, com traços influenciados pelo estilo francês e alemão, e a torre foi acrescentada em 1920. Em seu interior, há uma parte cujo piso é de vidro, permitindo visualizar a água do mar batendo nas rochas. Saindo do castelo e atravessando a Ponte Casino, está o Casino de Viña del Mar, o mais antigo do Chile, inaugurado em 1930.

O Museu Fonck (Museo Fonck) fica a cerca de 1,5km do Parque Quinta Vergara e abriga uma interessante coleção de objetos arqueológicos de povos que habitaram todas as regiões do Chile – o destaque fica para a exposição da cultura rapanui, com objetos trazidos da Ilha de Páscoa, incluindo um exemplar do grande moai na parte externa do museu. Veja mais atrações e fotos no post Uma tarde em Viña del Mar – Chile.

Cordilheira dos Andes

Essa vasta cadeia montanhosa é formada por um sistema contínuo de montanhas com oito mil quilômetros de extensão ao longo da costa ocidental da América do Sul, da Venezuela até a Patagônia. Sua altitude média gira em torno de 4000 m e seu ponto culminante é o monte Aconcágua (na Argentina), com 6 962 m de altitude.

Estrada na Cordilheira dos Andes (de Santiago para Mendoza, Argentina). Foto: Vitor Carvalho Pinto.
Estrada na Cordilheira dos Andes (de Santiago para Mendoza, Argentina). Foto: Vitor Carvalho Pinto.

A cordilheira surgiu em resultado de um choque ocorrido entre duas placas tectônicas: há milhões de anos, a placa de Nazca moveu-se em direção à placa sul-americana. A menos de uma hora de automóvel de Santiago, no Chile estão localizadas várias e famosas estâncias de esqui, tais como Valle Nevado, El Colorado, Farellones e La Parva.

Deserto do Atacama

Com cerca de 1000 km de extensão, é considerado deserto mais alto e mais árido do mundo. A umidade do oceano não consegue atravessar as montanhas, não gerando chuvas. A região foi primeiramente habitada pelos atacamenhos, povo da região juntamente com a civilização dos nativos aymaras. Possui interessantes artefatos arqueológicos e históricos, além de salinas, gêiseres, vulcões, lagoas coloridas, vales verdejantes e cânions de água cristalina. Também há múmias com mais de 1000 anos deixadas pelos Chinchorros (antigos habitantes da área).

Valle de La Luna, deserto do Atacama.
Valle de La Luna, deserto do Atacama. Fonte: explore-atacama.com

Uma de suas atrações turísticas é o Valle de la Luna, uma pequena depressão de 500 metros com solo salino e rodeado por morros com formações exóticas lembrando o solo lunar. Com cerca de 2 km de extensão, o Valle de la Muerte fica no caminho para o Vale da Lua, próximo à cidade de San Pedro de Atacama, a 4 km do centro. El Tátio possui gêiseres, a 4.300 metros de altitude aos pés do vulcão Tatio. Veja essa e outras atrações nesse Guia para passeios no Atacama.

La Serena

Fica entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, com águas que atingem 15°C mesmo no verão, devido à corrente marítima de Humboldt. Possui um interessante Museo Arqueológico, famoso por sua coleção de cerâmica diaguita (peças de barro pré-colombianas que datam de 1000 a 1536), petroglifos e geoglifos encontrados em diversas localidades do norte chileno, assim como uma múmia do Atacama, cabeças reduzidas (tsantsans) e um grande moai, da Ilha de Páscoa.

Moai do Museo Arqueológico (La Serena). Foto: ViniRoger.
Moai do Museo Arqueológico (La Serena). Foto: ViniRoger.

A Ilha de Páscoa foi inicialmente ocupada entre os anos de 300-400 d.C. por povos vindos da Polinésia. Os moais são mais de 887 estátuas esculpidas a partir das pedras do vulcão Rano Raraku, dispostas em diversos santuários que tinham em média 5 estátuas. Construídos por volta de 1200 d.C. a 1500 d.C. pelo povo Rapanui, o maior deles, Paro, tem 23 metros e está inacabado. Em 1722, o explorador neerlandês Jacob Roggeveen atravessou o Pacífico partindo do Chile em três grandes navios europeus, e após dezessete dias de viagem desembarcou na ilha num domingo de Páscoa, daí o seu nome, que permanece até hoje.

Iglesia Santo Domingo (La Serena). Foto: ViniRoger.
Iglesia Santo Domingo (La Serena). Foto: ViniRoger.

Além do museu arqueológico, o centro histórico conta com algumas igrejas de pedra e outros museus e prédios públicos de arquitetura interessante e bem conservados, como o mercado La Recova, recomendado para quem quer comprar artesanato, lembrancinhas e comidas típicas. Seguindo pela avenida Francisco de Aguirre (um verdadeiro museu de arte, com esculturas ao ar livre e calçadão no centro), ela cruza a rodovia Panamericana (uma rede de estradas que se estende de norte a sul no continente americano totalizando cerca de 48000 km) e em sua outra ponta está o “Faro Monumental” (farol símbolo da cidade) e a praia de mesmo nome.

Faro Monumental (La Serena), já sofrendo os efeitos da maré - em frente existe um alerta que soa para ameaça de Tsunami (em destaques). Fotos: ViniRoger.
Faro Monumental (La Serena), já sofrendo os efeitos da maré – em frente existe um alerta que soa para ameaça de Tsunami (em destaque). Fotos: ViniRoger.

Outra atração turística da região são os observatórios astronômicos, que possui uma média de 300 noites sem nuvens por ano. No deserto do Atacama há mais de uma dezena de observatórios astronômicos – como o Very Large Telescope (VLT), o mais avançado e poderoso complexo astronômico do mundo, o Atacama Large Millimeter Array (ALMA), o maior projeto astronômico do planeta, o Southern Astrophysical Research Telescope (SOAR), entre outros.

A maioria tem escritório em La Serena ou em Vicuña, cidade vizinha de vale produtora de uva, vinho e pisco (um aguardente obtido da uva), mas os observatórios em si ficam longe da cidade para fugir da luz e ganhar mais altitude na cordilheira, diminuindo os efeitos da turbulência atmosférica na observação. Como a observação é à noite, recomenda-se ir de carro ou dormir no local – o último ônibus que sai de Vicuña para La Serena geralmente é quando está começando a anoitecer. É necessário agendar com antecipação uma visita (as vezes, com um mês de antecedência). O observatório Cerro Mamalluca fica em Vicuña e seu escritório fica ao lado de uma torre que se assemelha a um farol, sendo voltado ao turismo. Veja uma lista dos observatórios e os sites para contato:

O país também possui doze estações científicas de pesquisa – quatro bases permanentes e oito com caráter temporário (operacionais apenas no verão) – e sete abrigos na Antártica.

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